Uma voz que
nos une na vontade de sermos pessoas melhores. Uma voz que nos habituou a
grandes momentos televisivos (enquanto atriz e apresentadora). Uma voz de
mudança. Uma voz de aconchego. Uma voz que nos emociona quando a escutamos.
Catarina Furtado é um dos rostos emblemáticos da televisão nacional. Vive
dedicada às causas humanitárias. É Embaixadora de Boa Vontade do Fundo de
População das Nações Unidas (United Nations Population Fund – UNFPA) e fundadora
da Associação Corações Com Coroa (CCC). É uma mulher de ação. Apoiar as meninas,
raparigas e mulheres é um dos seus principais propósitos – reerguendo as suas
vidas. Sabe ouvir o outro. Interessa-se pelas suas histórias. É uma líder dos
tempos modernos. Amor e humildade são duas características que bem a definem.
Luta pelos Direitos Humanos. Dá palco às pessoas. Catarina é, sem sombra de
dúvidas, uma mulher de causas.
Catarina Furtado
«O meu equilíbrio emocional vem da minha entrega ao "outro”»
Fora dos ecrãs,
como é a Catarina?
Quando não estou a exercer a minha profissão de comunicadora, ou estou a fazer ações de voluntariado, quer através da minha missão de Embaixadora de Boa Vontade do Fundo de População das Nações Unidas, quer na função de presidente e fundadora da associação sem fins lucrativos e ONGD Corações Com Coroa. E também aceito muitos dos convites que recebo para dar palestras em escolas, sobre as matérias dos Direitos Humanos e Igualdade de Género. Como prioridade na ocupação dos meus dias, está, obviamente, o tempo disponível para os meus adolescentes (sempre que eles aceitem!). Para além disso, cuido da minha saúde mental e física, fazendo regularmente aulas de pilates, passeios, programas culturais e escapadelas com amigas.
É uma mulher de causas. O que a move?
Poder contribuir diariamente, através da minha profissão e da minha condição de cidadã com privilégios, para a tentativa de melhorar as condições de vida de quem está em situação de vulnerabilidade social. É um propósito de vida. Eu só me sinto completa e equilibrada, se a minha pegada tiver uma repercussão positiva na vida de outras pessoas, sobretudo raparigas e mulheres, que são quem mais sofre, no mundo inteiro e em Portugal, as discriminações, desigualdade de oportunidades e escolhas e a violência de género. O facto de ser embaixadora do UNFPA há 24 anos, presidente da CCC há 11 anos e documentarista dos programas Príncipes do Nada, na RTP, há 18, tem-me dado a informação concreta da realidade sobre as violações dos direitos humanos e a noção clara de que este meu trabalho não remunerado é uma missão de vida. A minha vida, mesmo enquanto figura pública, tem um sentido que vai muito além do meu umbigo.
Tem vindo a consciencializar o público para os Direitos Humanos. O que é que já conseguiu alcançar e o que falta?
Com as pessoas certas ao meu lado (e convém dizer que são muitas mais as pessoas que tenho conhecido que fazem a boa diferença e que promovem uma solidariedade ativa e horizontal do que as que só pensam em si próprias), tenho conseguido, através de projetos que colocam as pessoas e os seus direitos no centro de todas as decisões, pequenas grandes conquistas que se mantêm ao longo dos tempos. Por exemplo, ao serviço do UNFPA e da CCC na Guiné-Bissau, em diferentes regiões do país, conseguiu-se reduzir o número de mortes maternas, ergueram-se serviços na área da saúde sexual e reprodutiva, planeamento familiar e saúde materna infantil, e erradicou-se a prática da mutilação genital feminina. Através de iniciativas da CCC, já concretizámos sonhos universitários de 35 jovens raparigas com bolsas de estudo e apoio bio-psico-social. Também já reerguemos a vida de mais de 800 mulheres. Já chegamos a mais de 10 000 alunos e alunas, com o projeto CCC Que Vai à Escola, que combate a violência no namoro e o bullying, mas também a pobreza menstrual.
É Embaixadora da Boa Vontade do UNFPA. Duas décadas depois, como olha para o papel que a instituição assume no mundo?
