Entre Portugal e
Angola, Lili Miranda desenvolve profissionalmente uma paixão que vem desde
criança: a de criar ambientes bonitos e elegantes, dignos de contemplação. A
paixão pelos cavalos e pelo Alentejo são algumas das suas fontes de inspiração,
alimento da vontade de continuar a criar e a abraçar novos desafios.
Fale-nos um pouco sobre a sua formação e
como nasceu esta paixão pelo design
de interiores.
A
paixão pelo design de interiores sempre
esteve bem patente na minha vida. Sempre me fascinou contemplar espaços bonitos
e elegantes e isso fazia com que, na minha cabeça, eu me conseguisse transpor
para esse universo que eu tanto admirava. Soube, desde sempre, que queria fazer
algo ligado à criação de ambientes, onde pudesse colocar em prática toda a
minha imaginação. E, assim sendo, acabei por entrar na ESAD, na Licenciatura de
Design de Interiores, embora o meu
percurso tenha sido interrompido para me dedicar a uma nova etapa da minha vida
– ser mãe. Na altura, para mim era irrelevante terminar o curso, porque, na
realidade, as ideias e o gosto sempre estiveram presentes em mim e fui
adquirindo cada vez mais tato nos projetos que ia desenvolvendo. Nessa altura,
abri a minha loja, em Lousada.
O projeto
Lili Miranda INTERIORES é um sonho concretizado?
Sim, mas, acima de tudo, é um projeto
em constante evolução e desenvolvimento. Quanto mais projetos desenvolvo, mais
necessidade tenho de criar, imaginar e, acima de tudo, elevar a marca cada vez
mais a um nível de elegância e conforto que considero a simbiose perfeita. É um
sonho que eu quero levar mais além, um sonho que eu quero que cresça mais.
Pretendo alcançar uma notoriedade maior para o meu nome e sei que vou
conseguir.
O que é que distingue a marca Lili
Miranda de outras do mesmo setor?
Para
mim é muito importante o contacto direto com os meus clientes. Não há um único
projeto em que eu não esteja presente e em que não seja eu a fazer os briefings necessários, até passarem para
a minha equipa. O mais prazeroso para mim é o contacto. Sentir e compreender o
que o cliente pretende e poder fornecer-lhe o entusiasmo, a expetativa e a
concretização de realizar um sonho. Tornar o projeto do meu cliente o meu
projeto. Hoje, por exemplo, fazemos esta entrevista numa casa cujos
proprietários se tornaram meus amigos. Em 60% dos casos, eu fico com uma
relação de amizade com os clientes e isso é muito gratificante.
Que tipo de projetos desenvolve? Há
algum que lhe tenha dado particular gosto pensar?
Maioritariamente,
desenvolvo projetos habitacionais. Neste momento, estou numa fase maravilhosa,
a abraçar projetos muito interessantes e de nichos diferentes. Vou desenvolver
um projeto de uma loja no Porto, vou fazer também o projeto de um boutique hotel. Mas entre vários que me
deram imenso prazer desenvolver, houve um, em Luanda, onde o cliente me deu
total liberdade para sonhar e desenhar aquilo que na minha mente se adequaria
ao espaço, à localização e à essência da família. Esse trabalho causou-me imensa
adrenalina e muita satisfação.
Trabalha também
para o mercado internacional?
Sim, como disse, trabalho também em Luanda. Inseri-me no
mercado angolano no ano de 2007 e tive imenso prazer em realizar projetos para
pessoas que, além de clientes, tenho imenso orgulho em poder chamar de amigos e,
alguns também, de parceiros de negócios.
Considera que
houve alguma mudança, nos últimos anos, no que toca à perspetiva das pessoas
sobre o que é o design de interiores?
Há uma maior preocupação com a estética e com a organização do espaço onde
habitamos e trabalhamos?
Sem dúvida alguma que houve uma mudança drástica da ótica
sobre o design de interiores. Hoje,
um projeto de design de interiores é
uma condição sine qua non num projeto
de arquitetura. Isso denota uma maior atenção aos detalhes, bem como à
preocupação em conjugar a elegância e o conforto.
É mais fácil ou mais difícil criar um projeto para o
mercado de luxo?
Essa é uma
questão com uma dualidade muito grande. Primeiramente, porque o mercado de luxo
permite acesso a peças mais exclusivas e únicas, que vão diferenciar o projeto.
Mas, em contrapartida, tenho plena consciência de que o estudo, a exigência do
meu cliente e a dinâmica ao trabalhar certos e determinados projetos nessa gama
acabam por ser mais rigorosos e detalhistas.
A opulência é o que faz um espaço de luxo ou o luxo
é, na verdade, o que não é óbvio?
A essa questão,
o que tenho a dizer é que «less is more»,
sempre.
Fale-nos sobre o Alentejo, enquanto casa…
Ai, o Alentejo… Essa
terra que me enche a alma, que me inspira e sem a qual já não passo. Gosto de
explorar sobretudo o interior, aquelas paisagens sem fim. É o canto onde me
isolo muitas vezes, onde partilho risadas com a família, com os amigos, é o
sítio que me faz sentir que a vida é leve e de onde saio sempre de alma cheia.
Para mim, o facto de me poder refugiar no meu monte no Alentejo é um
privilégio, é um encontrar-me comigo mesma constantemente, é onde me liberto de
tudo e consigo abraçar a minha essência e, acima de tudo, encontrar a
criatividade necessária para os meus projetos.
Nas suas redes sociais partilha frequentemente a sua
paixão por cavalos… A equitação é uma forma de se conectar consigo mesma?
A equitação e os
cavalos fazem parte da minha vida há imensos anos. Aliás, quero muito ter a
oportunidade de ter cavalos no Alentejo. Para mim, montar todas as semanas faz parte das minhas rotinas, é quando tiro um tempo só para
mim e me consigo conectar com um ser doce, de olhar profundo e espírito livre. Os
meus filhos, a Rita e o Hugo, começaram a montar e a concursar desde os 7 anos
de idade. O meu filho, hoje com 25 anos, exerce a profissão de cavaleiro
internacional de saltos de obstáculos na Suíça, por isso também a minha
partilha constante desta paixão nas minhas redes sociais.
Onde vai buscar a inspiração?
Vou
buscá-la às ruas, ao Alentejo, às conversas com as pessoas, que inspirem, que
acrescentem e, na maior parte das vezes, às coisas mais simples da vida, onde
me consigo conectar na minha própria solitude que é a essência, para que as
ideias fervilhem constantemente na minha cabeça.