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Maria do Carmo – Galeria Saint Louis

Quando a arte e as antiguidades se tornam uma paixão 

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Descendente de franceses (o avô era francês, Pierre Louis, natural de Bourdeux), Maria do Carmo conhece bem a França, onde estão as origens da família, porém, foi na Suíça que ela viveu vários anos – país onde a paixão pelo domínio das artes e antiguidades se evidenciou. Maria do Carmo, proprietária da galeria Saint Louis, no Porto, morou em Lausanne, na casa daquela que foi, e continua a ser, uma das referências da alta-perfumaria francesa, a Madame Chanel. Na altura, com os seus 20 anos, já olhava para as peças como essências imprescindíveis da sua vida. Apaixona-se pela arte e, quando regressa a Portugal, esse desejo mantém-se. À medida que ia vendo peças foi-se apaixonando mais. Faz uma coleção de paliteiros do século XVIII. Abre a galeria. Passados mais de 30 anos, continua apaixonada por esta arte. E o fascínio pela arte e antiguidades levou-a a criar, também, uma boutique de roupas vintage, outra das suas paixões. 

A peça mais dispendiosa que a Galeria Saint Louis já vendeu foi um Chagall.
Maria do Carmo é uma senhora com bom gosto. Sentimos isso logo que a conhecemos. É de uma simpatia e simplicidade ímpares. Além da arte, das antiguidades e da moda, também adora a decoração – atividade que também já fez em tempos. «Tendo peças, adoro fazer decoração, sempre conjuguei peças modernas de escultores com peças mais antigas», refere. Agora que o tempo já não é muito, dedica-se especialmente a peças de arte e antiguidades, para satisfazer os pedidos dos seus clientes – vende muitas das peças para clientes internacionais –, e há peças que lhe chegam às mãos quase por acaso. Maria do Carmo procura produtos para os seus clientes, uns querem vender outros querem comprar; logo «após avaliação das peças», dá-se seguimento ao trabalho. «Ainda, um destes dias, vou ver 40 quadros do Antoni Tàpies. As pessoas vão-me conhecendo e, através de uns e de outros, vão-me chamando para comercializar», conta. 
O verdadeiro fascínio na arte encontra-o nas peças de porcelana – a sua paixão –, mas também adora móveis: «Estes que tenho na montra [em Pau Santo (século XVIII)] acho-os espetaculares porque aquele desenho que eles têm é todo feito em metal». E continua... «Ensinei um bocadinho, em Portugal, a lidarem com os móveis franceses, aqueles mais negros, de que ninguém gostava. A verdade é que, às vezes, tinha a loja cheia deles e, no outro dia, estava tudo vendido», recorda. É certo que as pessoas aprenderam a gostar de coisas com Maria do Carmo, porque bom gosto é coisa que ela detém. Muitos dos seus clientes têm acompanhado o seu percurso ao longo destes anos e ela diz-nos: «Fico feliz por saber que o meu trabalho é valorizado, por ter feito boas aquisições, e por os clientes também ficarem felizes». 
Maria do Carmo sempre procurou estar presente em feiras, como esteve na inauguração da Feira do Beato, em Lisboa, e na inauguração da Feira da Alfândega, no Porto, quando fizeram as feiras de antiguidades. Já foi convidada para fazer feiras de antiguidades no Dubai, entre outras. Gosta de ver o que existe lá fora e o que cá dentro nós temos. Nunca incute uma peça a um cliente, se não achar que ela vai ter a utilidade que merece. Assim é ela. É leal. 
Na galeria, saltou-nos à vista uma das peças: um oratório que veio do Palácio de Vimioso, e é fabuloso, mas também as terracotas (chinês) são belas, entre várias peças do século XVII e princípios do século XVIII e algumas preciosidades da época de 2000 anos a.C. E, claro, para se tratar obras-primas como as que aqui encontramos é fundamental todo o cuidado: «Andamos aqui em pezinhos de lã (risos), sempre com muito jeitinho». Além do historial das obras, Maria do Carmo também conhece as características das mesmas, igualmente quando falamos de pinturas. Vimos pinturas em marfins e cristos fabulosos do século XVII. Também para este tipo de peças, o cliente tem de ter uma paixão pelo mundo da arte. «O que é bom, vai-se vendendo sempre. Lido com pintura boa, como Vieira da Silva. E quando precisamos de uma peça, pedimos a outros colegas da área, pois há um espírito de partilha entre galeristas». Sobre a arte e as antiguidades em Portugal, Maria do Carmo refere que «temos boas galerias e bons colegas a trabalhar bem, seja no Porto, seja em Lisboa». 
Uma das peças mais dispendiosa que a Galeria Saint Louis já vendeu foi um Chagall (de Marc Chagall – pintor, ceramista e gravurista). Mas a verdade é que a essência desta arte é mesmo isto, «é o procurar, é o ver as épocas, e é ver o quanto uma peça pode ser giríssima», conclui Maria do Carmo.
Maria Cruz
T. Maria Cruz
F. Daniel Camacho
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