Sempre com enorme responsabilidade. É uma honra poder amplificar a voz de milhares de pessoas (sobretudo meninas, raparigas e mulheres) que confiam no meu pequeno poder para criar sinergias, para fazer advocacy junto dos líderes políticos, parlamentares, ONGs, setor privado e sociedade civil em geral, de forma a atenuar as imensas desigualdades que sofrem todos os dias.
«Preocupa-me também o presente e o futuro dos jovens»
É, também, fundadora e presidente da associação Corações Com Coroa. Ajudar o próximo sempre foi um dos seus objetivos de vida?
O nosso trabalho é visível, transparente e comprovado através dos testemunhos na primeira pessoa. Acredito que, se o exercício da responsabilidade social e corporativa das empresas tiver, cada vez mais, um papel determinante, como escolha para o ADN da própria empresa, o apoio aos nossos projetos irá continuar ou aumentar (assim como o número de sócios) e, por isso, apesar das imensas dificuldades inerentes à gestão de uma associação cujos lucros são «apenas» a autonomia das beneficiárias, acredito que iremos conseguir estender ainda mais os nossos braços a quem mais precisa.
A CCC é uma empresa social e, nesse sentido, tem uma equipa remunerada que todos os dias trabalha para dar o seu melhor e que tem de ter o seu posto de trabalho assegurado. Temos, na sede da CCC, seis profissionais e, no CCC Café, quatro funcionárias.
É muito exigente, do ponto de vista financeiro, mas muito gratificante quando vemos vidas a mudarem radicalmente para melhor, informando, apoiando e capacitando.
Conhecendo a realidade do nosso país mais profundamente, acha que ainda há muito a fazer? Portugal ainda é um país pobre, do ponto de vista económico, de mentalidade, ou seja, ainda falta consciência às pessoas para as disparidades do nosso país e, ao mesmo tempo, consciência para as realidades de outros países?
Há obviamente muito a fazer e posso destacar as questões que mais me preocupam: a desigualdade de género que promove a violência (só no ano passado foram mortas em Portugal, em contexto de violência doméstica, 20 mulheres); a diferença salarial, em que, nas mesmas profissões, as mulheres ganham menos 16%; a desigualdade no acesso a lugares de chefia e participação política; o volume do chamado trabalho informal, de cuidadoras, que lhes retira tempo para poderem investir em si próprias; e ainda muita discriminação relativamente à conciliação da maternidade.
Segundo a ONU, no mundo (onde Portugal está, claro, incluído), serão precisos 286 anos para se eliminarem as leis que discriminam as mulheres e as raparigas. Os direitos das mulheres estão em perigo. Há sinais e provas de retrocesso e, por isso, é necessário aumentar a vigilância e ação coletiva que defenda sociedades mais justas em que as pessoas e os seus direitos humanos estejam no centro da ação política.
Preocupa-me também o presente e o futuro dos jovens. Sinto que o sistema da educação nas escolas está desatualizado e sinto que seria urgente capacitar os jovens dos seus direitos num incentivo ao exercício de uma cidadania mais ativa e solidária. Acho que se devia promover a literacia da empatia, o ensino dos afetos, para aumentar, a par do conhecimento e do pensamento crítico, também a inteligência emocional.
Qual seria, para si, o ideal de sociedade?
Mais empática. Eu sei, convictamente, que o meu equilíbrio emocional vem da minha entrega ao «outro», da prática da solidariedade.
É da opinião que, se quisermos, todos nós, arranjamos tempo para sermos um bocadinho melhores com o próximo?
Acredito que se consegue arranjar sempre um bocadinho de tempo para o que nos faz bem. Mas também sei que existem vidas extremamente difíceis (e mulheres que se desdobram, esquecendo-se de si próprias). As pessoas que se sabem e sentem privilegiadas, têm, na minha opinião, a obrigação de dar mais à sociedade e, dessa forma, vão descobrir a verdadeira magia de vivermos uma humanidade partilhada.
Diga-nos, a Catarina absorve muito da experiência e sabedoria dos mais velhos?
Sabemos que é capaz de ver uma pessoa idosa e «perder» tempo só a conversar com ela, não a ignorando. Sente que, nos tempos de hoje, os mais jovens não dão importância aos mais velhinhos?
