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· City break · · T. Maria Cruz · F. ©PMC

Alto Alentejo

Uma viagem cultural

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Castelo de Marvão

Imagine-se a desfrutar de sete dias pelo Alto Alentejo, a uma temperatura quente e agradável. Este verão último, fomos conhecer, mais de perto, algumas das vilas alentejanas, os seus monumentos, a comida típica e os lugares inesquecíveis. As estradas, em bom estado, proporcionaram uma viagem confortável. Sem trânsito, as vistas sobre as planícies da região prendiam-nos a cada momento. Esta é uma viagem para se fazer em qualquer altura, seja com um tempo soalheiro ou em dias mais frescos, a experiência é enriquecedora.  
Quer se parta do norte de Portugal, do centro ou do sul, pelo caminho encontram-se cenários únicos. Portugal é lindo! Não interessa onde é o ponto de partida, porque na hora de chegar a certeza é só uma: valeu a pena. Valeu percorrer as estradas nacionais, com algumas paragens obrigatórias, e avistar as maravilhas que há por descobrir. Nestes sete dias de viagem, pernoitámos na Pousada de Marvão (Pousadas de Portugal), no distrito de Portalegre, dentro das muralhas do Castelo de Marvão – o castelo Medieval –, inserido no Parque Natural da Serra de São Mamede, e que foi palco de diversas batalhas e lutas políticas. No cimo, as montanhas escarpadas e a paisagem serrana do Marvão têm muito para exibir: a Capela do Calvário, o Museu Municipal, a Igreja Matriz do Séc. XV, as ruas estreitas, mas cuidadosamente tratadas, a arquitetura das casas, as heranças góticas e manuelinas e a passagem do rio Sever, afluente do rio Tejo. As muralhas do imponente Castelo de Marvão, do Séc. XIII, são testemunhas do passado, mas também do presente e futuro. Do cimo da serra, avista-se a vila lá em baixo, as ruínas da cidade romana de Ammaia e, lá longe, a fronteira de Portugal e Espanha. «(…) É esta vila praça de armas, a mais inconquistável de todo o Reino; da parte do sul é inacessível, de tal sorte que só aos pássaros permite entrada (…)», palavras de Prior Frei Miguel Viegas Bravo, nas Memórias Paroquiais de 1758. De facto, toda a imponente rochosa está bem fortificada. A paisagem é deslumbrante, e ter tempo para percorrer todo o recinto valerá, sempre, muito a pena. «Mui nobre e Sempre Leal» Vila de Marvão, era assim denominada pela Rainha D. Maria II.

