É debaixo da ramada (das videiras) onde se comem iguarias típicas da terra. E é por ser da terra, de onde saem muitos dos alimentos confeccionados no restaurante o Victor, na Póvoa de Lanhoso, em Braga, que o difícil é escolher. Se, por um lado, o famoso prato de Bacalhau com batata ao murro nos preenche os olhos e o palato, por outro, a presença de uma Costela de Vitela Barrosã, ou o Bife de Boi e o Cabrito da aldeia – ambos por encomenda –, prende-nos aos sabores a qualquer momento. Diante disso, o melhor mesmo é: ir, sentir, e, claramente, voltar.
Restaurante O Victor
Sabores que ficam para sempre
Por cá, já se perdeu a conta às figuras conhecidas que tiveram a oportunidade de conhecer este espaço e, claro, o Sr. Victor, que é a figura desta casa. Há quase 50 anos que serve o melhor que sabe fazer: gastronomia tradicional. Foram inúmeras as vezes que Jorge Amado – um dos melhores escritores brasileiros de todos os tempos – por ali passou, pois é na parede da sala principal (aquela que fica debaixo da ramada) que os retratos contam as histórias. E são muitas.
Mas a história desta casa vem muito detrás. Quando o pai do Sr. Victor, João Peixoto, abriu a mercearia na aldeia, em 1935. Era apenas uma mercearia, que não tardou em passar a taberna, ainda que pequena, e era ali, também, onde viviam os seus pais e onde mora, desde sempre, o Sr. Victor. Mais tarde, em 1971, com autorização do pai, o Sr. Victor começou a mudar o conceito de tasca para restaurante. Certo é que, de lá para cá, e desde que tomou rédeas ao negócio, nada mudou na gastronomia, apenas os anos foram passando e, hoje, o Sr. Victor, ainda que pareça ter uma frescura no olhar e a juventude no pensamento, quando nos fala do seu espaço, é no corpo onde sentimos o cansaço do passar do tempo. Mas ele continua lá, a servir como sempre o fez. Do mesmo jeito. E é com o apoio das filhas (Angelina e Olga), os seus dois ‘braços direitos’ que leva o bom nome do restaurante a bom porto.
«O restaurante O Victor celebra 50 anos em 2021»
Posto isto, é hora de percorrer quilómetros, se for o caso, entrar no restaurante O Victor, sentir o cheiro do bacalhau seco, que está pendurado logo na entrada – onde era a antiga mercearia, onde vendiam, e continuam a vender, o bacalhau, porque antigamente, «nos tempos difíceis destas aldeias não havia peixe, mas havia bacalhau. E o meu pai, quando abriu a mercearia, teve logo o cuidado de ter muito bom bacalhau. Então, a partir daí, continuamos a ter clientes fiéis que, ainda hoje, vêm comprar cá o bacalhau, principalmente, para o Natal», conta-nos o Sr. Victor –; seguidamente, é só caminhar em direcção à ramada, ser recebido pelo sorridente octogenário da casa, e ver os bolinhos de bacalhau, a chouriça assada, o queijo da região e a alheira regional chegarem à mesa, em forma de boas-vindas. E depois?! Depois é só esperar que o prato principal lhe encha a alma e o satisfaça. E, no fim, é só adoçar a boca com o pudim de pão ou o leite creme. Ah, uma outra coisa, esta casa está aberta sete dias por semana. Bom apetite!