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· Viagem · · T. Joana Rebelo · F. Direitos Reservados

Egito

O reino dos faraós

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De galabeya vestida e alpercatas calçadas, embarcamos numa viagem ao passado e ao presente do país que reúne o maior legado arqueológico do planeta. Que a aventura comece, no Egito.
O roteiro tem início na capital. Existem metrópoles e existe Cairo. É de manhã e o alvoroço é desconcertante, sendo difícil olhar a calçada de tanto movimento. A sensualidade das ruas, o exotismo das gentes, as tradições pujantes, as cores vibrantes, o misticismo dos dervixes e a esfinge dos encantadores de serpentes saltam à vista como uma melodia cultural. Em segundos de contemplação, confere-se a astúcia mercantil e a poluição que predomina nas zonas de negócio de rua. Entre becos e ruelas, chega-se ao famoso mercado Khan el Khalili, que, em tempos, serviu como centro comercial da Idade Média, local onde se reuniam mercadores oriundos dos quatro cantos do mundo. Ao atravessar o espaço, é imediata a diversidade cultural e a abundância de cores, aromas, sons, sabores e produtos. Os papiros estão expostos nas bancas, tal como os bustos dos faraós, artefactos exclusivos de terras egípcias. Os vendedores competem na venda de têxteis, incensos, especiarias, ouro e peças de vidro e metal, não poupando nos elogios quando alguém se ousa aproximar. Saciadas as vistas, seguimos em direção ao Egyptian Museum in Cairo. Pelo caminho, notamos a profunda influência árabe através das mesquitas que se vão multiplicando, afinal, o Islamismo é a religião dominante. Chegando à Praça de Tahrir, entramos no maior repositório de relíquias do Egito, que carece de tempo, já que abrange 30 dinastias faraónicas em 120 mil peças colecionadas. É neste museu que se percebe a complexidade de uma cultura refinada, enriquecida pelos melhores artistas e arquitetos que olhavam a viagem fúnebre até ao além como uma perpetuação da vida em todas as dimensões. Entre sarcófagos, estátuas, múmias, máscaras funerárias e objetos curiosos, a visita acaba a tempo de saborear o pôr do sol, que mais parece fogo incandescente a afogar-se por entre os arranha-céus do Cairo. Num espaço curto de tempo, ouvir-se-á o eco das orações islâmicas pela cidade e, num piscar d’olhos, é noite e a paisagem vira um manto de luz e música.

O maior legado arqueológico do planeta
Novo dia se põe e é tempo de conhecer os colossos de pedra. Rumamos, por isso, em direção às Pirâmides de Gizé. A egiptomania faz parte do imaginário humano, mas vê-la ao vivo e a cores é uma experiência seguramente arrepiante. Diante de nós, apresenta-se uma herança milenar coberta de pedras de calcário polido, revelando-se a pirâmide Quéops primeiro e, mais a sudoeste, a de Qúefren e de Miquerinos. A construção das pirâmides são ainda hoje um mistério e as teorias que as rodeiam parecem não acabar – aprofundá-las-íamos se não tivéssemos tanto que ver. Depois de 15 minutos de passeio a camelo, a passo apressado e baloiçante, acabamos por partir em direção à Cidadela de Saladino, onde dizem estar as melhores vistas sobre a capital. Rico em museus e mesquitas, este ponto turístico guarda dentro das suas «muralhas» palácios que, em tempos, foram haréns e casas de sultões. Mas viemos até aqui com a ânsia de, sobretudo, conhecer a gigantesca cúpula branca da al-Nasir Muhammad, daí a escolha rigorosa da roupa e a insignificância do calçado – já que se vai entrar numa mesquita.Nos próximos dias, conhecer-se-á o que resta sobre o reino dos faraós, embora o Egito não seja apenas sobre esfinges e pirâmides, pelo que está agendado um cruzeiro pelo Nilo e uma visita às praias paradisíacas de água azul-turquesa. Poucos sabem, mas este país é uma das regiões mais ricas em biodiversidade marinha, com cerca de trezentas espécies de peixes e duzentas de corais. Curioso é que os antigos egípcios julgassem que o Universo tinha surgido de um grande oceano e que o Homem era fruto das lágrimas do deus Sol. Entre cidades perdidas e tesouros escondidos, assim nos despedimos das maravilhas ancestrais.
Joana Rebelo
T. Joana Rebelo
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