VillaseGolfe
· Cultura · · T. Ana Monteiro · F. Direitos Reservados

Ribeira Lima

Arquitetura e cultura: uma visita aos solares de Ponte de Lima

Villas&Golfe Pub. PUB HOMES IN HEAVEN Pub.
Vidago Villa Pub.
PMmedia PUB Pub.
De entre todos os bens que impelem à ostentação, as casas são por excelência uma manifestação visual de maior ou menor qualidade de vida. Desde sempre, casas são lugar de abrigo, no seu sentido mais simples e despojado, mas, no escalar das ambições humanas, são também lugares de beleza, conforto e símbolo de grandeza. Há também um valor emocional associado às casas, essas que são lar e palco de variadas vivências e narrativas de vida, afirmando-se como verdadeiros lugares guardadores de memórias.
Os solares, ou palacetes, são casas de origem de famílias nobres. A eles se associam também, comummente, residências mais antigas que revelam luxo e conforto relativos a uma determinada época. São, isso sim, edifícios emblemáticos, arquitetonicamente ricos e, sem dúvida, historicamente importantes. E são, acima de tudo, património. Esse que importa preservar e cuidar, porque é a identidade de uma região, a voz de várias gerações e a herança cultural de séculos de história.
Em Portugal, a construção de solares deu-se, maioritariamente, a partir do século XV, época particularmente rica, em que o país se assumia como um império. Neles moravam nobres e famílias pertencentes à elite tradicional de uma região ou cidade. A par dos solares, proliferaram muitas outras casas senhoriais e casas antigas dignas de apreciação de norte a sul do país. Em Ponte de Lima, este fenómeno ganhou especial relevo, já que a vila mais antiga de Portugal reserva o maior conjunto de solares barrocos existente no país, com a arquitetura civil a ganhar especial esplendor e dimensão durante os séculos XVII e XVIII. Atualmente, Ponte de Lima é berço de um legado histórico ancestral e vale a pena retomarmos, aqui, a etimologia da palavra «solar», já que tem origem na palavra latina «solum», que significa solo ou terra. Há, portanto, a ideia de que um solar corresponde ao lugar onde uma família nobre se enraizou e se manteve ao longo de vários séculos, dando continuidade à sua linhagem e mantendo a propriedade sob o mesmo epíteto familiar, o que ainda acontece com algumas casas históricas do vale do rio Lima.

E se estas casas são de facto dignas de contemplação e preservação, é certo também que são dignas de despertar os mais líricos pensamentos e curiosidades. Afinal, quantas vidas, lágrimas ou risos, não tocaram aquelas paredes? Talvez por isso tantos escritores se tenham inspirado nos passeios pela Ribeira Lima, desde Guerra Junqueiro a Ramalho Ortigão, que a definiu como «a porção de céu e de solo mais vibrantemente viva e alegre, mais luminosa e mais cantante».
O nosso convite é esse mesmo. Visite e inspire-se. Em Ponte de Lima, a paisagem convida a desfrutar do património arquitetónico, histórico, cultural e imaterial, sem nunca esquecer as gentes tão acolhedoras e as saborosas iguarias. Mas, aprofunde, e permita-se a uma oportunidade única – a de conhecer e pernoitar numa das casas senhoriais do concelho. Em Ponte de Lima, existe uma grande variedade de solares ou casas antigas, quintas ou casas rústicas que pode visitar. Entre elas, a Casa de Abades, a Casa da Lage, a Casa do Outeiro, a Torre de Refóios, a Casa do Cruzeiro, a Casa das Torres, o Paço de Calheiros e o Paço de Vitorino, entre outros. 
Entre alguns dos pormenores que lhe poderão aguçar a vontade de ir e ficar, destacamos a Casa do Outeiro que sofreu pilhagens durante as invasões francesas e foi sendo reconstruída, preservando o espírito fidalgo de uma família tradicional do Minho; ou o magnífico Paço de Calheiros, um exemplar setecentista da arquitetura civil portuguesa, que se mantém na família até ao presente e cujas origens recuam até antes da fundação de Portugal, ou ainda a Casa da Lage, uma belíssima casa senhorial dos fins do século XVII, exuberantemente restaurada, com uma decoração requintada e uma piscina interior aquecida. E espaço ainda para o Paço de Vitorino, um hotel que renasceu da reconstrução de uma casa senhorial do século XVI, detentor de um jardim esplêndido que remonta à época barroca.
Mas opções não lhe vão faltar, certamente, porque em vários recantos de Ponte de Lima será fácil esbarrar num destes selos de história, verdadeiras casas de requinte, qualidade e conforto, mas sobretudo de memórias antigas... e novas à espera de serem feitas por si.

Ana Monteiro
T. Ana Monteiro
F. Direitos Reservados
Política de Cookies

Este site utiliza Cookies. Ao navegar, está a consentir o seu uso. Saiba mais

Compreendi