
SOANORTE - A Alma da Terra
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Num mundo em que a segurança alimentar se tornou uma das maiores prioridades globais, há histórias que merecem ser contadas com profundidade e alma. A SOANORTE, com raízes profundas no solo angolano e um legado que atravessa gerações, é uma dessas histórias. A sua missão vai muito além da produção agrícola: é sobre cuidar da terra e das pessoas, construir soberania alimentar e inspirar um novo paradigma para o agronegócio em Angola.
O bem-estar humano começa na terra. A saúde das populações está intimamente ligada à disponibilidade de alimentos em quantidade e, sobretudo, em qualidade. Entre estes, as proteínas vegetais desempenham um papel fundamental, não apenas no consumo humano directo, mas também como base essencial para a alimentação de animais de criação. Cerca de 70% da proteína ingerida por estes animais provém de grãos vegetais, o que demonstra a importância estratégica da produção agrícola.
Num mundo assolado pelas alterações climáticas e pela instabilidade geopolítica, a segurança alimentar transformou-se numa urgência global. E, neste contexto, cuidar da terra significa assegurar a continuidade da vida.
A realidade africana reflecte, de forma acentuada, esta vulnerabilidade. O continente tornou-se importador líquido de alimentos, agravando a sua dependência externa num cenário de rápido crescimento populacional. Angola, por exemplo, deverá duplicar a sua população até 2050. Este quadro impõe riscos à soberania nacional e evidencia a necessidade de produzir internamente os recursos alimentares essenciais. A valorização do solo, a gestão responsável dos recursos naturais e o investimento no potencial agrário tornaram-se medidas estratégicas de sobrevivência e prosperidade.
Foi neste espírito que nasceu a SOANORTE, com o lema «Cuidar da terra e cuidar das pessoas». Este princípio norteia a missão da empresa: produzir de forma sustentável, respeitando os limites dos ecossistemas e promovendo, simultaneamente, a saúde das populações. Através de práticas agrícolas modernas, eficientes e ambientalmente conscientes, a SOANORTE alinha-se com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, em particular o ODS 2 (erradicação da fome), o ODS 3 (saúde e bem-estar) e o ODS 15 (vida terrestre).
Mas a história da SOANORTE começou muito antes da sua formalização enquanto empresa. Ela é, antes de mais, a continuação do legado de uma família ligada à terra há quatro gerações. Nas décadas de 1960 e 1970, figuras como Paulo dos Santos, Alfredo Panzo, Santos Vanduem, entre outros, destacaram-se como pilares do associativismo rural no então «Congo Português». Eram líderes agrícolas com ligação directa ao governo português em Lisboa, influentes nas regiões cafeeiras de Carmona e no planalto de Camabatela, Ambaca. O seu trabalho representava não apenas produção, mas uma forma de vida, uma cultura e um compromisso com a terra.
Com o advento da democracia nos anos 1990 e a conquista da paz em 2002, uma nova geração da família, formada no estrangeiro, regressou a Angola decidida a recuperar esse património. O primeiro passo foi a reorganização de pequenas unidades agroindustriais. Em 2012, nasce oficialmente a SOANORTE, com uma visão empresarial e comercial clara, apostada em diversificar culturas, apostar na madeira como recurso estratégico e consolidar um modelo de produção moderno, sustentável e competitivo.
A principal aposta da SOANORTE é a produção de grãos. Começou com apenas 200 hectares de milho em 2011, num ambiente extremamente hostil à agricultura comercial. A ausência de fertilizantes, defensivos, tecnologia e financiamento tornava a aposta agrícola quase suicida. Ainda assim, a paixão falou mais alto. Recrutaram-se técnicos expatriados, formaram-se quadros locais e iniciou-se um percurso de aprendizagem contínua.
A principal aposta da SOANORTE é a produção de grãos.
Mais do que uma produtora de alimentos, a SOANORTE assume-se como agente de transformação social e económica.
