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Indira Lourenço

«Angola é a minha raiz!»

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Indira Lourenço
Nasceu e cresceu em Luanda, Angola. Orgulhosa do seu país, mas ambicionando chegar mais longe, Indira Lourenço foi para os EUA estudar Engenharia Química, mas cedo se apercebeu de que era através da arte que poderia honrar o seu talento natural e o seu país. Formou-se em Interior Design na New York School of Interior Design e, logo depois, fundou a I. LOU. Morando nos EUA mas com Angola no coração, Indira cria coleções de mobiliário artístico que combinam a tradição da cultura africana com a modernidade e a leveza do design escandinavo. A designer tem-se destacado em publicações consagradas, tem sido convidada a integrar grandes exposições e já foi merecedora do 2017 Excellence for Young Designers Award, estando nomeada para os 2018 ASID National Award.

Onde é que a Indira nasceu e viveu a sua infância?
Nasci e cresci em Luanda, Angola.

Como é que os EUA surgiram no seu horizonte?
Eu voei pela primeira vez para a América com o intuito de estudar Engenharia Química, tendo em mente as riquezas naturais da nossa nação. Após um ano, ficou claro que tinha de mudar de curso. Não porque o afeto à minha terra natal tivesse mudado, mas porque eu vi que existiam outras formas mais adequadas às minhas habilidades e com as quais eu poderia expressar a inspiração que Angola me traz. Com isto em mente, mudei-me para Nova Iorque para estudar Design de Interiores numa entidade de ensino renomada (New York School of Interior Design), permanecendo conectada às minhas habilidades e inspirações. Aqueles que cresceram comigo em Luanda não se surpreenderam com essa mudança. Quando criança, eu era sempre vista a projetar e a alterar qualquer coisa. Não importava se fossem roupas, sapatos ou decoração. Tudo que eu pudesse tornar mais bonito e elegante, eu tornava.

Era com a área de Design de Interiores que sonhava enquanto criança?
A minha paixão sempre foi o mundo da moda. Nem sonhava em ser interior designer. Mas, naquela altura, não contava com o apoio dos meus tios, por quem fui criada. Eles sempre foram muito conservadores. Sempre acreditaram na educação académica não só como forma de crescimento pessoal, mas também como gatilho para desenvolvimento do nosso país. Uma vez que eles viram o meu potencial enquanto designer, conquistei o seu apoio.

O que está na génese do projeto I. LOU?
Surgiu de um desejo íntimo de expressar toda a minha carga cultural africana de forma a melhor utilizar as minhas habilidades como criadora. A primeira coleção, 45 Degrees, nasceu desse desejo e representa intrinsecamente a realidade sociocultural de Angola.

Conjugar tradição com modernidade – é este o conceito base das suas criações?
Absolutamente. Eu sempre tomei por base o mobiliário africano tradicional em si. Gosto de invocar as emoções da cultura africana e, ao mesmo tempo, mostrar a beleza e a complexidade do continente. E a forma que achei mais viável, seguindo as tendências atuais de design, foi dar um toque de modernidade a peças tradicionais.

Podemos dizer que Angola está sempre representada em cada uma das suas peças?
Angola é a minha raiz! Com certeza está e sempre estará ligada aos meus trabalhos, mesmo que de forma subtil, seja nas linhas, nas cores, ou nos materiais. Tenho muito orgulho das minhas origens e da inspiração que me proporcionam.
 «Gosto de invocar as emoções da cultura africana e, ao mesmo tempo, mostrar a beleza e a complexidade do continente»
Para além de Angola, o que mais a inspira?
Eu combino as influências africanas com a leveza do norte da Europa. Estes países têm uma longa história nas áreas do design e da arte em geral e são conhecidos pela simplicidade e elegância dos seus designs.

Como é que os norte-americanos têm reagido ao seu trabalho?
Uma das razões pelas quais eu decidi começar na América foi porque eu sabia que o desenvolvimento das minhas peças teria mais impacto e aceitação aqui, pelo menos no início. Recentemente, fechei um contrato de parceria com uma renomada companhia internacional da área da hotelaria e turismo. Estamos a ultimar a fase dos protótipos de uma nova coleção que desenvolvi exclusivamente para a tal companhia. Mal posso esperar para compartilhar a nova coleção com o mundo!

Fale-nos de uma peça sua pela qual sinta particular orgulho, ou que tenha um simbolismo forte.
A Espreguiçadeira Zungueira. Há nela um contraste entre a elegância do equilíbrio das linhas orgânicas e dinâmicas do banco e a força e linhas retas da base, o que representa a força da mulher zungueira suportando o seu fardo pesado. A peça causa um impacto visual incrível e tem sido muito popular em todas as exibições onde está presente e, inclusive, gerou interesse de galerias ligadas a museus sociológicos de universidades.

A I. LOU está presente em Nova Iorque e Los Angeles. O que quer ser e para onde quer ir a Indira quando ‘for ainda maior’?
A minha próxima direção será o mercado angolano, onde tudo começou. Brevemente quero expandir as minhas criações a nível mundial, e não posso pensar num lugar melhor que Angola. Depois pretendo continuar a expansão ao mundo lusófono, como os mercados do Brasil e de Portugal.

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