Aprendeu a falar
português em casa, com os pais e os avós, sem nunca ter uma aula. Nasceu em
Portugal, mas foi na Grã-Bretanha que viu a sua juventude passar. Estudou no
colégio interno New Hall School e formou-se em Design de Interiores na Regent
Academy, em Inglaterra. Regressou à terra que a viu nascer aos 23 anos. A
partir daí a vida fez-se de avanços e recuos. E o sorriso no rosto diz-nos que é
feliz. Mas também atravessou os seus tempos incertos. Com a pandemia viu-se
obrigada a reduzir os custos do atelier, a pensar de forma diferente, a
trabalhar mais em outsourcing. Mas, felizmente este ano os projetos
ressurgiram em força. Inêz gosta muito do que faz. Gosta de rabiscos. Gosta de
mostrar aos clientes o seu pensamento, para que acompanhem cada momento do
processo. Depois passa do desenho, das amostras, para a ‘coisa’ real. E é aqui
que se fascina com os resultados. À Villas&Golfe falou da sua
infância, do início da sua carreira, dos projetos, da COVID e do universo do design
de interiores
Quem é a Inêsz Fino?
Já mudei muito durante a minha vida. Era muito vibrante, muito outgoing [extrovertida] mas, com as pancadas da vida, fui mudando. Hoje em dia sou uma pessoa muito mais relaxada. Sou outgoing, mas mais até no sentido de ser uma out of the box thinker [pensador fora da caixa], levo uma vida mais calma, embora esteja sempre a correr, sempre muito ocupada. Sou muito dada, muito sorridente, às vezes muito séria, porque gosto de ouvir e de apreciar.
E esse pensamento ‘fora da caixa’ sempre foi bem recebido nos projetos de interiores?
Sim. Os clientes querem as nossas ideias mais extravagantes. Às vezes chegam-nos com peças e dizem «quero isto, mas diferente», e eu dou as minhas ideias mais ‘fora da caixa’. Há dias uma cliente mostrou-me uma mesa em mosaico, antiga, fina, estávamos a preparar uma zona da sala grande, então sugeri fazer outras mesas, para completar com as coras brincalhonas que os mosaicos têm, e adaptamos àquela existente, e resultou muito bem. Uma forma de aproveitarmos aquela peça. São este tipo de ‘criatividades’ que o cliente espera de nós.
E no campo pessoal, pensar ‘fora da caixa’...
Falando de decorações, no campo pessoal, levo anos a fazer as minhas casas. Já vivi em várias. Estou farta de mudar na minha vida (risos), mas a verdade é que não é a mesma coisa que fazer um projeto para um cliente. Eu gosto de ir apreciando cada cantinho da minha casa, cada material que existe e vou questionando «isto fica bem com esta coleção nova? E que tal pintar a porta de azul cinzento? E se...»
A mãe, a avó, sempre tiveram o gosto para a decoração. A mãe, pelo que sabemos, foi uma das primeiras a tirar o curso de Design de Interiores. A Inês também tinha de seguir a área dos interiores...
Quando somos pequenos e crescemos com a mãe a mudar as coisas lá de casa, a fazer mudanças, e a perguntar «acha que este móvel fica bem ali, etc.»; que me levava às fábricas com ela, à Viúva Lamego, onde via as prisioneiras a pintarem os azulejos; depois escolhíamos os tecidos que trazíamos de Inglaterra... era inevitável seguir este caminho. E eu divertia-me imenso. Portanto, sou isto [designer de interiores] deste pequenina, com a minha mãe, e, às vezes, com a minha avó. Dos dois lados da família.
No campo profissional, conta com 26 anos de experiência. Que bagagem traz?
Quando acabei o curso em Inglaterra, voltei para Portugal e procurei trabalhar como designer de interiores, na altura, havia uma mão cheia de designers já reconhecidas, que eu conhecia muito bem, porque ou tinham estudado com a minha mãe – que também estudou Design de Interiores –, ou eram amigas pessoais. Fui ter com todas elas, mas diziam-me: «Inês, não me importo que venhas trabalhar comigo, mas não te consigo pagar, terá de ser tipo um estágio, não remunerado». A verdade é que eu tinha acabado os estudos e queria ganhar dinheiro, nem que fosse o mínimo. Então fui para uma área completamente diferente, para Artes, como professora, no São Domingos de Rana, e fiquei lá um curto período. Entretanto, fui convidada pela Adelaide Rebelo de Andrade, que precisava de ajuda no atelier dela, e acabei por trabalhar em projetos muito giros, desde hotéis, casas de famosos, políticos. Aprendi muito. Tratava de fornecedores, falava com clientes, ouvia as histórias deles, porque são as histórias deles que nós passamos para os interiores. Ainda hoje trabalho com famosos, nomeadamente futebolistas – são mais divertidos, mais ‘fora da caixa’.
