VillaseGolfe
· Cultura · · T. Joana Rebelo · F. Direitos Reservados

Mulheres que abalaram o mundo

Igualdade de género: uma luta secular

Villas&Golfe Pub. PUB HOMES IN HEAVEN Pub.
Vidago Villa Pub.
PMmedia PUB Pub.
Era dia 8 de março de 1857 quando as operárias de uma fábrica de tecidos nos Estados Unidos da América se juntavam em protesto. Reivindicavam por dignidade, menos seis horas de trabalho e um salário igual ao dos homens. Acabaram por ficar trancadas dentro da fábrica e morreram queimadas. Aquele dia custou a vida de 143 pessoas e, 118 anos mais tarde, transformou-se oficialmente no Dia Internacional da Mulher. De facto, as décadas que abrigam a luta pela igualdade de género são longas e, pelo meio, o mundo tem conhecido figuras que marcaram a evolução da História: desde as que puseram a aviação a calçar sapatos altos às que revolucionaram a ciência, a arte, a moda e a política. Tantas, de diversas formas, com diferentes impactos. Falamos-lhe, hoje, de três.
O século XIX deu-nos Emmeline Pankhurst, uma das fundadoras do movimento sufragista feminino britânico. Em Manchester nasceu e casou com um advogado que, mais tarde, lhe serviu de apoio aos primeiros tempos de ação política. Em 1903, fundou a Women’s Social and Political Union, movimento que acabou por defender não só o direito ao voto da mulher, como temas mais controversos (para a época) como divórcio e herança. Esteve presa sete vezes até se consolidar o sufrágio feminino e, já no ano da sua morte, conseguiu atingir a maioria dos seus objetivos. Emmeline criou um padrão de sociedade que, até à data, parecia não ser possível, mostrando ao mundo uma nova ideia de se ser mulher.

Mulheres que marcaram a evolução dos tempos
De um anexo de uma fábrica do século XX descreveu a sua vida ao longo de dois anos, a partir de um diário que, mais tarde, ficou conhecido por toda a parte. O seu nome é Anne Frank e esta foi a menina que viveu o Holocausto e deixou o seu testemunho ao mundo, como forma de recordar a história que não se pode voltar a repetir. Aos 15 anos, morreu num campo de concentração, mas ainda hoje vive no meio de nós, no seu livro traduzido em 70 línguas, no esconderijo que se tornou a Casa de Anne Frank e na luta contra o racismo e a discriminação que ainda pairam sobre a humanidade.
Já quase na viragem para o século XXI nasce Malala Yousafzai, a jovem paquistanesa que luta pelo direito à educação das crianças na sua região de origem, no Paquistão. Esteve entre a vida e a morte, mas sobreviveu aos ataques por parte dos talibãs. A sua causa começou aos 11 anos, mas a idade não lhe tirou seriedade quando exigiu livros em detrimento de balas. Foi a pessoa mais jovem a ser distinguida com o Nobel da Paz – aos 17 anos – e, nos últimos anos, tem discursado nas Nações Unidas. O dinheiro que recebe em prémios é revertido em investimento para a sua ONG, o Fundo Malala, que até à data ajudou 60 milhões de crianças impedidas de frequentar a escola.
Emmeline Pankhurst
Emmeline Pankhurst
Anne Frank
Anne Frank
Malala Yousafzai
Malala Yousafzai
A figura feminina só alcançara a igualdade de género daqui a cerca de 300 anos

Como Emmeline Pankhurst, Anne Frank e Malala Yousafzai, tantas outras arriscaram a vida por uma causa. Agitaram sociedades e trouxeram à luz velhos convencionalismos e preconceitos. Carregaram às costas milhões de mulheres, depois de reunirem todas as lágrimas em palavras geradoras de mudança. Todas elas nos deram dias, horas e minutos. Um legado, uma herança. E nestas páginas ficam imortalizadas, as que vivem e as que já cá não estão fisicamente mas permanecem em espírito. Todas e cada uma: rostos de luta e espírito inquieto. Elas vêm de todos os tempos e latitudes. Nenhum cansaço as tocou. Às palavras de cada uma juntam-se, hoje, outras vozes, as do presente e futuro. Este ano, o Dia Internacional da Mulher fica gravado pelos milhares de mulheres que saíram à rua de punho erguido e cartazes na mão, sensibilizando para a tendência apontada pela Organização das Nações Unidas, que, ao ritmo atual, só daqui a cerca de 300 anos é que a figura feminina alcançará a igualdade de género. Trata-se de uma luta que se estende por séculos, que já apresentou resultados, mas que ainda falta cumprir. Até a luz vencer a escuridão, continuaremos a ouvir gerações como um hino de esperança, um hino de igualdade, que não olha a rostos ou países, apenas à universalidade.
Joana Rebelo
T. Joana Rebelo
F. Direitos Reservados
Política de Cookies

Este site utiliza Cookies. Ao navegar, está a consentir o seu uso. Saiba mais

Compreendi