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Porches Pottery

Desenhando e colorindo histórias

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A história de azulejos decorativos remonta ao século XV, e a presença árabe da época também deixou marcas no território algarvio. Em Lagoa, cidade perto de Porches, os artesãos trabalharam a tradição do barro vermelho até inícios dos anos 60, restando apenas dois Oleiros na região. Eis que, passados poucos anos, dois artistas, Patrick Swift e Lima de Freitas, ousaram arriscar nesta área e levaram para a frente o sonho de dar continuidade à belíssima louça de barro artesanal. Assim se fundou a Olaria Algarve, em 1968. 

O projecto da Olaria Algarve iniciou pouco tempo depois do pai de Juliet Swift, com quem estivemos à conversa, Patrick Swift, artista de artes plásticas irlandês, ter visitado o Algarve, em 1962. Depois de ter viajado por França e Itália e de ter estado em Londres, onde trabalhou no Jornal de Literatura, Patrick quis conhecer outros mundos, e, na altura, pensou em Espanha. Mas um tio seu, já conhecedor de Portugal, mais precisamente do sul do país, convenceu-o a visitar o Algarve. De acordo com o testemunho de Juliet esse tio havia dito a seu pai: «se estiveres interessado numa luz linda, num país que realmente é um paraíso, não vás para Espanha, mas tenta ir para o Algarve». E Patrick, aventurando-se, foi até ao Algarve. E ficou. Instalou-se em Carvoeiro. Passados seis meses regressou a Londres, mas apenas para vender o apartamento onde antes morava. Volta ao Algarve e conhece Lima de Freitas – falam sobre as olarias que existem em Lagoa. Deitam mãos à obra e começam a produzir peças com o barro vermelho – que é tradição tanto em Espanha, como em Itália. Trata-se de barro vermelho com o vidrado branco (este vidrado é uma mistura de latão e sílica) e com a majólica (lata vitrificada de barro). Pinta-se por cima do vidrado ‘cru’, que é como pintar em cima de um pó, com tintas de alto fogo, que são todas baseadas nos metais. 
Primeiramente, foi na pequena Olaria Pequena, em Lagoa, que iniciaram este projecto, com um forno a lenha do estilo tradicional, e só mais tarde passaram a ter o forno eléctrico. Em 1972, mudaram-se para Porches, onde, actualmente, se encontram as instalações, cujos espaços foram todos pensados e decorados por Patrick. 

À época, Patrick começou por ensinar as meninas da aldeia de Porches, e tudo era feito manualmente. Hoje, continuam a trabalhar as peças do mesmo modo. A tradição mantém-se. A irmã mais velha de Juliet – Kate Swift – foi a primeira a trabalhar esta arte. Começou a pintar com o pai. Juliet foi viver para Dublin, durante 20 anos, e a irmã mais nova – Estella Swift –, era criança quando chegou ao Algarve. Kate adoeceu. Juliet teve de deixar Dublin e regressar a Portugal, a família precisava da sua ajuda. Ficou, até aos dias de hoje. Estella estudou em Londres, depois em Lisboa. E logo se rendeu aos encantos do Algarve. É a pintar e a produzir peças que Juliet passa o seu tempo. Expandindo as suas ideias, fazem com que a chamada ‘rotina’ não lhes bata à porta. Na Porches Pottery desenham-se os pensamentos criativos (de Juliet e Estella) e as vontades alheias (o que o cliente pede). E Juliet, com sua dedicação a esta arte, já motivou o filho – realizador de cinema na Irlanda –, a juntar-se a esta equipa. 

Juliet Swift e Estella Swift

Na Porches Pottery produzem-se peças decorativas, mas não só. A variedade é infinita. Jarras, tigelas, vasos, serviços de jantar… As irmãs, Estella e Juliet, desenham as peças. Antigamente as peças em barro eram produzidas, também, na Porches Pottery. Agora, têm um moleiro que lhes produz as peças tradicionais, que ambas desenham, e na olaria apenas se lhes dá cor, com os desenhos que nelas pintam. A tradição mantém-se: «Tentamos sempre, mesmo quando há inovação, que as peças sejam dentro da mesma linha», realça Juliet. Uma peça pode demorar a ser pintada entre uns meros minutos e umas largas horas. Tudo depende do tipo de produto em que estão a trabalhar. 90% da produção desta casa é vendida na loja, espaço físico, e o restante é vendido através da loja online. 

Pintura à mão livre. Peças inspiradas nos povos que passaram pelo território algarvio, como os mouros, que inspiraram o desenho do cão de caça e da lebre; a árvore da vida veio da inspiração Ibérica; os romanos e cristãos motivaram o desenho do peixe; e a flora existente no Algarve inspira sempre os padrões mais florais... 
Oonagh Swift, viúva de Patrick, geriu o negócio por mais de 20 anos, com o apoio das filhas. Hoje, é Juliet e Estella que levam o barco a bom porto. Desenhando e colorindo peças de barro vermelho. 

Maria Cruz
T. Maria Cruz
F. ©PMC
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