A cor combinada de forma atraente e harmoniosa despertava em Silvério Salvador Sitoe, artista plástico, moçambicano, um sentimento indescritível. Desde sempre admirou as capacidades dos que, usando uma forma criativa, deixavam as suas marcas em objectos de barro, madeira, capulanas ou mesmo papel. Talvez por isso, desde a sua infância, o artista rabiscava no chão. Estudou Desenho na Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), em Moçambique. O mestre Cipriano foi o primeiro a adquirir os seus trabalhos artísticos. Actualmente, Sitoe é docente no Instituto Superior de Artes e Cultura em Maputo. Em marcha tem já um projecto pessoal – a Casa Museu Escola –, nas margens do rio Matola, onde quer vir a trabalhar com os mais pequenos. «É delicioso trabalhar com os miúdos. É como se nós revivêssemos a nossa própria infância, desenhando e colorindo sonhos!», confessa.
Sitoe
Mulher, a sua inspiração
Quando pensa em pintar, na maioria das vezes, está consciente do que quer fazer. «Hoje, quando acordo sinto-me na obrigação de pintar! É como se este fosse o meu dever na terra», comenta Sitoe. E acrescenta ainda que, quando está diante de uma tela nua, «a adrenalina sobe de forma espantosa!». Transfigurado e tenso, joga na tela as primeiras tintas. E vira palco onde está só. A tela, que esconde vários segredos, cores e formas, vira beleza intacta. Tudo começa com um toque, uma pincelada aqui e ali, uma cor, duas, três e mais… «Depois de ter conseguido revelar o meu jardim interior na superfície da tela tudo termina com o prazer da contemplação!», diz o pintor. Sitoe não vive apenas da arte, pois, «nem só do pão vive o homem! (risos)». E, quando lhe perguntamos «Qual é a sua inspiração?», responde, sem voltas, «a Mulher! Essa deusa de mil e um encantos! Curvo-me diante da mulher valente! Não importa a sua origem! Quem não pintaria a vida daquela mulher que, mesmo ferida e sangrando por dentro, encontra forças para acarinhar seus filhos e sorrir para o mundo? Ela é a luz e a esperança da humanidade!». E, com isto, não haverá muito mais a dizer.
As obras de Sitoe estão espalhadas um pouco por todo o mundo, em colecções públicas e privadas. Em Maputo, encontram-se algumas no seu atelier. Já representou Moçambique, por várias vezes, em Portugal e no resto do mundo, através de várias exposições.
A sessão fotográfica de Sitoe para a Villas&Golfe realizou-se junto de uma reserva com flamingos, ao lado de uma salina. Naquele momento de pintura sentiu «Liberdade!». Até porque o lugar «inspira muita paz». Para além da pintura, Sitoe também gosta de ouvir rádio, ler e amar!