Não posso nem quero generalizar. Sinto que as redes sociais, que são a nova realidade, retiram alguma disponibilidade para se estar com as pessoas presencialmente, mas não sinto que a falta de atenção, em relação aos mais velhos, seja uma característica da nova geração.
«A minha vida, mesmo enquanto figura pública, tem um sentido que vai muito além do meu umbigo»
Quando não estou a exercer a minha profissão de comunicadora, ou estou a fazer ações de voluntariado, quer através da minha missão de Embaixadora de Boa Vontade do Fundo de População das Nações Unidas, quer na função de presidente e fundadora da associação sem fins lucrativos e ONGD Corações Com Coroa. E também aceito muitos dos convites que recebo para dar palestras em escolas, sobre as matérias dos Direitos Humanos e Igualdade de Género. Como prioridade na ocupação dos meus dias, está, obviamente, o tempo disponível para os meus adolescentes (sempre que eles aceitem!). Para além disso, cuido da minha saúde mental e física, fazendo regularmente aulas de pilates, passeios, programas culturais e escapadelas com amigas.
É uma mulher de causas. O que a move?
Poder contribuir diariamente, através da minha profissão e da minha condição de cidadã com privilégios, para a tentativa de melhorar as condições de vida de quem está em situação de vulnerabilidade social. É um propósito de vida. Eu só me sinto completa e equilibrada, se a minha pegada tiver uma repercussão positiva na vida de outras pessoas, sobretudo raparigas e mulheres, que são quem mais sofre, no mundo inteiro e em Portugal, as discriminações, desigualdade de oportunidades e escolhas e a violência de género. O facto de ser embaixadora do UNFPA há 24 anos, presidente da CCC há 11 anos e documentarista dos programas Príncipes do Nada, na RTP, há 18, tem-me dado a informação concreta da realidade sobre as violações dos direitos humanos e a noção clara de que este meu trabalho não remunerado é uma missão de vida. A minha vida, mesmo enquanto figura pública, tem um sentido que vai muito além do meu umbigo.
Tem vindo a consciencializar o público para os Direitos Humanos. O que é que já conseguiu alcançar e o que falta?
Com as pessoas certas ao meu lado (e convém dizer que são muitas mais as pessoas que tenho conhecido que fazem a boa diferença e que promovem uma solidariedade ativa e horizontal do que as que só pensam em si próprias), tenho conseguido, através de projetos que colocam as pessoas e os seus direitos no centro de todas as decisões, pequenas grandes conquistas que se mantêm ao longo dos tempos. Por exemplo, ao serviço do UNFPA e da CCC na Guiné-Bissau, em diferentes regiões do país, conseguiu-se reduzir o número de mortes maternas, ergueram-se serviços na área da saúde sexual e reprodutiva, planeamento familiar e saúde materna infantil, e erradicou-se a prática da mutilação genital feminina. Através de iniciativas da CCC, já concretizámos sonhos universitários de 35 jovens raparigas com bolsas de estudo e apoio bio-psico-social. Também já reerguemos a vida de mais de 800 mulheres. Já chegamos a mais de 10 000 alunos e alunas, com o projeto CCC Que Vai à Escola, que combate a violência no namoro e o bullying, mas também a pobreza menstrual.
É Embaixadora da Boa Vontade do UNFPA. Duas décadas depois, como olha para o papel que a instituição assume no mundo?
Sempre com enorme responsabilidade. É uma honra poder amplificar a voz de milhares de pessoas (sobretudo meninas, raparigas e mulheres) que confiam no meu pequeno poder para criar sinergias, para fazer advocacy junto dos líderes políticos, parlamentares, ONGs, setor privado e sociedade civil em geral, de forma a atenuar as imensas desigualdades que sofrem todos os dias.
«Preocupa-me também o presente e o futuro dos jovens»
É, também, fundadora e presidente da associação Corações Com Coroa. Ajudar o próximo sempre foi um dos seus objetivos de vida?
