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· Quintas · · T. Carla Martins · F. Direitos Reservados

Quinta da Terrincha

Um histórico espaço de charme no vale mais rico da Península Ibérica

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Quem chega à Quinta da Terrincha, em Torre de Moncorvo, rapidamente se sente em casa. A arte de bem acolher das gentes do Douro reflete-se em cada detalhe, que nesta quinta de 380 hectares está recheado de história e tradição. A propriedade conhece os seus primórdios ainda antes da formação de Portugal, integrando vários vestígios da civilização romana. Já nos tempos da monarquia portuguesa, foi D. Afonso V que a ofereceu à nobreza, mais concretamente a D. Álvaro, como forma de agradecimento pelos serviços prestados na Batalha de Alcácer Quibir. Ao longo do tempo, a Quinta da Terrincha foi passando pelas mãos de várias famílias de sangue azul, tendo sido, em 1994, comprada pela família Seixas Pinto, atual proprietária.
Por aqui, não é difícil sentir-se envolvido pela presença da história – a de Portugal e a da família –, já que cada recanto parece ser um convite à imaginação. Com 15 villas T1 a T3 e uma Casa Mãe composta por 6 suítes únicas, a traça senhorial salta aos olhos, mantida ao longo do tempo para preservar as origens. Todas as villas, absolutamente equipadas e com uma cozinha individual, foram recuperadas e reconstruídas, como a Casa da Eira ou a Casa dos Bois, permanecendo com uma beleza rústica inigualável. A Casa Mãe (ou Casa dos Patrões), por sua vez, chegou inclusivamente a ser habitada pela Condessa de Pinhel e é considerada um solar oitocentista. Com design diferenciado, neste espaço podemos encontrar pormenores rústicos únicos, como uma lareira de pedra no quarto ou a antiga máquina de picagem de ponto dos trabalhadores no espaço comum.
Perfeita para receber famílias com crianças, a Quinta da Terrincha não cessa os convites para a descoberta. Ao caminharmos, podemos conhecer a Capela de Santo António – onde os funcionáriosmantêm a tradição de tocar o sino para alertar sobre a trovoada –,uma piscinae vários espaços tranquilos para desligar, envolvidos por uma paisagem natural única. Mas há mais: a quinta disponibiliza um conjunto de experiências aos hóspedes que vão desde tracking, passeios de jipe, massagensou piqueniques com produtos regionais.


E para quem desejar ver um pouco mais da região, não nos esqueçamos da proximidade a Foz Côa, onde podemos conhecer as gravuras rupestres do vale iniciadas no Paleolítico. Em Moncorvo, a dúvida é por onde começar, já que o município conta com um vasto património de museus, como o Museu do Castelo, localizado entre muralhas, ou ainda a imponente Basílica Menor da Nossa Senhora da Assunção (com frescos da Última Ceia) e vários pontos de passagem com vestígios da presença judaica. Experiência irresistível é também conhecer o processo de realização da amêndoa coberta, reconhecida como uma das 7 Maravilhas Gastronómicas de Portugal. E, claro, provar, já que as provas de amêndoa são gratuitas, uma oferta do município. Durante o percurso, não se esqueça de parar e contemplar alguns dos miradouros com vistas arrebatadoras sobre um Douro onde o verde, a cor da terra e o rio se entrelaçam.
Embalados pela amêndoa coberta, falemos mais de sabores. Para quem fica na Terrincha, há muito para provar e o que existe é especial porque vem da terra. Ao pequeno-almoço, o sumo de laranja é feito com laranjas da quinta e há várias compotas caseiras. No snack-bar, uma combinação de produtos como o presunto ou o queijo regionais, que podem ser servidos também em tábua, numa prova que vai querer repetir. A degustação de vinho também é uma experiência imperdível para quem visita, mas, sobre essa, falaremos mais à frente.
A Terrincha integra uma queijaria explorada por terceiros e uma produção própria de azeite, com cerca de 100 hectares de produção. Para quem quiser deliciar-se com a posta, o bacalhau ou o polvo característicos da região, pode ainda visitar o Cantinho da Terrincha, localizado a cerca de 100 metros da propriedade. A quinta conta ainda com um espaço de eventos e restaurante, bastante conhecido na região pela realização de casamentos. Inserida num território classificado como Património da Humanidade, a Quinta da Terrincha é um projeto de família, com muito amor pela terra. E há muitos motivos para isso. A propriedade localiza-se no Vale da Vilariça, o vale mais rico da Península Ibérica, cuja riqueza do solo resulta num potencial muito elevado para frutícolas, hortícolas, citrinos e vinha.
E se achássemos que nada mais teríamos a descobrir sobre este empreendimento turístico, eis que deixamos para o fim uma importante parte da sua essência: uma vinha com história. Com mais de 1500 hectares de vinha, a Quinta da Terrincha produz várias referências de vinho, num processo interno controlado na sua totalidade, do engarrafamento à rotulagem. As vindimas começam em agosto e os hóspedes são convidados a vivenciar tudo –e, se quiserem, a ajudar na vindima –, numa experiência que retrata o Douro e a riqueza da propriedade. Resultado da plantação da vinha a diferentes altitudes, o vinho da Terrincha possui diferentes características e a sua produção respeita os momentos cíclicos das castas, um ponto diferenciador numa oferta que vai do branco ao tinto, passando pelo rosé. Estes são vinhos que retratam o Douro, assim como a maioria das mãos que fazem a vindima, das gentes locais.
Se a Quinta da Terrincha fosse um livro, diríamos que tem todos os capítulos para uma história perfeita, com páginas a cheirar a memória, essência e tradição.


«Quem chega à Quinta da Terrincha rapidamente se sente em casa.»


Carla Martins
T. Carla Martins
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