O que representa para si cuidar dos interiores das casas das pessoas?
Cada projeto leva de mim um carinho imenso, porque estou a cuidar do bem-estar de pessoas que confiam em mim. Dedicarmo-nos a 100% ao projeto e ao caracter de cada cliente é compensador.
«Gosto de pôr o espírito do cliente no projeto e não o meu»
Quem é a Inêsz Fino?
Já mudei muito durante a minha vida. Era muito vibrante, muito outgoing [extrovertida] mas, com as pancadas da vida, fui mudando. Hoje em dia sou uma pessoa muito mais relaxada. Sou outgoing, mas mais até no sentido de ser uma out of the box thinker [pensador fora da caixa], levo uma vida mais calma, embora esteja sempre a correr, sempre muito ocupada. Sou muito dada, muito sorridente, às vezes muito séria, porque gosto de ouvir e de apreciar.
E esse pensamento ‘fora da caixa’ sempre foi bem recebido nos projetos de interiores?
Sim. Os clientes querem as nossas ideias mais extravagantes. Às vezes chegam-nos com peças e dizem «quero isto, mas diferente», e eu dou as minhas ideias mais ‘fora da caixa’. Há dias uma cliente mostrou-me uma mesa em mosaico, antiga, fina, estávamos a preparar uma zona da sala grande, então sugeri fazer outras mesas, para completar com as coras brincalhonas que os mosaicos têm, e adaptamos àquela existente, e resultou muito bem. Uma forma de aproveitarmos aquela peça. São este tipo de ‘criatividades’ que o cliente espera de nós.
E no campo pessoal, pensar ‘fora da caixa’...
Falando de decorações, no campo pessoal, levo anos a fazer as minhas casas. Já vivi em várias. Estou farta de mudar na minha vida (risos), mas a verdade é que não é a mesma coisa que fazer um projeto para um cliente. Eu gosto de ir apreciando cada cantinho da minha casa, cada material que existe e vou questionando «isto fica bem com esta coleção nova? E que tal pintar a porta de azul cinzento? E se...»
A mãe, a avó, sempre tiveram o gosto para a decoração. A mãe, pelo que sabemos, foi uma das primeiras a tirar o curso de Design de Interiores. A Inês também tinha de seguir a área dos interiores...
Quando somos pequenos e crescemos com a mãe a mudar as coisas lá de casa, a fazer mudanças, e a perguntar «acha que este móvel fica bem ali, etc.»; que me levava às fábricas com ela, à Viúva Lamego, onde via as prisioneiras a pintarem os azulejos; depois escolhíamos os tecidos que trazíamos de Inglaterra... era inevitável seguir este caminho. E eu divertia-me imenso. Portanto, sou isto [designer de interiores] deste pequenina, com a minha mãe, e, às vezes, com a minha avó. Dos dois lados da família.
No campo profissional, conta com 26 anos de experiência. Que bagagem traz?
Quando acabei o curso em Inglaterra, voltei para Portugal e procurei trabalhar como designer de interiores, na altura, havia uma mão cheia de designers já reconhecidas, que eu conhecia muito bem, porque ou tinham estudado com a minha mãe – que também estudou Design de Interiores –, ou eram amigas pessoais. Fui ter com todas elas, mas diziam-me: «Inês, não me importo que venhas trabalhar comigo, mas não te consigo pagar, terá de ser tipo um estágio, não remunerado». A verdade é que eu tinha acabado os estudos e queria ganhar dinheiro, nem que fosse o mínimo. Então fui para uma área completamente diferente, para Artes, como professora, no São Domingos de Rana, e fiquei lá um curto período. Entretanto, fui convidada pela Adelaide Rebelo de Andrade, que precisava de ajuda no atelier dela, e acabei por trabalhar em projetos muito giros, desde hotéis, casas de famosos, políticos. Aprendi muito. Tratava de fornecedores, falava com clientes, ouvia as histórias deles, porque são as histórias deles que nós passamos para os interiores. Ainda hoje trabalho com famosos, nomeadamente futebolistas – são mais divertidos, mais ‘fora da caixa’.
O que representa para si cuidar dos interiores das casas das pessoas?
Cada projeto leva de mim um carinho imenso, porque estou a cuidar do bem-estar de pessoas que confiam em mim. Dedicarmo-nos a 100% ao projeto e ao caracter de cada cliente é compensador.
«Gosto de pôr o espírito do cliente no projeto e não o meu»