O nosso trabalho é visível, transparente e comprovado através dos testemunhos na primeira pessoa. Acredito que, se o exercício da responsabilidade social e corporativa das empresas tiver, cada vez mais, um papel determinante, como escolha para o ADN da própria empresa, o apoio aos nossos projetos irá continuar ou aumentar (assim como o número de sócios) e, por isso, apesar das imensas dificuldades inerentes à gestão de uma associação cujos lucros são «apenas» a autonomia das beneficiárias, acredito que iremos conseguir estender ainda mais os nossos braços a quem mais precisa.
A CCC é uma empresa social e, nesse sentido, tem uma equipa remunerada que todos os dias trabalha para dar o seu melhor e que tem de ter o seu posto de trabalho assegurado. Temos, na sede da CCC, seis profissionais e, no CCC Café, quatro funcionárias.
É muito exigente, do ponto de vista financeiro, mas muito gratificante quando vemos vidas a mudarem radicalmente para melhor, informando, apoiando e capacitando.
Conhecendo a realidade do nosso país mais profundamente, acha que ainda há muito a fazer? Portugal ainda é um país pobre, do ponto de vista económico, de mentalidade, ou seja, ainda falta consciência às pessoas para as disparidades do nosso país e, ao mesmo tempo, consciência para as realidades de outros países?
Há obviamente muito a fazer e posso destacar as questões que mais me preocupam: a desigualdade de género que promove a violência (só no ano passado foram mortas em Portugal, em contexto de violência doméstica, 20 mulheres); a diferença salarial, em que, nas mesmas profissões, as mulheres ganham menos 16%; a desigualdade no acesso a lugares de chefia e participação política; o volume do chamado trabalho informal, de cuidadoras, que lhes retira tempo para poderem investir em si próprias; e ainda muita discriminação relativamente à conciliação da maternidade.
Segundo a ONU, no mundo (onde Portugal está, claro, incluído), serão precisos 286 anos para se eliminarem as leis que discriminam as mulheres e as raparigas. Os direitos das mulheres estão em perigo. Há sinais e provas de retrocesso e, por isso, é necessário aumentar a vigilância e ação coletiva que defenda sociedades mais justas em que as pessoas e os seus direitos humanos estejam no centro da ação política.
Preocupa-me também o presente e o futuro dos jovens. Sinto que o sistema da educação nas escolas está desatualizado e sinto que seria urgente capacitar os jovens dos seus direitos num incentivo ao exercício de uma cidadania mais ativa e solidária. Acho que se devia promover a literacia da empatia, o ensino dos afetos, para aumentar, a par do conhecimento e do pensamento crítico, também a inteligência emocional.
Qual seria, para si, o ideal de sociedade?
Mais empática. Eu sei, convictamente, que o meu equilíbrio emocional vem da minha entrega ao «outro», da prática da solidariedade.
É da opinião que, se quisermos, todos nós, arranjamos tempo para sermos um bocadinho melhores com o próximo?
Acredito que se consegue arranjar sempre um bocadinho de tempo para o que nos faz bem. Mas também sei que existem vidas extremamente difíceis (e mulheres que se desdobram, esquecendo-se de si próprias). As pessoas que se sabem e sentem privilegiadas, têm, na minha opinião, a obrigação de dar mais à sociedade e, dessa forma, vão descobrir a verdadeira magia de vivermos uma humanidade partilhada.
Diga-nos, a Catarina absorve muito da experiência e sabedoria dos mais velhos?
Sabemos que é capaz de ver uma pessoa idosa e «perder» tempo só a conversar com ela, não a ignorando. Sente que, nos tempos de hoje, os mais jovens não dão importância aos mais velhinhos?
Não posso nem quero generalizar. Sinto que as redes sociais, que são a nova realidade, retiram alguma disponibilidade para se estar com as pessoas presencialmente, mas não sinto que a falta de atenção, em relação aos mais velhos, seja uma característica da nova geração.
«A minha vida, mesmo enquanto figura pública, tem um sentido que vai muito além do meu umbigo»
É uma das personalidades mais emblemáticas da televisão portuguesa. É
atriz, apresentadora, bailarina. Qual das áreas a preenche/completa mais e
porquê?
Sou várias Catarinas... Mulher, filha, mãe, amiga e também autora, documentarista... Não consigo escolher uma. Completo-me entregando-me intensamente de cada vez que estou a viver uma das minhas diferentes facetas.