Depois de conhecidas as muralhas de Marvão, fomos à descoberta de Alter do Chão – visitámos o Castelo de Alter do Chão, a Coudelaria e Alter Pedroso. O castelo é característico da arquitetura medieval trecentista, de estilo gótico, e está erguido a 270 metros acima do nível do mar. A torre de menagem encontra-se ligada ao portal principal; nos ângulos da fortaleza podemos encontrar dois cubelos cilíndricos, que complementam o sistema defensivo, e duas torres de planta quadrangular e um torreão quadrangular. O Castelo de Alter do Chão teve serventia quando a Península Ibérica foi invadida pelos romanos. Entre batalhas e conquistas, o castelo teve várias serventias, tendo chegado a ser utilizado como prisão. Em junho de 1910, foi classificado como Monumento Nacional e passou a ser pertença da Fundação da Casa de Bragança. Visitámos, de seguida, a Coudelaria Real de Alter do Chão – o reino do puro cavalo Lusitano, desde 1748. A Coudelaria Nacional, composta por 800 hectares de terrenos e paisagens maravilhosas, dedica-se à nobreza do Lusitano. Aqui, espreite a história da Coudelaria e o Museu, e, se tiver tempo, desfrute de umas lições de equitação ou passeie pelas terras e aviste as éguas a pastar ou, então, perca-se na Casa dos Trens, onde a coleção de carros de cavalos o fascinará. Depois, siga caminho até ao Miradouro de Alter Pedroso – situado a cerca de 400 metros de altura, da aldeia de Alter Pedroso. A vista é fabulosa, sobre a inconfundível paisagem alentejana. Reflita, nem que seja por segundos, enquanto a brisa se movimenta nos cabelos. Paz de espírito é o que sentirá. Neste local restam as ruínas do que em tempos fora um castelo Medieval, datado do Séc. XIII. Se subir ao cimo do monte e aceder ao miradouro, que rodeia o marco geodésico, poderá ver as vilas de Alter do Chão, Crato, a cidade de Portalegre e a Serra de S. Mamede.
Sem sairmos do distrito de Portalegre, continuámos à descoberta da História. Encontrámos a povoação de Amieira do Tejo e visitámos o Castelo da Amieira – está integrado na longa e antiga linha de defesa de fortalezas do Tejo. As suas características artísticas e arquitetónicas fundamentaram o decreto que o classificou Monumento Nacional, em 1922. O castelo apresenta uma planta quadrada, com quatro torres, e terá sido construído por indicação de D. Álvaro Gonçalves Pereira, entre 1350-1360. No recinto do castelo, restam as árvores de fruto e as muralhas intactas. No interior de uma das torres, pode ser vista a exposição permanente, com a história do monumento. E, também, mesmo junto ao castelo, pode visitar a Capela de São João Batista, cujas paredes de pedra estão revestidas com argamassa. E, se depois der um salto até à beira-rio, quem sabe não assiste, como nós, a um momento de pesca artesanal.
Os dias foram passando, e nós fomos conhecendo novos locais. Chegou a vez de conhecer Arraiolos e o seu castelo Castelo de Arraiolos – considerado um dos mais belos e emblemáticos do mundo pela port.com. O património que outrora defendeu as fronteiras do seu território, e data de 1305, hoje é uma atração turística e é um dos poucos no mundo construído com uma arquitetura circular. O tempo levou-lhe parte da sua estrutura interior, embora as muralhas se mantenham conservadas. Encontra-se no cimo do monte de São Pedro, tornando possível uma vista de 360º sobre a vila. A Igreja Matriz, no interior do recinto do castelo, sobressai mais ainda. Também em Arraiolos, fomos conhecer os Tapetes de Arraiolos – visitámos o Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos. Vale a pena. A história composta por partes, as peças artesanais da época e a presença de uma senhora a bordar à mão um Tapete de Arraiolos, tal como se fazia no ‘antigamente’, convidam a uma visita demorada.  São verdadeiras obras de arte, cuja tradição está bem presente e viva nesta vila, sendo que a mais antiga referência aos Tapetes de Arraiolos remonta aos finais do Séc. XVI. 

Castelo de Alter do Chão
Castelo de Alter do Chão
Coudelaria Real de Alter do Chão
Coudelaria Real de Alter do Chão
Castelo da Amieira
Castelo da Amieira
Castelo de Arraiolos
Castelo de Arraiolos
Tapetes de Arraiolos
Tapetes de Arraiolos
Tapetes de Arraiolos
Tapetes de Arraiolos
Tapetes de Arraiolos
Tapetes de Arraiolos

