Gerir o tempo e definir prioridades é o segredo da
versatilidade de Rita Soares, a mulher de topo que vê na simplicidade a
alavanca para a felicidade. Por gostar tanto de pessoas, formou-se em educação
– a curiosidade aguçada e os traços empáticos encaminharam-na por essa via,
mas, terminado o curso, outras opções se impuseram e decidiu abraçar o negócio
do marido. Já lá vão três décadas, com a Herdade da Malhadinha Nova e a Garrafeira
Soares a seu cuidado, e Rita nunca deixou de cuidar... da sua família, dos seus
clientes, da sua equipa e de si. O sucesso persegue-a, tal como a vontade de
ser mais. Mãe de quatro filhos e gestora de negócios com história e tradição,
as 24 horas do dia chegam-lhe até para finalizar o curso de artes, uma paixão que
tem vindo a complementar ainda mais a sua essência. Connosco, Rita Soares e a
sua arte de bem receber.
Rita Soares
«Ser mulher é (…) dividir-se em muitas sem deixar de ser uma»
Afirma gostar muito de pessoas, tendo sido um dos motivos
que a levou a licenciar-se em educação, mas acaba por traçar um rumo diferente
para a sua vida...
Por gostar tanto de pessoas e por acreditar que a formação em tenra idade é determinante, escolhi estudar na área de educação infantil. Na altura, estavam na balança três opções – educação infantil, psicologia infantil ou educação especial – e acho que qualquer uma delas me teria preparado para o relacionamento com pessoas e para uma formação adequada. Terminado o curso, decidi ajudar o meu marido no crescimento da empresa dos pais, à data uma pequena loja de bebidas no Algarve, que é hoje uma das maiores empresas de bebidas em Portugal. Mais recentemente, tenho vindo a formar-me na área das artes, uma paixão que tenho.
Mais de três décadas depois, o negócio de família continua a expandir-se de forma sustentada. Quais têm sido os maiores desafios e as maiores conquistas ao longo desta jornada?
Os maiores desafios são as pessoas, a forma como conseguimos que elas sintam a mesma motivação e comprometimento, que se fidelizem e que sejam parte ativa do crescimento das empresas. As conquistas são imensas, construímos empresas sólidas e prósperas, reconhecidas e sustentáveis, e uma família linda que adoraríamos que seguisse o legado. Por isso, trabalhamos com enorme foco na consistência e solidez das mesmas.
O que é que marca mais a experiência do hóspede quando entra em contacto, pela primeira vez, com a Herdade da Malhadinha Nova?
O que marca mais é o espaço e a natureza única e preservada, hoje com 610 hectares que caminham a par e passo com a sustentabilidade. O projeto da Herdade da Malhadinha Nova passa pelo investimento e dedicação nas áreas que a compõem – económica, ambiental e social – e pela preservação de um ecossistema perfeito constituído por montado de azinho, olivais tradicionais, searas de trigo, aveia e pradarias naturais. Passa pela recuperação das edificações existentes com um enorme respeito pela arquitetura tradicional; pela plantação da vinha; pelas espécies animais autóctones; pela vaca alentejana certificada; pela ovelha merina branca e preta; pelo porco preto e o cavalo de raça puro sangue lusitano, todos com denominação de origem protegida. Hoje, a produção biológica é autossuficiente, pelo que temos o nosso vinho, azeite, mel, cereais variados, vaca, ovelha e porco preto certificados. As frutas e hortícolas, que são servidas no restaurante, caminham também para a autossuficiência.
Para além de todos estes melhoramentos ao longo de 25 anos, a Malhadinha insere-se num espaço protegido pela Rede Natura 2000 e é por isso considerada uma Reserva Agrícola Nacional (RAN), uma Reserva Ecológica Nacional (REN) e uma reserva local, pertencente à Zona de Preservação Especial de Castro Verde (ZPE), que garante a conservação das espécies de aves e dos seus habitats. É, de facto, o ecossistema perfeito e equilibrado que mais impressiona quem nos visita.
Adega, hotel, agropecuária e produção agrícola são áreas que fazem o quotidiano da herdade. É complexo gerir um negócio desta magnitude?
