Angola Avante! Um só povo, uma só nação.

Angola Avante! Um só povo, uma só nação.

Ó pátria, nunca mais esqueceremos
Os heróis do 4 de Fevereiro.
Ó pátria, nós saudamos os teus filhos
Tombados pela nossa Independência.

Aos primeiros acordes, logo se juntam vozes em uníssono, numa manifestação de pertença a uma nação orgulhosa. Na haste, a bandeira vermelha, negra e dourada esvoaça, enchendo os corações de um sentimento de pertença sem igual. Há 50 anos, pouco antes da declaração solene de Independência, construíam-se em Angola os símbolos intemporais de um povo que há muito ansiava pela sua liberdade. Com um sentimento de missão que se mesclava com um orgulho imenso, Ruy Mingas teve o seu nome inscrito nesse pequeno grande momento da história de Angola. O músico, falecido em 2024, compôs os acordes da música que identifica o país além-fronteiras, como uma nação una e solidificada por um imenso sonho comum, o sonho que soltou um povo das amarras de um império colonial obsoleto.   

Na noite de 9 de Novembro de 1975, Ruy Mingas encontrava-se em casa, juntamente com o irmão, a jogar uma partida de xadrez. A noite começara calma para o músico, não obstante o ambiente em Angola dar já sinais claros que anteviam a inevitabilidade do que viria a acontecer dois dias depois. Ainda assim, enquanto movimentava os peões no tabuleiro de xadrez, Ruy Mingas não sabia ainda estar prestes a ser convidado a erigir algo que o conectaria, para sempre, à história da Independência angolana. O jogo de tabuleiro foi subitamente interrompido por um enviado de Manuel Rui Monteiro, então ministro da Informação, que lhe bate à porta e o informa que o Bureau Político do MPLA tinha dado indicações para que ambos – ele e Manuel Rui – compusessem letra e ritmo de uma música que se tornasse símbolo da identidade comum angolana. 


Já na casa do ministro, que era praticamente um vizinho, o músico começou por compor os ritmos da música, noite fora, enquanto Manuel Rui se debruçava sobre os versos. No quarto ao lado, alguns companheiros, incluindo o irmão Sandy Mingas, tratavam das questões relativas à bandeira nacional. Enquanto se erigiam esforços no sentido de garantir que a declaração solene de Independência seria feita a breve trecho, naquela casa construíam-se os alicerces simbólicos que sustentariam a credibilidade e que unificariam um país ansioso por alterar o mapa político de África. Naquela noite criava-se o Angola Avante!, em representação da liberdade de um povo pronto para seguir o seu rumo. 


Em 1975, Ruy Mingas contava 36 anos de uma vida já cheia de peripécias. Antes da Independência do país que sempre considerou seu, Ruy Mingas fora para Portugal ainda muito jovem, onde estudou Desporto e Educação Física. O percurso em terras lusas seguiu por entre altos e baixos: fez tropa no Exército Colonial, uma inevitabilidade para os jovens saudáveis que viviam sob a égide do regime de Salazar, foi preso político e casou-se com a mãe dos seus quatro filhos, todos nascidos em Portugal, país onde viveu 17 anos. Ali fez amizades com portugueses, angolanos e cidadãos de outros países, mas nunca se sentiu ‘cidadão português’. Bem pelo contrário, Ruy Mingas aspirava por uma Angola independente e eram demasiado fortes os laços que o ligavam a esta sua, nossa terra, que se veio a transformar na República de Angola. Era um desejo ávido, que fervilhava por entre a juventude angolana de então, o desejo de ter uma bandeira e um Hino, símbolos que destrinçassem um cidadão angolano em qualquer parte do mundo. Naquele dia, véspera do 11 de Novembro, foi gravada uma cassete com o Hino Nacional que seguiu caminho rumo à Rádio Nacional de Angola, onde um grupo coral feminino aguardava para fazer os ensaios e, assim, imortalizar uma canção que, daí em diante, iria contribuir para cimentar Angola no plano internacional e dar ao seu povo um símbolo de união nacional. Naquela noite, nasceram os símbolos de uma nova nação. Naquela noite, nasceram os alicerces de uma Angola independente e livre. 


Angola, 
Revolução!!
Pelo poder popular
Pátria unida, liberdade,
Um só povo, uma só Nação

Hino de Angola:
O Pátria, nunca mais esqueceremos
Os heróis do quatro de Fevereiro.
O Pátria, nós saudamos os teus filhos
Tombados pela nossa Independência.
Honramos o passado e a nossa História,
Construindo no Trabalho o Homem novo,
(repete as duas últimas linhas)
Angola, avante!
Revolução, pelo Poder Popular!
Pátria Unida, Liberdade,
Um só povo, uma só Nação!
(repete estrofe)
Levantemos nossas vozes libertadas
Para gloriados povos africanos.
Marchemos, combatentes angolanos,
Solidários com os povos oprimidos.
Orgulhosos lutaremos Pela Paz
Com as forças progressistas do mundo.
(repete as duas últimas linhas)

 

O Angola Avante! representa a liberdade de um povo pronto para seguir o seu rumo

Voltar para o blogue