Museu do Amanhã - A sustentabilidade na arquitetura visionária de Calatrava

Museu do Amanhã - A sustentabilidade na arquitetura visionária de Calatrava

 Um edifício que quase flutua sobre o mar, como um barco ou um pássaro. Concebido como um dos ícones arquitetónicos do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã foi criado em perfeita comunhão com a paisagem ao seu redor. Com uma forma longilínea, parecendo posicionar-se em direção ao futuro, inspirada nas bromélias do Jardim Botânico do Rio, foi pensado para deixar visível, especialmente, o Mosteiro de São Bento, um dos mais importantes conjuntos barrocos do país. Pelas suas caraterísticas, a cobertura metálica com 70m de comprimento em direção à praça e 65m voltados para a baía, foi, aliás, um dos maiores desafios deste complexo projeto.
«Um edifício que quase flutua sobre o mar, como um barco ou um pássaro.»
Com quase 15 mil metros quadrados, o Museu do Amanhã é cercado por espelhos d’água, usados para filtrar a água bombeada a partir da baía e devolvida a partir do final do pier, uma caraterística que faz parecer, a quem visita, que o Museu é flutuante. De facto, este não é só mais um museu: à sua beleza e distinção arquitetónica juntam-se importantes diretrizes de sustentabilidade, que incentivaram a discussão de temas como a utilização de energia solar e novas formas de arquitetura moderna.
Com um design sustentável, incorpora energia natural e fontes de luz. A água da Baía de Guanabara também é utilizada para regular a temperatura no interior do edifício e o museu também utiliza painéis solares fotovoltaicos, que podem ser ajustados para otimizar o ângulo dos raios solares ao longo do dia e gerar energia solar para o edifício. 
O passeio ao redor do Museu é exemplo disso, aproveitando a energia solar, que se alonga pelos jardins e que se transforma num novo parque para a cidade. Aqui foram utilizadas espécies nativas com o objetivo de ressaltar as caraterísticas da zona costeira da cidade, facilitar a adaptação da vegetação e atrair mais a fauna da região, reforçando o aspeto didático do jaridm. Ao todo, em 5500m quadrados de área plantada, distribuem-se 26 espécies diferentes.
Mas ainda não falamos do nome que lhe deu vida, Santiago Calatrava. Arquiteto espanhol, considerado um dos mais importantes da atualidade, foi um dos responsáveis pela revitalização do porto de Buenos Aires e pela Cidade das Artes de das Ciências, em Valência, entre outros projetos de importância internacional. O seu estilo é descrito como neo-futurista, o que salta à vista neste projeto, até mesmo pelo uso inovador de materiais. Calatrava passou, aliás, várias temporadas na cidade e registou todo o seu processo criativo em mais de 600 aguarelas.
Visionário, o Museu do Amanhã está focado em responder a questões fundamentais como de onde viemos, quem somos e como queremos viver juntos durante os próximos cinquenta anos. As exposições do museu abordam questões como o crescimento da população e o aumento da expectativa de vida, padrões de consumo, as alterações climáticas, a engenharia genética e bioética, a distribuição da riqueza, os avanços tecnológicos e as mudanças na biodiversidade. A arte, a cultura e a sustentabilidade em simbiose num projeto único.
Texto: Carla Martins
Fotos: Gustavo Xavier
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