Profissionalmente, do que mais se orgulha? E há ainda espaço para algum outro projeto?
Sem falsas modéstias, tenho muito orgulho na minha carreira, que já existe há 32 anos e foi construída com muito trabalho, coerência e seriedade. Mas escolho os meus documentários Príncipes do Nada sobre os Direitos Humanos.
Fala-se muito do empoderamento feminino e feminismo. Do respeito do homem pela mulher. Mas o que é que falta de mulher para mulher?
Falta efetivamente que todas as pessoas escolham ser feministas e defendam no dia a dia medidas que promovam a igualdade e paridade de oportunidades e escolhas para as raparigas e mulheres, porque está provado: toda a sociedade terá benefícios com essa equidade. Acredito e assisto a muitos exemplos de sonoridade. Falta as mulheres chegarem-se mais à frente, mas falta os homens deixarem. O machismo está enraizado.
«Falta as mulheres chegarem-se mais à frente, mas falta os homens deixarem»
Para si, o que é ser mulher?
A mulher é um canivete suíço. É muito interessante verificar (eu tenho esse exemplo) que as mulheres são absolutamente empreendedoras no sentido de tomarem conta da ocorrência, sem medo. Levam tudo à frente e são muito unidas, o que torna a nossa exigência, em relação aos homens, mais difícil (risos).
Nas minhas missões, por países como Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Sudão do Sul, Haiti, Índia, Bangladesh, Uganda, Gana, Líbano, Timor, Indonésia, Guiné-Bissau, Egito), conheci mulheres que são absolutamente transformadoras, que levam os países para a frente. Por isso, o lema da minha associação é: «Apoiar uma mulher é apoiar uma família, uma comunidade, um país».
Como é que se educa hoje uma criança para se tornar uma mulher?
Não se torna mulher, é-se mulher. Educa-se dando os livros decisivos, muitos exemplos reais, fazendo-as acreditar que podem mesmo fazer o que quiserem e dizerem o que quiserem. Que não são menos do que os homens, mesmo que lhes digam que são e que têm menos valor (há países em que em tribunal têm de ir duas mulheres como testemunhas contra um homem, os seja uma mulher vale metade de um homem).
Pelo que luta, hoje, a figura feminina?
Tem de continuar a lutar pelos seus direitos que nunca estão garantidos (incluindo os direitos sexuais e reprodutivos). Atualmente estão em perigo. Num recente estudo sobre a Geração Z em Portugal, ficou visível que as mulheres são mais progressistas e os homens mais conservadores. É preocupante, mas ao mesmo tempo fica-se com a certeza de que as mulheres têm uma tendência para a conciliação e para o acolhimento. O eleitorado dos novos partidos de direita radical é muito masculino e muito jovem. É o traço populista destes partidos que afasta as mulheres, o discurso de conflito, violento, de respostas simples sem questões, de autoritarismo. Portanto, a mulher terá de continuar a lutar pelos seus direitos, porque estes movimentos radicais estão a ameaçar conquistas já feitas.
Como é a Catarina mãe?
Perguntem à Beatriz e ao João e à Maria e ao Francisco (meus enteados) (risos).
É uma mulher otimista por natureza?
Muito mesmo. Sou pela ação.
É curiosa?
Podia ser um apelido: curiosidade.
O que mais admira numa mulher?
O seu coração elástico. A sua diplomacia. A sua generosidade. A sua coragem. A sua resistência à dor. A sua inteligência emocional.
Consegue identificar uma mulher que seja uma referência para si?
A minha filha.
Quais são os «ingredientes» necessários para uma mulher ser bem-sucedida?
Querer! E saber exatamente o que quer e como define a palavra «sucesso». Conseguir olhar para si sem a pressão do exterior. Ouvindo e seguindo sempre, ao mesmo tempo, a sua intuição.
Como se distingue uma mulher elegante?
Quando os olhos não mentem.
Qual é o acessório de que não prescinde?
Brincos.
Uma mensagem para todas as mulheres.
Somos juntas!
Um momento sozinha...
Todos os dias, 5 minutos, não interessa onde estou, mas fico.
Sou várias Catarinas... Mulher, filha, mãe, amiga e também autora, documentarista... Não consigo escolher uma. Completo-me entregando-me intensamente de cada vez que estou a viver uma das minhas diferentes facetas.