Sim, é complexo. São negócios muito diferentes dentro do universo Malhadinha e todos eles com um enorme foco na máxima qualidade, mas como somos todos apaixonados por cada um deles torna-se mais simples.
Como é que se arrecada mão de obra numa aldeia com 500 habitantes no Baixo Alentejo?
Cuidar e motivar mais de cerca de cem colaboradores é um desafio, mas, da mesma forma que cuidamos dos nossos clientes, cuidamos também das nossas equipas. Esse é o segredo: cuidar…
Quais são os próximos passos a dar na área do vinho, com a Garrafeira Soares?
Em 2021, adquirimos uma propriedade na Serra de São Mamede (Portalegre) e os vinhos aí produzidos já se encontram no mercado. Como referi, a nossa estratégia atual passa pela consistência e evolução da organização. Queremos as nossas empresas sólidas e saudáveis, com raízes profundas que lhes permitam maior longevidade, sem esquecer a aposta na inovação, que também é uma prioridade.
«Vejo-me a passar o legado para as novas gerações»
Por gostar tanto de pessoas e por acreditar que a formação em tenra idade é determinante, escolhi estudar na área de educação infantil. Na altura, estavam na balança três opções – educação infantil, psicologia infantil ou educação especial – e acho que qualquer uma delas me teria preparado para o relacionamento com pessoas e para uma formação adequada. Terminado o curso, decidi ajudar o meu marido no crescimento da empresa dos pais, à data uma pequena loja de bebidas no Algarve, que é hoje uma das maiores empresas de bebidas em Portugal. Mais recentemente, tenho vindo a formar-me na área das artes, uma paixão que tenho.
Mais de três décadas depois, o negócio de família continua a expandir-se de forma sustentada. Quais têm sido os maiores desafios e as maiores conquistas ao longo desta jornada?
Os maiores desafios são as pessoas, a forma como conseguimos que elas sintam a mesma motivação e comprometimento, que se fidelizem e que sejam parte ativa do crescimento das empresas. As conquistas são imensas, construímos empresas sólidas e prósperas, reconhecidas e sustentáveis, e uma família linda que adoraríamos que seguisse o legado. Por isso, trabalhamos com enorme foco na consistência e solidez das mesmas.
O que é que marca mais a experiência do hóspede quando entra em contacto, pela primeira vez, com a Herdade da Malhadinha Nova?
O que marca mais é o espaço e a natureza única e preservada, hoje com 610 hectares que caminham a par e passo com a sustentabilidade. O projeto da Herdade da Malhadinha Nova passa pelo investimento e dedicação nas áreas que a compõem – económica, ambiental e social – e pela preservação de um ecossistema perfeito constituído por montado de azinho, olivais tradicionais, searas de trigo, aveia e pradarias naturais. Passa pela recuperação das edificações existentes com um enorme respeito pela arquitetura tradicional; pela plantação da vinha; pelas espécies animais autóctones; pela vaca alentejana certificada; pela ovelha merina branca e preta; pelo porco preto e o cavalo de raça puro sangue lusitano, todos com denominação de origem protegida. Hoje, a produção biológica é autossuficiente, pelo que temos o nosso vinho, azeite, mel, cereais variados, vaca, ovelha e porco preto certificados. As frutas e hortícolas, que são servidas no restaurante, caminham também para a autossuficiência.
Para além de todos estes melhoramentos ao longo de 25 anos, a Malhadinha insere-se num espaço protegido pela Rede Natura 2000 e é por isso considerada uma Reserva Agrícola Nacional (RAN), uma Reserva Ecológica Nacional (REN) e uma reserva local, pertencente à Zona de Preservação Especial de Castro Verde (ZPE), que garante a conservação das espécies de aves e dos seus habitats. É, de facto, o ecossistema perfeito e equilibrado que mais impressiona quem nos visita.
Adega, hotel, agropecuária e produção agrícola são áreas que fazem o quotidiano da herdade. É complexo gerir um negócio desta magnitude?
Sim, é complexo. São negócios muito diferentes dentro do universo Malhadinha e todos eles com um enorme foco na máxima qualidade, mas como somos todos apaixonados por cada um deles torna-se mais simples.