Como foi de história que pautou a nossa viagem seguimos até Crato – uma pequena vila com cerca de 1600 habitantes. Parámos para descansar na Pousada Mosteiro Crato, na localidade de Flor da Rosa, que fica a cerca de 20 km de Portalegre. Do Mosteiro de Santa Maria nasceu uma belíssima e luxuosa pousada. O estilo gótico e a traça do edifício mantiveram-se intactos, conservando este monumento emblemático.  
E continuamos pela estrada. «Ó Elvas, Elvas! Badajoz à Vista». Fomos a Elvas – conhecemos as muralhas da cidade, o Castelo de Elvas e o Forte da Graça. Vagueámos pelas ruas da cidade que, desde a Idade Média até ao Séc. XVIII, serviu de defesa da zona raiana do Alto Alentejo, numa época em que o perigo espreitava de perto, vindo de Espanha. As cortinas das muralhas e as casas tradicionais mantêm-se, e, bem próximo, encontra-se o rio Guadiana. Parámos para almoçar no restaurante Adega Regional, que fica no interior das muralhas. Terminados, subimos até ao Forte de Nossa Senhora da Graça – também denominado por Forte Conde de Lippe –, que fica a um quilómetro da cidade, na freguesia de Alcáçova. Do cimo do Monte da Graça, a vista é arrebatadora. O Forte, considerado, em 2012, Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, é detentor de uma beleza preciosa. Atualmente está inserido em roteiros históricos baseados em heróis portugueses. O Forte resistiu às tropas espanholas durante a chamada Guerra das Laranjeiras (1801) e a muitas outras invasões. Concluída a visita a esta terra lendária, demos um salto a Badajoz – não estivesse a cidade espanhola a cerca de 10 minutos de Elvas. Saímos da Rota do Alto Alentejo, mas valeu a pena este desvio até à Extremadura. Visitámos, apenas, a Alcáçova de Badajoz – uma cidadela inserida no centro histórico de Badajoz, rodeada de encostas íngremes e ambiente natural. A cidade foi fundada em 892 por Ibne Maruane.
De novo na busca por territórios com histórias e lendas, chegámos ao distrito de Évora e visitámos o Castelo de Estremoz – erguido sobre a colina ao norte da serra de Ossa. Serviu na defesa da raia alentejana. Estremoz está ligada a episódios militares da História de Portugal. Foi no castelo que a Rainha Santa Isabel faleceu, em 1336.
Fomos, também, até Castelo de Vide – localidade que recebe o festival «Andanças». Bebendo do seu caráter romântico, dos seus belos jardins e de uma vegetação única, descansámos na Barragem da Póvoa – a segunda maior albufeira do distrito de Portalegre, que fica a 5 km da vila. Subimos a longa escadaria até à Ermida de Nossa Senhora da Penha – edificada no Séc. XVI –, na Serra de São Paulo. Do cimo, as vistas recaem sobre a vila de Castelo de Vide. A construção é simples, a capela-mor é redonda e o interior é forrado com azulejos.
Pulando até ao distrito de Castelo Branco, abrandámos ritmo na Vila Velha de Rodão – onde encontrámos o famoso Monumento Natural das Portas de Rodão. Visitámos o Castelo de Ródão, completamente rodeado por paisagem negra, devido às chamas que por ali andaram este verão, mas nem isso retirou a beleza ao monumento. Do alto dos seus muros, as vistas sobre as Portas do Rodão – um monumento geológico natural – e o vale do Tejo deslumbram. As Portas do Ródão são resultante da interseção do duro relevo quartzítico da Serra das Talhadas com a corrente do rio Tejo. Quisemos fazer a viagem de barco, e, sim, tem-se uma melhor visão sobre as paredes escarpadas, com cerca de 170 m de altura. As duas ‘portas’ separam, de um lado, a Beira Baixa, na margem esquerda, com o Conhal do Arneiro, e, da margem direita, Vilas Ruivas. No passeio de barco, se desligar os motores, é-lhe possível percecionar a avifauna – habitat de grifos de Portugal, assim como de cegonha-preta ou milhafre-real.
Não querendo deixar o Alto Alentejo sem voltar a passar por terras vizinhas, como a cidade de Cáceres – cidade feudal, espanhola, palco de históricas batalhas entre Mouros e Cristãos –, fomos conhecer um pouco das histórias dessa terra. A sua narrativa está refletida na arquitetura existente na cidade – uma mistura de Românico, Árabe, Gótico e Renascentista. É uma cidade Romana, bonita e interessante, considerada o terceiro Conjunto Monumental Europeu, em 1968, e Património da Humanidade pela UNESCO, em 1986. Encontrará torres, palácios e casas senhoriais para visitar. E deixe-se conquistar pelas muralhas da Plaza Mayor. 
Às vezes, é difícil fugir à rota programada para determinada viagem e, por isso, no último dia partimos até à praia da Comporta – fica a cerca de 3 horas do Marvão, onde nos encantámos com os verdes arrozais (a produção de arroz é umas das atividades da região) e assistimos a um magnífico pôr do sol, na praia da Herdade da Comporta, quase deserta e de areias brancas, na corrente da costa da Comporta, onde acaba a terra e começa o mar. 

Pousada Mosteiro Crato
Pousada Mosteiro Crato
Nossa Senhora da Graça Fort
Nossa Senhora da Graça Fort
Ermida de Nossa Senhora da Penha
Ermida de Nossa Senhora da Penha
Barragem da Póvoa, Castelo de Vide
Barragem da Póvoa, Castelo de Vide
Castelo de Estremoz
Castelo de Estremoz
Cáceres
Cáceres
Cáceres
Cáceres
Portas do Rodão
Portas do Rodão
Praia da Comporta
Praia da Comporta
Maria Cruz
T. Maria Cruz
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