Profissionalmente, do que mais se orgulha? E há ainda espaço para algum outro projeto?
Sem falsas modéstias, tenho muito orgulho na minha carreira, que já existe há 32 anos e foi construída com muito trabalho, coerência e seriedade. Mas escolho os meus documentários Príncipes do Nada sobre os Direitos Humanos.
Fala-se muito do empoderamento feminino e feminismo. Do respeito do homem pela mulher. Mas o que é que falta de mulher para mulher?
Falta efetivamente que todas as pessoas escolham ser feministas e defendam no dia a dia medidas que promovam a igualdade e paridade de oportunidades e escolhas para as raparigas e mulheres, porque está provado: toda a sociedade terá benefícios com essa equidade. Acredito e assisto a muitos exemplos de sonoridade. Falta as mulheres chegarem-se mais à frente, mas falta os homens deixarem. O machismo está enraizado.
«Falta as mulheres chegarem-se mais à frente, mas falta os homens deixarem»
Para si, o que é ser mulher?
A mulher é um canivete suíço. É muito interessante verificar (eu tenho esse exemplo) que as mulheres são absolutamente empreendedoras no sentido de tomarem conta da ocorrência, sem medo. Levam tudo à frente e são muito unidas, o que torna a nossa exigência, em relação aos homens, mais difícil (risos).
Nas minhas missões, por países como Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Sudão do Sul, Haiti, Índia, Bangladesh, Uganda, Gana, Líbano, Timor, Indonésia, Guiné-Bissau, Egito), conheci mulheres que são absolutamente transformadoras, que levam os países para a frente. Por isso, o lema da minha associação é: «Apoiar uma mulher é apoiar uma família, uma comunidade, um país».
Como é que se educa hoje uma criança para se tornar uma mulher?
Não se torna mulher, é-se mulher. Educa-se dando os livros decisivos, muitos exemplos reais, fazendo-as acreditar que podem mesmo fazer o que quiserem e dizerem o que quiserem. Que não são menos do que os homens, mesmo que lhes digam que são e que têm menos valor (há países em que em tribunal têm de ir duas mulheres como testemunhas contra um homem, os seja uma mulher vale metade de um homem).
Pelo que luta, hoje, a figura feminina?
Tem de continuar a lutar pelos seus direitos que nunca estão garantidos (incluindo os direitos sexuais e reprodutivos). Atualmente estão em perigo. Num recente estudo sobre a Geração Z em Portugal, ficou visível que as mulheres são mais progressistas e os homens mais conservadores. É preocupante, mas ao mesmo tempo fica-se com a certeza de que as mulheres têm uma tendência para a conciliação e para o acolhimento. O eleitorado dos novos partidos de direita radical é muito masculino e muito jovem. É o traço populista destes partidos que afasta as mulheres, o discurso de conflito, violento, de respostas simples sem questões, de autoritarismo. Portanto, a mulher terá de continuar a lutar pelos seus direitos, porque estes movimentos radicais estão a ameaçar conquistas já feitas.
Como é a Catarina mãe?
Perguntem à Beatriz e ao João e à Maria e ao Francisco (meus enteados) (risos).
É uma mulher otimista por natureza?
Muito mesmo. Sou pela ação.
É curiosa?
Podia ser um apelido: curiosidade.
O que mais admira numa mulher?
O seu coração elástico. A sua diplomacia. A sua generosidade. A sua coragem. A sua resistência à dor. A sua inteligência emocional.
Consegue identificar uma mulher que seja uma referência para si?
A minha filha.
Quais são os «ingredientes» necessários para uma mulher ser bem-sucedida?
Querer! E saber exatamente o que quer e como define a palavra «sucesso». Conseguir olhar para si sem a pressão do exterior. Ouvindo e seguindo sempre, ao mesmo tempo, a sua intuição.
Como se distingue uma mulher elegante?
Quando os olhos não mentem.
Qual é o acessório de que não prescinde?
Brincos.
Uma mensagem para todas as mulheres.
Somos juntas!
Um momento sozinha...
Todos os dias, 5 minutos, não interessa onde estou, mas fico.