Como é que se arrecada mão de obra numa aldeia com 500 habitantes no Baixo Alentejo?
Cuidar e motivar mais de cerca de cem colaboradores é um desafio, mas, da mesma forma que cuidamos dos nossos clientes, cuidamos também das nossas equipas. Esse é o segredo: cuidar…
Quais são os próximos passos a dar na área do vinho, com a Garrafeira Soares?
Em 2021, adquirimos uma propriedade na Serra de São Mamede (Portalegre) e os vinhos aí produzidos já se encontram no mercado. Como referi, a nossa estratégia atual passa pela consistência e evolução da organização. Queremos as nossas empresas sólidas e saudáveis, com raízes profundas que lhes permitam maior longevidade, sem esquecer a aposta na inovação, que também é uma prioridade.
«Vejo-me a passar o legado para as novas gerações»
A arte representa uma vertente importante na vida de Rita.
De que modo é necessária à sua vida e em que momentos se revela importante no
exercício da sua profissão?
A procura pela identificação com a cultura nas nossas empresas leva-me a esta aposta na formação artística. Acredito na gestão criativa, assim como no facto de as artes puderem ser um excelente aliado para se conseguir alcançar maior sucesso no âmbito da gestão. Também defendo que as empresas se possam tornar mais sólidas e interessantes se apostarem na cultura e tradição da região ou do país. Na Malhadinha, tenho constantemente a referência «não existe luxo sem cultura».
É mãe de quatro filhos, CEO da Malhadinha Nova e ainda toma conta da Garrafeira Soares. As 24 horas do dia chegam-lhe para tantas responsabilidades?
Trata-se de gerir o tempo, definir prioridades e ter plena consciência de que «Roma e Pavia não se fizeram num dia». A nível familiar somos muito unidos, empreendedores natos, dedicados e apaixonados, e assim torna-se fácil... Temos muita sorte também.
Empreendedora a tempo inteiro, arrepende-se de algo que tenha descurado em detrimento do trabalho?
Não. Há poucas coisas que faria de forma diferente e acredito que o segredo esteja em dosear, definir prioridades e ajustar. Acho que a capacidade de adaptação à mudança é realmente essencial.
Onde e como se vê daqui a dez anos?
Vejo-me a passar o legado para as novas gerações, tranquilamente.
Para si, o que é ser mulher?
Ser mulher é ter a capacidade de acreditar, caminhar, acarinhar, encantar…, dividir-se em muitas sem deixar de ser uma, a mais importante.
Pelo que luta, hoje, a figura feminina?
Pelo respeito e pela possibilidade de contribuir para um mundo melhor.
A procura pela identificação com a cultura nas nossas empresas leva-me a esta aposta na formação artística. Acredito na gestão criativa, assim como no facto de as artes puderem ser um excelente aliado para se conseguir alcançar maior sucesso no âmbito da gestão. Também defendo que as empresas se possam tornar mais sólidas e interessantes se apostarem na cultura e tradição da região ou do país. Na Malhadinha, tenho constantemente a referência «não existe luxo sem cultura».
É mãe de quatro filhos, CEO da Malhadinha Nova e ainda toma conta da Garrafeira Soares. As 24 horas do dia chegam-lhe para tantas responsabilidades?
Trata-se de gerir o tempo, definir prioridades e ter plena consciência de que «Roma e Pavia não se fizeram num dia». A nível familiar somos muito unidos, empreendedores natos, dedicados e apaixonados, e assim torna-se fácil... Temos muita sorte também.
Empreendedora a tempo inteiro, arrepende-se de algo que tenha descurado em detrimento do trabalho?
Não. Há poucas coisas que faria de forma diferente e acredito que o segredo esteja em dosear, definir prioridades e ajustar. Acho que a capacidade de adaptação à mudança é realmente essencial.
Onde e como se vê daqui a dez anos?
Vejo-me a passar o legado para as novas gerações, tranquilamente.
Para si, o que é ser mulher?
Ser mulher é ter a capacidade de acreditar, caminhar, acarinhar, encantar…, dividir-se em muitas sem deixar de ser uma, a mais importante.
Pelo que luta, hoje, a figura feminina?
Pelo respeito e pela possibilidade de contribuir para um mundo melhor.