Hoje, a SOANORTE detém três fazendas estruturadas: a Fazenda Barragem do Manso, iniciada em 2011, que se expandiu com a aquisição de 3.900 hectares da antiga Agricultiva; a Fazenda Monte Negro, com 10.000 hectares (dos quais 5.000 agricultáveis), onde já se cultivam 3.000 hectares de grãos e 50 hectares de frutas; e a Fazenda Esplanada do Norte, dedicada exclusivamente à produção de grãos, com 3.600 hectares em plena operação.
A infraestrutura acompanha a ambição. Foram construídos silos com capacidade para 32.000 toneladas de grãos com o apoio do Banco BAI. Investiu-se em sistemas de irrigação e construção de barragens, fundamentais para mitigar os efeitos das alterações climáticas e da irregularidade das chuvas.
Apesar dos avanços, o sector continua a enfrentar desafios estruturais. A produtividade média nacional ronda as 0,8 toneladas por hectare, enquanto os produtores comerciais conseguem atingir entre 5 e 7 toneladas. A diferença é colossal e traduz não só o acesso à tecnologia, mas também o conhecimento técnico, a gestão e o financiamento. É neste fosso que a SOANORTE se posiciona como ponte entre o passado agrícola e o futuro alimentar do país.
A agricultura em Angola continua a ser um desafio multifacetado. O desmantelamento das estruturas agrárias após a independência transformou o sector num problema económico, social e político. O discurso oficial continua a privilegiar a agricultura de subsistência, ignorando a necessidade de uma agricultura comercial de larga escala, que poderia garantir a autossuficiência alimentar, dinamizar a economia e gerar emprego em massa.
A SOANORTE, com uma visão clara e pragmática, propõe um modelo híbrido: unir tradição e inovação, associando práticas ancestrais à tecnologia de ponta. Nas suas fazendas, operam colheitadeiras modernas, tratores com GPS, pivôs de irrigação com fertirrigação e monitoramento em tempo real. São implementadas práticas de preservação do solo, com alternância de culturas, análise periódica e correções adequadas. Mantêm-se áreas de reserva florestal e práticas de reflorestamento, criando cortinas de vento e promovendo o sequestro de carbono.
Mais do que uma produtora de alimentos, a SOANORTE assume-se como agente de transformação social e económica. Gere centenas de empregos, promove formação técnica, estabelece redes de apoio entre fazendas e participa activamente na formulação de políticas públicas para o sector. Defende a criação de um ecossistema agrícola funcional, com incentivos à produção nacional, apoio logístico e políticas fiscais adequadas. Apoia, ainda, iniciativas como fábricas de fertilizantes, minas de calcário, unidades de blending e laboratórios agrícolas.
A estrutura empresarial da SOANORTE é semi-verticalizada, permitindo o controlo de diferentes etapas da cadeia de valor. A produção de grãos — milho, soja, sorgo, milheto, feijão e girassol — é realizada em sistema de rotação, preservando a fertilidade do solo. Fruteiras como limão, manga, lima e abacate ocupam cerca de 50 hectares, com expansão prevista, em particular no abacate, devido ao seu valor comercial elevado.
Na componente agroindustrial, a empresa dispõe de uma linha de moagem de farinhas e de uma unidade extrusora para a produção de óleo bruto de soja.
Na componente agroindustrial, a empresa dispõe de uma linha de moagem de farinhas e de uma unidade extrusora para a produção de óleo bruto de soja. O principal objectivo é a obtenção de farelo para produção de rações, o que alimenta directamente a actividade pecuária. Com dois matadouros — um para bovinos e suínos e outro para aves —, a SOANORTE assegura o fornecimento de proteína animal com controlo de qualidade e rastreabilidade.
O activo biológico da empresa é igualmente impressionante: 6.000 suínos em regime de engorda, cerca de 500 cabeças de gado bovino, 300 mil galinhas poedeiras e 80 mil frangos de corte. Uma incubadora moderna garante a renovação do efectivo e a autossuficiência da cadeia produtiva.
A história da SOANORTE é, em última instância, uma história de fé na terra, de resiliência e de futuro. É a prova viva de que, com visão, coragem e dedicação, Angola pode alimentar-se a si própria — e mais além. A alma da terra pulsa em cada hectare cultivado, em cada semente lançada ao solo, em cada vida transformada. Essa alma tem nome: SOANORTE.