Venceu, em 2012, o BesPhoto e a parte de dentro da Mafalala
ficou conhecida. Através da sua lente, Mauro Pinto mostrou outras vivências do bairro de Eusébio, José Craveirinha, Fany
Mpfumo e Samora Machel, entre outros grandes nomes que Moçambique viu nascer.
As suas fotos, de gente anónima, colocam-nos no lugar do outro, onde, às
vezes, estremecemos com a força da imagem. Com a coleção – Dá Licença – somos transportados ao verdadeiro país, com todas as
suas etnias e línguas, onde a moçambicanidade fica mais exposta. Mauro Pinto
pediu licença, entrou nas casas e captou imagens, que estão imortalizadas no
tempo, naquele que é o seu trabalho mais valorizado, onde acrescentar uma
pequena palavra será demais.
Inspirado pelo lendário
fotógrafo Ricardo Rangel, com quem aprendeu a tornar a fotografia humana, Mauro
tem, desde 2004, um projeto a que deu o nome de Restos do Mundo; são pessoas que vagueiam, por entre a sua
loucura, pelas ruas da cidade de Maputo e que já ninguém vê. Abandonadas pelas
famílias e amigos, vivem à margem do aceitável. Para realizar essas imagens
impactantes foi preciso descer ao submundo, onde ninguém quer ir e negociar, às
vezes a troco de comida, outras vezes era só sentar e conversar. Com esta
coleção de pessoas invisíveis, Mauro Pinto conseguiu captar o que os rostos não
dizem. Cada um deles, à sua maneira, anunciava que ainda não desistira de fazer
parar o tempo. O fotógrafo só deu um pouco de corda às suas almas. Talvez, um
dia, a coletânea fique terminada.
O fotógrafo que lê José
Saramago, porque gosta da forma como o Nobel da Literatura desmonta o
português, vê a fotografia não como técnica, mas sim como uma imagem que capta
a essência quase impossível de detetar. Iniciou o percurso profissional no ano
2000, depois de estudar fotografia na Monitor International School, em
Joanesburgo, e os seus trabalhos já foram expostos em quase todos os continentes.
Recentemente estiveram em Macau incluídos no projeto Alter Ego e seguiram para a maior exposição e feira de fotografia
do mundo, a Paris Photo. Mauro Pinto,
que em Portugal tem uma exposição permanente na Galeria 111, fotografa sempre
na técnica analógica para obter da luz tonalidades mágicas e autênticas, onde a
imagem captada não tem a textura da ficção.
Mauro Pinto pediu licença, entrou nas casas e captou imagens, que estão imortalizadas no tempo.