VillaseGolfe
· Cultura · · T. Joana Rebelo · F. Direitos Reservados

Candlelight

Um levitar de luz e emoções

Villas&Golfe Pub. PUB HOMES IN HEAVEN Pub.
Vidago Villa Pub.
PMmedia PUB Pub.
A emoção surge nos primeiros acordes, rodeada de um manto de luz incandescente. O público levita, a melodia palpita e a cultura agradece. Falamos-lhe, pois, da experiência sensorial Candlelight, que vê nas apresentações de música ao vivo a democratização da música clássica. Já são mais de cem cidades marcadas por um conceito que leva este género musical a públicos agnósticos, além de permitir acesso ao património cultural de cada cidade. Quem o sonha e materializa é a Fever, a organização que se serve de cenários oníricos para tornar as interpretações instrumentais mais intimistas e imersivas. Ora um cenário artístico, ora um pano de fundo histórico. Ora em roda dos artistas, ora de frente para eles. À luz de milhares de velas, assim se sucedem experiências que rompem com o tradicional, onde artistas tomam a liberdade de interagir diretamente com o público. Na verdade, não serão apenas os locais supremos e a proximidade com o público que fazem do Candlelight um espetáculo comovente. Quiçá o segredo esteja na luz que as incontáveis velas emanam. Estudos revelam que a iluminação do ambiente pode influenciar o humor, aliás, pesquisas feitas na Universidade de Toronto concluíram que o contacto com espaços mais iluminados reproduz emoções mais intensas. Nada é por acaso, mas a música envolve de tal forma o espírito que não há espaço para pensamentos excessivamente racionais. 


Milhões de espectadores provenientes dos quatro cantos do mundo
Portugal abriu portas aos espetáculos Candlelight em 2019, pelo que Algarve, Lisboa, Oeiras, Estoril, Cascais, Sinta, Porto e Braga já serviram de palco. Foi um ápice até chegar a Inês Machado, a project manager do evento em território português. O rosto jovem parece adequar-se ao caráter vanguardista do projeto, começando por nos falar da sua origem: «Os concertos Candlelight foram lançados pela Fever, com o objetivo de atingir um novo público e criar concertos mais abrangentes para todos». Conta-nos que das cidades de Nova Iorque, Madrid e Paris surgiram os primeiros «esboços» e que, até ao momento, não se conta pelos dedos o número de cidades que abraçam o evento, nem tão-pouco os milhões de espectadores provenientes dos quatro cantos do mundo. Hoje, o Candlelight alarga os seus domínios, percorrendo desde a música clássica ao rock dos Queen, através de projetos versáteis que visam unir gerações paradoxais num só espaço. «Inicialmente foi concebido como uma série de música clássica, com concertos assentes nas obras dos maiores compositores, como Vivaldi, Mozart e Chopin. Atualmente, a lista de programas está cada vez maior e inclui uma grande variedade de temas e géneros musicais, incluindo homenagens a artistas contemporâneos como Queen, ABBA, Coldplay e Ed Sheeran, além de espetáculos dedicados a K-Pop, bandas sonoras de filmes e muito mais», explica Inês. A experiência multissensorial já evoluiu para diferentes campos, abrangendo danças de ballet, artistas aéreos e géneros musicais como jazzsoul, ópera e flamenco. Trata-se, pois, de um convite à sublimação dos sentidos, com a quantidade exata de sofisticação. Num rooftop autêntico ou numa catedral secular, também os músicos vêm no projeto uma oportunidade para explorar um talento versátil, através do qual reproduzem as mais variadas peças, desde os clássicos aos contemporâneos. 

Contribuir para uma cultura mais acessível
Saiba que os tributos aos Queen e Coldplay são os bestsellers, capazes de reunir público heterogéneo, embora a trilha sonora de filmes épicos seja um bom programa para passar em família. Quanto aos clássicos, não se arrependerá, se o intuito for saboreá-los, suave e lentamente. E, agora, se nos der licença, silenciaremos os telemóveis, ajeitaremos as costas no banco e deixar-nos-emos diluir nas claves de sol perfeitas. Está prestes a começar o espetáculo Candlelight na Cidade Invicta. Música, Maestro!
As primeiras teclas do piano soam no Ateneu Comercial do Porto. A vista é idílica. Num momento, a melodia parece adivinhar-se, aberta e clara. Noutro, é como uma porta entreaberta, em que a curiosidade parece não ter fim. A vontade é a de permanecer de olhos fechados, como se estivéssemos a flutuar numa melodia que nos acaricia, até à última nota musical. De repente, como que num sobressalto, voltamos ao mundo terreno e palmas estridentes e ruidosas preenchem a sala na sua plenitude. Quando damos por ela, mais de 40 minutos se passaram e olhares dóceis trocam-se entre o público e o músico, ambos seguros do impacto causado. E esta parece a única forma dizível de retratar a experiência multissensorial Candlelight, desta vez garantida pelo português Vasco Miranda, que interpretou êxitos dos Coldplay ao comando do piano. Tudo pensado pela Fever, que deseja contribuir para uma cultura mais acessível às gentes, sob um mote contemporâneo e intimista. Ah!... e quanto às velas, nada temam. São LED!
Joana Rebelo
T. Joana Rebelo
F. Direitos Reservados
Política de Cookies

Este site utiliza Cookies. Ao navegar, está a consentir o seu uso. Saiba mais

Compreendi