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· Arte · · T. Cristina Freire · F. Mauro Pinto

Mauro Pinto 

Revelar o tempo

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Começou a fotografar em 1994, mas Mauro Pinto só se assumiu como profissional na viragem do século. Com o passar dos anos, colecionou imagens que falam e contam histórias em silêncio. Há uma espécie de namoro entre a sua câmara e o ser fotografado para que consiga captar a essência. Fotografa o mundo e Moçambique, o país onde nasceu, utilizando a luz como cúmplice para que, em cada momento, se construa uma memória. Quando viaja para acompanhar os seus trabalhos, gosta de ler e ouvir Jazz.

Venceu, em 2012, o BesPhoto e a parte de dentro da Mafalala ficou conhecida. Através da sua lente, Mauro Pinto mostrou outras vivências do bairro de Eusébio, José Craveirinha, Fany Mpfumo e Samora Machel, entre outros grandes nomes que Moçambique viu nascer. As suas fotos, de gente anónima, colocam-nos no lugar do outro, onde, às vezes, estremecemos com a força da imagem. Com a coleção – Dá Licença – somos transportados ao verdadeiro país, com todas as suas etnias e línguas, onde a moçambicanidade fica mais exposta. Mauro Pinto pediu licença, entrou nas casas e captou imagens, que estão imortalizadas no tempo, naquele que é o seu trabalho mais valorizado, onde acrescentar uma pequena palavra será demais.
Inspirado pelo lendário fotógrafo Ricardo Rangel, com quem aprendeu a tornar a fotografia humana, Mauro tem, desde 2004, um projeto a que deu o nome de Restos do Mundo; são pessoas que vagueiam, por entre a sua loucura, pelas ruas da cidade de Maputo e que já ninguém vê. Abandonadas pelas famílias e amigos, vivem à margem do aceitável. Para realizar essas imagens impactantes foi preciso descer ao submundo, onde ninguém quer ir e negociar, às vezes a troco de comida, outras vezes era só sentar e conversar. Com esta coleção de pessoas invisíveis, Mauro Pinto conseguiu captar o que os rostos não dizem. Cada um deles, à sua maneira, anunciava que ainda não desistira de fazer parar o tempo. O fotógrafo só deu um pouco de corda às suas almas. Talvez, um dia, a coletânea fique terminada.
O fotógrafo que lê José Saramago, porque gosta da forma como o Nobel da Literatura desmonta o português, vê a fotografia não como técnica, mas sim como uma imagem que capta a essência quase impossível de detetar. Iniciou o percurso profissional no ano 2000, depois de estudar fotografia na Monitor International School, em Joanesburgo, e os seus trabalhos já foram expostos em quase todos os continentes. Recentemente estiveram em Macau incluídos no projeto Alter Ego e seguiram para a maior exposição e feira de fotografia do mundo, a Paris Photo. Mauro Pinto, que em Portugal tem uma exposição permanente na Galeria 111, fotografa sempre na técnica analógica para obter da luz tonalidades mágicas e autênticas, onde a imagem captada não tem a textura da ficção.

Mauro Pinto pediu licença, entrou nas casas e captou imagens, que estão imortalizadas no tempo.

Cristina Freire
T. Cristina Freire
F. Mauro Pinto
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