A história de azulejos decorativos remonta ao século XV, e a presença árabe da época também deixou marcas no território algarvio. Em Lagoa, cidade perto de Porches, os artesãos trabalharam a tradição do barro vermelho até inícios dos anos 60, restando apenas dois Oleiros na região. Eis que, passados poucos anos, dois artistas, Patrick Swift e Lima de Freitas, ousaram arriscar nesta área e levaram para a frente o sonho de dar continuidade à belíssima louça de barro artesanal. Assim se fundou a Olaria Algarve, em 1968.
Porches Pottery
Desenhando e colorindo histórias
Primeiramente, foi na pequena Olaria Pequena, em Lagoa, que iniciaram este projecto, com um forno a lenha do estilo tradicional, e só mais tarde passaram a ter o forno eléctrico. Em 1972, mudaram-se para Porches, onde, actualmente, se encontram as instalações, cujos espaços foram todos pensados e decorados por Patrick.
À época, Patrick começou por ensinar as meninas da aldeia de Porches, e tudo era feito manualmente. Hoje, continuam a trabalhar as peças do mesmo modo. A tradição mantém-se. A irmã mais velha de Juliet – Kate Swift – foi a primeira a trabalhar esta arte. Começou a pintar com o pai. Juliet foi viver para Dublin, durante 20 anos, e a irmã mais nova – Estella Swift –, era criança quando chegou ao Algarve. Kate adoeceu. Juliet teve de deixar Dublin e regressar a Portugal, a família precisava da sua ajuda. Ficou, até aos dias de hoje. Estella estudou em Londres, depois em Lisboa. E logo se rendeu aos encantos do Algarve. É a pintar e a produzir peças que Juliet passa o seu tempo. Expandindo as suas ideias, fazem com que a chamada ‘rotina’ não lhes bata à porta. Na Porches Pottery desenham-se os pensamentos criativos (de Juliet e Estella) e as vontades alheias (o que o cliente pede). E Juliet, com sua dedicação a esta arte, já motivou o filho – realizador de cinema na Irlanda –, a juntar-se a esta equipa.
Na Porches Pottery produzem-se peças decorativas, mas não só. A variedade é infinita. Jarras, tigelas, vasos, serviços de jantar… As irmãs, Estella e Juliet, desenham as peças. Antigamente as peças em barro eram produzidas, também, na Porches Pottery. Agora, têm um moleiro que lhes produz as peças tradicionais, que ambas desenham, e na olaria apenas se lhes dá cor, com os desenhos que nelas pintam. A tradição mantém-se: «Tentamos sempre, mesmo quando há inovação, que as peças sejam dentro da mesma linha», realça Juliet. Uma peça pode demorar a ser pintada entre uns meros minutos e umas largas horas. Tudo depende do tipo de produto em que estão a trabalhar. 90% da produção desta casa é vendida na loja, espaço físico, e o restante é vendido através da loja online.
Pintura à mão livre. Peças inspiradas nos povos que passaram pelo território algarvio, como os mouros, que inspiraram o desenho do cão de caça e da lebre; a árvore da vida veio da inspiração Ibérica; os romanos e cristãos motivaram o desenho do peixe; e a flora existente no Algarve inspira sempre os padrões mais florais...
Oonagh Swift, viúva de Patrick, geriu o negócio por mais de 20 anos, com o apoio das filhas. Hoje, é Juliet e Estella que levam o barco a bom porto. Desenhando e colorindo peças de barro vermelho.