É perfecionista. Gosta de desafios, de adrenalina, viajar e conhecer pessoas. As outras culturas e as paisagens presas na memória, assim como o modus vivendi de diferentes povos, ajudam-no na hora da inspiração. A fotografia também é uma das suas paixões, tal como o cinema. Adora o facto de viver perto do mar e sente-se bem a voar. É com o trabalho que conquista a realização pessoal, «quase como se fosse uma extensão de mim», realça Gustavo Fernandes, um dos rostos portugueses das artes plásticas.
«A arte é a minha vida», confessa. É aquela paixão que está sempre presente na vida do artista. Tudo o que gira à sua volta – o mar, a natureza, as pessoas, o ambiente – prende-lhe a atenção. Nas suas criações, Gustavo tenta transportar essa busca, essa necessidade por algo mais, para que no final cada obra seja um pedaço de si mesmo e transmita uma história. Seja através de sentimentos, de alegrias, tristezas, experiências, viagens… tudo dará origem a «uma obra fantástica», salienta Gustavo.
Mas no seu percurso artístico, Gustavo Fernandes colheu algumas influências, muito fortes, de personagens como Francisco de Oliveira, o retratista; Salvador Dalí; Francis Bacon; Miguel Ângelo; Aivazovsky e Goya. E, ainda nos dias de hoje, vai acompanhando o trabalho e as técnicas de muitos artistas hiper-realistas. «A concorrência tem esta componente fantástica de nos obrigar a ser melhores», admite. É um desafio para Gustavo trabalhar o hiper-realismo, pois atingir o conceito de perfeição «é o maior realismo possível na pintura». «Cada pormenor, cada detalhe e o apuramento da técnica» é o que o faz chegar tão longe. A sua técnica é maioritariamente óleo/tela, sendo que, por vezes, recorre a acrílico ou a aerógrafo, mas apenas em determinadas situações.
Gustavo assume-se como um autodidata, apaixonado pelo que faz e pela arte. Sempre à procura de fazer mais e melhor. Estudou em Montreal, Canadá, na Escola de Belas Artes Mission Renaissance, o programa de artes plásticas e gráficas do Dawson College. Especializou-se nas práticas e métodos de Betty Edwards e em várias técnicas de desenho de Nicolides. Foi cofundador do Grupo Artitude. A sua passagem pelo Canadá influenciou-o no que toca à corrente hiper-realista. Robert Bateman, artista canadiano, naturalista e hiper-realista, foi uma das suas influências. Há cerca de 30 anos não havia hiper-realismo em Portugal, por isso, quando regressou a Portugal, com 26 anos, o público reagiu muito bem ao seu trabalho.
Desde que se lembra de ser gente, Gustavo pintava. Aos 16 anos começou a sua aventura de forma mais profissionalizada. Estudou para aperfeiçoar a sua técnica. Hoje, continua a pintar belíssimas obras de arte. Começou com um abstrato-figurativo, com tendências para o surrealismo e hiper-realismo. Optou pelo realismo – seu foco atual –, que já dura há quase 35 anos. «A minha arte convida à contemplação», diz o artista. Gustavo deseja, sempre, que o observador crie uma opinião, uma sensação ou uma emoção, quando está a apreciar as suas obras.
Várias obras de Gustavo encontram-se em coleções nacionais e internacionais, e outras em alguns museus. Atualmente, tem exposições na galeria Ap’arte, no Porto; na Plus One Gallery, em Londres; Count Ibex Collection, em Nova Iorque; na Galeria Shair, em Braga; e no seu próprio atelier - Atelier Gustavo Fernandes, em Oeiras. Para além do talento é preciso trabalhar muito. E, tal como Gustavo nos transmitiu, «a arte torna as pessoas melhores, o mundo melhor».