De longe, o olhar apressa-se, roçando subtilmente construções estandardizadas que se foram construindo ao longo dos anos, mas, de repente, pousa num oásis de património monumental, uma obra de enorme valor artístico que se impõe pela sua grandeza e pela sua história. Bastará dizer que estamos em Queluz, para que o pensamento logo assome ao magnífico Palácio Nacional de Queluz.
Foi mandado construir, em 1747, pelo então infante D. Pedro, no mesmo local onde já existia um velho solar seiscentista. O projeto inicial teve o traço de Mateus Vicente de Oliveira, o arquiteto da Casa do Infantado. Posteriormente, seguiram-se outras campanhas de obras que visavam a ampliação e o enobrecimento do futuro palácio real, e a Mateus Vicente juntou-se, entre outros, o francês Jean-Baptiste Robillion, que viria a ser responsável pelas salas do Trono, dos Embaixadores e da Música, acrescentando também ao projeto primitivo a escadaria dos Leões e o Pavilhão Robillion. Da autoria do francês são também os jardins superiores, desenhados à moda de Versailles e pontuados por estatuária inspirada na mitologia clássica, para onde se abrem as fachadas principais. Aliás, não raras vezes, o Palácio é comparado ao Palácio de Versailles, diferindo, contudo, do conjunto de Luís XIV no sentido de escala e de proporções que a sua traça revela, quiçá com uma distribuição de valores gráficos mais equilibrada, dentro de um neoclassicismo ainda muito apegado ao rococó.
O Palácio Nacional de Queluz é marcado sobretudo por influências francesas e italianas.
De residência de verão e de festas, o Palácio Nacional de Queluz passou a ser lar permanente da corte até à partida da família real para o Brasil, em 1807. Aqui viveu ‘exilada’ a rainha Carlota Joaquina e, mais tarde, o seu filho, o rei D. Miguel. O rei D. Pedro IV ainda habitou por pouco tempo o Palácio, tendo falecido, em 1834, no quarto onde nascera, decorado com cenas da vida de D. Quixote.
Doado ao Estado em 1908 e considerado Monumento Nacional em 1910, o Palácio Nacional de Queluz é marcado sobretudo por influências francesas e italianas, quer nos espaços interiores, quer nos jardins, num período que percorre o barroco, o rocaille e o neoclássico. Constitui um notável conjunto monumental que apresenta uma vivência intimista da corte portuguesa de Setecentos e, simultaneamente, representa momentos de extraordinária relevância histórica e de afirmação do poder real. Expõe, atualmente, em ambientes de época, coleções de mobiliário, pintura, cerâmica, ourivesaria, escultura e tapeçaria, provenientes na sua maioria da Casa Real. A partir de 1957, o Palácio de Queluz tornou-se Residência Oficial de Chefes de Estado, acolhendo também, desde 2015, a Biblioteca de Arte Equestre D. Diogo de Bragança.