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· Gourmet · · T. Joana Rebelo · F. Pedro Kirilos

O Rochedo

Trazer o mar à mesa   

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Com lugar cativo em Priscos, na margem da EN 14, o restaurante Rochedo é produto de um feliz acaso, passando de pouco conhecido a responsável por trazer à mesa dos bracarenses (e de todos aqueles que o procuram) o peixe mais fresco. Desafiando critérios e convenções, a casa exibe feições modernas e tons suaves, mostrando-se um espaço convidativo para quem de marisco é apreciador. 
Logo à entrada, na sala principal, surge a vitrina frigorífica, inusitada. O peixe e marisco que a compõe prendem a atenção, até que o campo de visão nos orienta para algo igualmente convidativo: a variedade de champanhes. Num jogo de sedução entre as garrafas e o marisco, decidimos escolher a mesa. Contam-se duas salas amplas, no caminho para o destino. E uma cave, apenas para os autorizados. Enquanto aguardamos pelo pedido, temos na boca salada de polvo e no olhar o que se passa em redor. Rapidamente percebemos que a dinâmica do Rochedo tem tanto de marisqueira como de snack. Um conceito curioso. O devaneio escapa-se quando na nossa direção vem o preparado. Arroz de robalo, camarão tigre grelhado e uma sapateira recheada a acompanhar. Tout pour nous. De intervenção culinária mínima, o sabor natural dos alimentos é o que prevalece. Escolhido nas lotas de Póvoa de Varzim, o peixe sabe a maresia. E que bom que é. Carnes grelhadas também entram no menu, se não for adepto do que provém do mar. Recomenda-se o naco de boi e a posta mirandesa, ambas sugestões certeiras. 

Paulo Teles quebrou convenções e plantou um restaurante a 30 km do mar
Pensando no rumo que o restaurante seguiu, é caricato saber que Paulo Teles, o proprietário do Rochedo, dedicou grande parte da vida à gestão dos seus talhos e, por circunstâncias da vida, está hoje a trazer o mar para terra. Contou-nos, em conversa, que no início se sentiu perdido, mas que fez parte do processo aprender a ser empregado de mesa, a cozinhar, a entender um pouco de marketing e de relações públicas. Quando se deu a abertura do restaurante, confessou-nos a desvalorização que sentiu por parte da gente da terra. «Um restaurante de peixe, isto nunca vai a lado nenhum», diziam-lhe. A verdade é que Paulo quebrou convenções e plantou um restaurante a 30 km do mar. E vingou. 
Depois de uma degustação atenta, à mistura com pensamentos que o palato faz surgir, reservamos uns minutos para a barriga repousar, sobrando tempo para mirar a variedade de peixe que é servida em volta. Sardinhas miúdas, robalo, tamboril, lulas e polvo é o que vemos, mas a vitrine garante mais opções. Merecedor de destaque é também o vinho. Fitamos alguns dos mais conhecidos e reputados rótulos, saltando-nos à vista a garrafa Vidago Villa. «Eu pego naquela garrafa, Vidago Vila, e já gostei antes de provar. Acho que é o topo dos brancos», diz-nos o gerente. Paulo estima um investimento de 100 mil euros na sua garrafeira, garantindo abranger desde os vinhos médios aos de topo. 
Entretanto chega o doce, para cortar o travo salgado. É-nos servido um pudim abade de priscos, típico da zona, e um cheesecake de frutos vermelhos. Tudo caseiro, garantem. Degustações feitas, bem recebidos e já satisfeitos, é hora de nos despedirmos do Rochedo e do seu espaço fresco e moderno. Como dizem, «comida feita, companhia desfeita». Esperamos voltar.
Joana Rebelo
T. Joana Rebelo
F. Pedro Kirilos
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