MERCADO DE RUA -  Festival de Cores e Sabores a Caminho do Waku-Kungo

MERCADO DE RUA - Festival de Cores e Sabores a Caminho do Waku-Kungo

É nos mercados de rua, como este entre Quibala e o Waku-Kungo, que se consegue provar o verdadeiro sabor dos frutos e legumes angolanos. É um festival de cores, sabores e aromas que vale a pena conhecer nem que seja apenas para conversar com as crianças e adultos que todos os dias se fazem à estrada para vender os produtos mais frescos e naturais que se poderão alguma vez encontrar. Se a alma angolana se pudesse dividir em fragmentos estes mercados de rua seriam um deles. Um dos mais importantes.

Mandioca, cana-de-açúcar, milho e ginguba, banana e batata doce, repolho, alho e cebola, abacate, abacaxi, feijão e sisal. Neste mercado de rua a caminho do Waku-Kungo e perto da Quibala não faltam estes e muitos outros frutos, que vão colorindo a estrada e enchendo-a de vida. Não é por acaso que a Quibala, potencialmente agrícola, é considerada um dos celeiros da província do Kwanza Sul, fornecendo produtos para os mercados de Amboim (Gabela) e de Luanda. Na verdade, toda aquela região tem lugares completamente indicados para a agricultura. A cidade do Waku-Kungo, por exemplo, foi escolhida para a implementação de um programa de produção de leite, que visa estimular o desenvolvimento de pequenas e médias empresas. Para além do leite, está também prevista a produção de cereais e leguminosas em grande escala, como o milho e o feijão, numa produção que deverá ocupar alguns milhares de hectares. 
Nada que belisque, sequer, estas pessoas que, com um sorriso nos lábios e os filhos pelas mãos e às costas, se fazem todos os dias à estrada para venderem frutos e legumes cheios de cor. 

Percorrer este mercado, como acontece com muitas outras feiras de rua em Angola, é uma autêntica festa. Para além do festival de aromas e cores, a cada passo há um motivo de paragem, seja porque há um fruto que reclama um olhar mais atento, seja porque uma criança faz uma acrobacia, ou seja porque simplesmente os sentidos exigem que se páre e observe tudo com atenção. Habitualmente, numa destas inúmeras paragens, há sempre tempo para dois dedos de conversa com uma das vendedoras, cada uma capaz de explicar os benefícios do consumo de cada um daqueles frutos ou legumes. É uma sabedoria ancestral que foi passando de geração e geração e que quase soa fácil nos lábios daquelas pessoas. 

Chegar com os frutos que se compram neste mercado de rua intactos a casa é que se revela tarefa complicada. O mais natural é que lhe apeteça provar, logo ali, meia dúzia deles, trazidos pelas mãos dos miúdos que os vão vendendo, lado a lado, com as mulheres e os homens mais velhos. O sabor parcer-lhe-á mais intenso e é provável que mais nenhum fruto ou legume comprado num supermecado convencional lhe agrade. Porque estes são produtos colhidos directamente da terra, no tempo certo, sem pressas. Como acontece, de resto, com as horas que vão atravessando, dia após dia, a vida neste mercado a caminho do Waku-Kungo, sem nome, mas cheio de alma.


O MAIS NATURAL E QUE LHE APETEÇA PROVAR, LOGO ALI, MEIA DÚZIA DELES, TRAZIDOS PELAS MÃOS DOS MIÚDOS QUE OS VÃO VENDENDO, LADO A LADO, COM AS MULHERES E OS HOMENS MAIS VELHOS.

Texto: Andreia Barros Ferreira
Fotografia: Manuel Teixeira

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