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· Gourmet · · T. Joana Rebelo · F. Direitos Reservados

UAUCacau

Uma carta de amor aos sabores da terra

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Trufa caramelo e flor de sal
Da ilha da Madeira ficam-nos os pratos insulares e a poncha com vistas diretas para o mar. Mas se o desejo é eternizar os sabores e empacotá-los numa caixa de dimensões transladáveis no avião, a UAUCacau é capaz de o concretizar. 
É naquela rua da Queimada de Baixo, no número 11, que bombons mágicos conjugam doses equilibradas de sabor e suavidade. De um momento para o outro, o chocolate deixa de ser aquilo que originalmente conhecemos para se tornar no retrato do Vinho Madeira. Ou do maracujá. Ou da poncha. Na verdade, a vitrine dir-nos-á o que sairá melhor por estes tempos, mas inegável é a frescura que imana para o exterior, reproduzindo um efeito de atração para quem desconhece ou lá não vai faz tempo. Parece que a velha máxima de que os olhos também comem começa a fazer sentido, algo que viríamos a comprovar momentos depois.
A pronúncia madeirense e os bombons elegantes recebem-nos, alegres, assim que entramos no espaço da UAUCacau. No seu interior, acolhe-nos um castanho fosco, que cria a ilusão de que estamos dentro de uma tablete de chocolate. Os candeeiros que pairam por cima das cabeças parecem bombons cortados ao meio e, no lado côncavo, mais parece que a lâmpada deu lugar a um diamante em bruto. É ao centro que estão exibidos os cobiçados chocolates, que nos fitam com um ar deleitoso. Perante uma panóplia de cores e recheios, acabamos por degustar os best-sellers – bombons de maracujá, poncha e vinho madeira –, todos com cremosas texturas, capazes de gerar uma experiência estimulante na boca, graças à fusão do cacau belga com os sabores marcantes da terra. Um momento que dura segundos, mas desejamos que se prolongue por minutos. E, numa linha de pensamento sem fim, a curiosidade sobre a produção daquelas pequenas doces tentações conduz-nos até Tony Fernandes, o proprietário da UAUCacau.

Recheios inconfundíveis, feitos de matérias-primas de agricultores locais
Rum
De pronúncia vincada e simpatia desmedida, o mestre chocolateiro logo se mostrou disponível para contar a história da confeitaria e, de certa forma, da sua vida. Seguramente que aquela não seria a primeira vez que o questionavam sobre o assunto, já que resumiu em poucas palavras todo o percurso até então: «A paixão pelo universo do chocolate teve início em 2007, após receber uma proposta de trabalho numa pastelaria que também produzia chocolate. Estive lá durante um ano, onde aprendi a trabalhar as bases do chocolate. Demorou pouco mais de um ano até o negócio fechar e, com o tempo, decidi alugar um restaurante meu, com os chocolates da minha autoria». Com pesar seu, o negócio não correu como o esperado e o mestre chocolateiro decidiu reduzir à quantidade e apostar na autenticidade do conceito, optando por abrir um pequeno laboratório em casa, destinado à produção de chocolate. O resto..., o resto resume-se a uma história de sucesso e, cá para nós, Tony sempre soubera que era uma questão de tempo até ter um local que pudesse chamar de seu. 
Passaram-se os anos e a aposta continuou a recair no que de melhor a ilha lhe dá. Hoje, Tony Fernandes aprofunda a produção artesanal, trabalhando com parceiros de matérias-primas locais, que lhe fornecem das mais variadas polpas de fruta, desde maracujá e banana a goiaba e tomate inglês. Tendo ‘na manga’ os sabores que mais marcam a experiência dos que visitam o arquipélago, o mestre chocolateiro investe no cacau belga e molda-o a um processo de confeção rigoroso, que passa pelo recheio, a pasteurização da fruta, a inserção da ganache e a pintura.

Salpicar de doce o mapa das ilhas e, aos poucos, do continente
Numa fase posterior, passa-se ao processo de selagem e a categorização dos bombons. Importante será referir que o método de confeção a que os chocolates estão sujeitos é natural, que o diga Tony: «A manteiga de cacau pura é o que utilizamos para a pintura dos chocolates. Tentamos, dia após dia, eliminar tudo o que faça mal à saúde, tentando tornar o produto o mais natural possível». Além de refinado e deleitável, o produto da UAUCacau respeita o estado puro da matéria-prima, dispensando corantes e conservantes que o possam camuflar de um aspeto mais atrativo ou duradouro.
Também o glúten sai fora da equação, já que o chocolate dispensa os farináceos, ao contrário da tabela nutricional, que é inerente a todo e cada produto da marca madeirense. Quanto à durabilidade dos bombons, saiba que lhes está destinado um estágio de dois meses, pelo que não parece uma preocupação, dado o aspeto irresistível que patenteiam
O título de marca de chocolate mais procurada da ilha pertence à UAUCacau, esta que, atualmente, conta com quatro lojas no Funchal. Aos poucos, Tony tem colocado o produto no continente, estando já acessível no Porto, junto ao Bolhão. A estratégia do chocolateiro parece clara: aliar-se aos locais premium, para garantir exclusividade. E assim tem funcionado. A salpicar de doce o mapa das ilhas e, aos poucos, do continente, a marca mantém o foco no chocolate, mas não nega a abertura a outras opções, já que o clima tropical da ilha nem sempre facilita a produção do chocolate. 
Conhecida a doce aventura da UAUCacau, fundada pelo chocolateiro que começou do nada com a ambição de ter tudo, está na hora de dar uso à interjeição que lhe sustenta o nome: UAU!
Maracujá
Maracujá
Pistachio
Pistachio
Cereja
Cereja
Joana Rebelo
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