Como O Prometido é Devido, viajamos não do Porto Sentido ao Porto Côvo, mas sim até à casa de Rui Veloso, em Almargem do Bispo, Sintra, onde recebeu a Villas&Golfe para uma entrevista descontraída, sem rodeios ou meias palavras. Com Todo o Tempo do Mundo ouvimos Rui. E muito nos falou. De tudo um pouco. Dos 35 anos de carreira, da política e dos governantes portugueses, e do abismo para onde, a seu ver, o mundo caminha. E tal como um Cavaleiro Andante, mostrou o seu Lado Lunar, confessando que As Regras de Sensatez, depois do 25 de Abril, deveriam caber aos políticos de hoje, que vão tomando conta de Portugal. Acrescentou, ainda, que «já tivemos 40 anos para perceber que precisamos de uma vassourada». Com vassourada ou não, Rui Veloso Jura que a música já não é bem como dantes e anda para aí muito Chico Fininho que pensa ser músico, ou escritor, mas não é. E isso A Gente Não Lê. Também não foi preciso Um café e um Bagaço para deixar fluir esta conversa num Dia de Passeio que rumou ao centro-sul. Certo e sabido é que A Paixão desta Estrela do Rock and Roll é a música.
O que tem de especial o Porto e o que o liga à cidade?
Os portuenses, claro, é uma gente diferente do resto do país. Cresci lá. É a minha cidade. Vai ser sempre a minha cidade.
Do que tem saudades?
Saudades… de algumas coisas: dos cafés, por exemplo, que já não há. Os cafés transformaram-se em bancos. Até o barbeiro passou a ser um banco. Tenho saudades da Avenida da Boavista ter pouco movimento, de passarem os elétricos. Agora não se pode andar lá, é uma grande confusão. Tenho saudades de um Porto mais calmo. Só se veem turistas, como em Lisboa. Há quem goste de visitar a cidade no meio desta confusão e de estar em ‘bichas’ (filas). No outro dia, foi inaugurado um museu (MAAT) e as pessoas consumiram horas e horas para irem ver o museu de borla.
«Muita coisa não tem nada a ver com música, mas chamam-lhe música»
Deixou o Porto e veio para Lisboa…
Nunca deixei o Porto ou, pelo menos, o Porto nunca me deixou (risos).
Em 35 anos, lançou muitas músicas. Há alguma mais icónica para os fãs?
Há sim, A Paixão.
Chico Fininho, Anel de Rubi... continuará sempre com o mesmo registo?
Não posso mudar a minha voz. Muito menos agora com a minha idade. O que é que hei de mudar? Nada.
Um fado, por exemplo…
Oh, sim, exatamente. Cantar um fado (risos). Não há que chegue já? Há que sobre!