Ana Zengo, Administradora não executiva da Soanorte - «Queremos ser catalisadores de desenvolvimento rural[…]»

Ana Zengo, Administradora não executiva da Soanorte - «Queremos ser catalisadores de desenvolvimento rural[…]»

No ano em que Angola celebra 50 anos de independência, a Soanorte afirma-se como um dos grandes motores da modernização agrícola nacional, unindo tecnologia, sustentabilidade e impacto social num modelo de produção que cuida da terra e das pessoas. A Villas&Golfe Angola conversou com a administradora não executiva Ana Zengo sobre os valores que orientam esta atuação e os objetivos para o futuro próximo.

«Cuidar da terra e cuidar das pessoas» é o lema da Soanorte. Como se traduz este princípio na prática diária da empresa?
O lema «Cuidar da terra e cuidar das pessoas» orienta toda a nossa actuação. Cuidar da terra significa adoptar métodos sustentáveis: rotação de culturas, conservação do solo, uso responsável da água e recuperação de áreas degradadas. Já cuidar das pessoas é investir na formação dos nossos quadros, em condições dignas de trabalho e em acções sociais com impacto directo nas comunidades vizinhas, como acesso à água potável, saúde comunitária e programas de alfabetização rural.

A Soanorte nasceu em 2012. Como descreve a evolução da empresa nestes mais de dez anos?
A Soanorte nasceu em 2012, mas a nossa relação com a terra é orgulhosamente um legado de gerações! Iniciámos com a recuperação de terras e infraestruturas, mecanização integral e formação técnica. Hoje contamos com unidades produtivas modernas nas Fazendas Barragem do Manso, Monte Negro e Explanada do Norte, que se tornaram laboratórios de inovação agrícola. De um projecto embrionário, crescemos para referência nacional, com milhares de hectares cultivados, capacidade de armazenamento de 23 mil toneladas e presença consolidada em três províncias.

Angola comemora meio século de independência. Qual tem sido a contribuição da Soanorte para a diversificação económica e para a segurança alimentar do país?
Contribuímos para a modernização do agronegócio, mecanizando a produção, integrando grãos, hortícolas, pecuária e suinocultura, e criando cadeias produtivas sustentáveis. Ao mesmo tempo, apoiamos pequenos agricultores com formação e insumos, fomentando inclusão. Assim ajudamos o país a caminhar para a autossuficiência alimentar e para a redução das importações.

«O lema “Cuidar da terra e cuidar das pessoas” orienta toda a nossa actuação.»

Quais são hoje os segmentos estratégicos da Soanorte?
Apostamos sobretudo nos grãos e sementes, pilares da segurança alimentar. Mas também reforçamos a pecuária, avicultura e suinocultura, que respondem à procura crescente de proteína animal. A integração produtiva permite aproveitar sinergias e reduzir desperdícios, consolidando um modelo de economia circular.

Qual é a visão de futuro da Soanorte para os próximos anos?
Nos próximos cinco a dez anos queremos expandir áreas produtivas, modernizar infraestruturas, apostar em energias renováveis e reforçar parcerias nacionais e internacionais. O nosso objectivo é integrar produção, transformação e distribuição, evoluindo de produtora agrícola para referência de agronegócio sustentável em Angola.

A Soanorte tem hoje operações relevantes em Negage e Camabatela. O que representam essas unidades no plano nacional?
Representam o avanço para o norte profundo, uma região com grande potencial agrícola. Em Negage já temos 6.000 hectares cultivados, capacidade de armazenagem de 23 mil toneladas e um centro moderno de suinicultura. Produzimos 720 toneladas de carne suína por ano, com meta de chegar a 1.800 toneladas, contribuindo diretamente para a redução do défice nacional de proteína animal. Treze anos depois, orgulhamo-nos de estar entre os quatro maiores produtores de grãos de Angola.

Quais são as perspectivas de crescimento e novos projectos em curso?
Estamos a expandir no Kwanza Norte, Malange e Uíge, e a estudar a integração de trigo e arroz. Avaliamos também a criação de um Centro de Formação Rural para capacitar jovens agricultores. Queremos ser catalisadores de desenvolvimento rural, promovendo emprego, tecnologia e orgulho na terra angolana.

A Soanorte olha além do agronegócio e fala em turismo rural. Como encara esse desafio?
As nossas propriedades têm paisagens únicas que permitem desenvolver projectos de agroturismo e educação ambiental. Queremos transformar parte das fazendas em espaços de convivência com a natureza, onde se aprende, partilha e valoriza o orgulho rural angolano. Assim diversificamos rendimentos, criamos emprego e aproximamos a agricultura das pessoas.

«Nos próximos cinco a dez anos queremos expandir áreas produtivas, modernizar infraestruturas, apostar em energias renováveis e reforçar parcerias nacionais e internacionais.»

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