Casa de Sá - O segredo do Futungo
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À porta fechada, a Casa de Sá tornou-se um refúgio onde Portugal e Angola se encontram à mesa. Joaquim Dias ergueu mais do que um restaurante: construiu um destino de autenticidade, memória e confiança.

Celebrar meio século de independência é também revisitar histórias que se confundem com a do país. A de Joaquim Dias é uma delas. Ficou, resistiu às tempestades e fez de Angola o seu destino. «Ser empresário aqui é um acto de fé, mas também de amor», resume. O que o prende é o povo, a alegria de acreditar no amanhã.
A gastronomia e o turismo mudaram ao longo destas cinco décadas. Hoje fala-se de hotelaria de charme, de cozinhas de autor, de destinos com ambição internacional. Ainda há caminho, sobretudo na consistência, mas nota-se a vontade de colocar Angola no mapa.
Fora da azáfama de Luanda, o Futungo é desafio e oportunidade. A logística pesa, mas o ambiente compensa. Exclusivo, reservado, íntimo: assim é o restaurante, uma casa de portas fechadas onde só entra quem marca. Esse filtro cria uma experiência rara, que os clientes guardam como privilégio.

O leitão tornou-se símbolo da Casa de Sá. Assado em forno próprio, com rigor e respeito pela tradição, é preparado como se estivesse na Bairrada. Mas o restaurante não vive apenas desse ícone. O bacalhau, o cabrito assado e o arroz de marisco completam a identidade. Pratos que evocam memórias e aproximam culturas.
O leitão tornou-se símbolo da Casa de Sá.
Nos produtos, há equilíbrio. Portugal fornece alguns; outros já se encontram em Angola, fruto de um agronegócio em expansão. Joaquim Dias acredita que o país poderá garantir maior soberania alimentar. «É um caminho que acompanho com esperança.»
O maior orgulho é a equipa: maioritariamente angolana, formada em casa. O serviço é reflexo dessa aprendizagem. É isso que sustenta a confiança dos clientes: saber que cada visita será memorável, da escolha do produto ao último gesto de hospitalidade.
Investir em restauração de qualidade exige esforço. Custos, importações, incertezas económicas fazem parte do dia-a-dia. Mas a paixão fala mais alto. «Vale sempre a pena quando vemos os clientes regressar, quando percebemos que criámos algo que faz parte das suas vidas».
O maior orgulho é a equipa: maioritariamente angolana, formada em casa.
Nos últimos anos, a aposta também se fez nos vinhos. A selecção é cuidada, mas há regiões ainda por explorar, como Trás-os-Montes, que merecem entrar na carta. «Queremos vinhos que surpreendam, à altura da experiência gastronómica que oferecemos.»

E a missão da Casa de Sá? Joaquim Dias resume-a: «Um lugar de encontro e de memória. Uma ponte entre dois mundos que se tocam à mesa. Um tributo a Portugal, uma celebração de Angola e um gesto de confiança no futuro.»
Assim é a Casa de Sá: mais do que um restaurante, um refúgio onde tradição portuguesa e identidade angolana se unem para brindar a cinquenta anos de independência.
[…] mais do que um restaurante, um refúgio onde tradição portuguesa e identidade angolana se unem para brindar a cinquenta anos de independência.