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Acushla

O «bater do coração» em terras transmontanas 

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Há 20 anos, Joaquim Moreira deixou-se levar pelo chamamento interior e apostou no campo e na natureza, em Trás-os-Montes. No «Reino Maravilhoso», assim se refere ele a esta terra, relembrando as palavras de Miguel Torga. Ali, desenvolveu o projeto Acushla, na Quinta do Prado, onde reina a tranquilidade. E onde impera também o azeite biológico de excelência que produzem.
Fomos conhecer as raízes deste projeto. Chegámos à Quinta do Prado, a poucos quilómetros de Vila Flor, percorrendo o estradão de terra batida. Passámos o portão da quinta e continuamos pelo caminho, deparando-nos com a magnífica paisagem – um vasto olival, inserido num espaço isolado com cerca de trezentos hectares –,e escutámos o silêncio. Chegámos ao cimo de um monte, onde encontrámos a casa de turismo e pernoitámos. No dia seguinte, fomos à descoberta. Ali é possível «caminhar e perder-se nos 215 hectares de olivais; nos 17 hectares de romãzeiras; nos dois hectares de vinhedos e na zona de sobreiros, onde pode encontrar três pontos de apicultura; bem como é possível avistar o rebanho com cerca de trezentas ovelhas; as ruínas de antigas casas; o lagar de extração de azeite; as casas de turismo; e, claro, gozar de vistas soberbas sobre o vale da Vilariça até Alfândega da Fé», assim nos apresenta Joaquim a propriedade.
O mentor deste projeto iniciou a sua carreira no setor têxtil, atividade que mantém até aos dias de hoje, tendo a Tetriberica SA há mais de 30 anos e ocupando o cargo de gestão noutras empresas do setor têxtil, agrícola e turístico. É pai de quatro filhos e amante de desportos de natureza como a corrida, bicicleta de montanha e ioga. Quando questionado sobre o porquê desta aposta em olivais, a resposta fez-se pronta: «Hoje, a humanidade encontra-se com diversos problemas de saúde, fruto da alimentação contaminada que absorve. A produção de um azeite como o Acushla, em modo de produção biológico, sem químicos na agricultura, garante uma qualidade excecional e, principalmente, a garantia de não ter contaminantes para o organismo, de proporcionar um elevado nível de antioxidantes – imprescindíveis aliados da nossa saúde – e, por último, de garantir a prática de uma agricultura biológica e regenerativa que não contamina os solos e as águas subterrâneas».

Acushla é um azeite de elevada qualidade, virgem extra, equilibrado, frutado, com um amargo e picante ligeiros. É extraído de variedades de oliveiras típicas da zona de Trás-os-Montes – cobrançosa, madural, verdeal e cordovil – e é indicado para servir à mesa, numa confeção de pratos gourmet. A produção do azeite Acushla, para atingir o excelente nível de qualidade, começa com as atividades de campo, em modo biológico, com total respeito pela natureza e pelos seus ciclos. «Somos a primeira empresa a iniciar a campanha de extração do sumo de azeitona em Trás-os-Montes logo no início de outubro, de forma a colher o fruto são e verde, que, de imediato, é transportado para olagar, a fim de se efetuar a extração do sumo de azeitona a frio, para manter toda a qualidade organolética, aromas e sabores e um elevado teor de polifenóis, imprescindíveis para a nossa saúde. Filtramos o azeite, que fica inertizado em cubas de aço inox, para uma completa preservação dos seus atributos qualitativos, e num espaço climatizado a uma temperatura constante entre os 18º e 22º», explica.
Apesar de Trás-os-Montes ser uma zona inóspita, desafiante para a agricultura, «pelos seus terrenos pedregosos, pendentes inclinadas e clima agreste, em contrapartida, permite o desenvolvimento de produtos maravilhosos como o azeite, vinho e frutas». Na Quinta do Prado, além de azeite, também se produzem uvas para vinho do Porto, romãs e mel.

O azeite foi finalista no Mario Solinas Quality Award e foi considerado, este ano, o Melhor Azeite Português DOP no concurso EVOOLEUM


Para conceber mais atratividade, Joaquim apostou no olivoturismo. Na quinta, existem duas casas de AL, uma com um quarto e outra com cinco quartos e piscina. Ambas foram pensadas como espaços sustentáveis, sendo a Goldenhouse toda revestida a cortiça, um material autóctone da quinta. No terraço, junto à piscina,pode observar o céu admirável, já que «esta zona está incluída na área dedicada ao astroturismo, face à pouca luminosidade existente». Aqui, vive-se uma experiência de envolvência com a natureza e com o olivoturismo. Num futuro próximo, o objetivo é o de «construir um espaço multifunções para atividades como mindfulness, ioga e outras terapias ligadas ao bem-estar, bem como construir mais três casas AL».
Curiosos sobre a origem do nome Acushla? Ora, após 13 propostas apresentadas ao mentor do projeto, Acushla foi a selecionada, pelo significado, que tem origem celta, como a história de Portugal; por ter uma fonética fácil em vários idiomas;por ter um coração a envolver uma oliveira e por significar «bater do coração», o que simboliza a paixão pelo projeto. E facto é que, ano após ano, o azeite Acushla é um dos mais premiados a nível mundial, o que o faz estar no ranking dos cem melhores azeites do mundo. Quem chega, apaixona-se pelo singular pôr do sol e pelo deslumbrante céu estrelado. E nós, aquando da nossa visita, tivemos a sorte de avistar a passagem do asteroide, a cruzar os céus e a iluminar o olival em tons de azul. Extasiante momento, vivenciado em solos Acushla.


Maria Cruz
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