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· Arquitetura · · T. Sérgio Gomes da Costa

Lugares contemporâneos

Eis a nova geração de museus e centros de arte

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Museu do Coa  
Foi pensado como um miradouro debruçado sobre a paisagem, um lugar privilegiado para se admirar o Parque Arqueológico do Vale do Coa e o Alto Douro Vinhateiro. Os arquitetos Camilo Rebelo e Tiago Pimentel criaram um edifício sem tempo, sintonizado com o presente e a pré-história, gerando um diálogo sussurrado com os montes e vales à sua volta (lugares mágicos onde se escondem os achados arqueológicos deste território). O betão com pigmentos minerais acentua essa fusão, criando uma passagem branda entre o exterior e o interior. Entra-se por uma rampa e recebe-se o legado rupestre do Coa através de imagens, réplicas e informações, havendo ainda três salas para exposições temporárias.    

Museu do Côa
F. José Paulo Ruas
Museu do Côa

Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas
Tem cor de lava e uma força serena que lhe sublima as formas. O basalto, o betão armado e as superfícies brancas criam um jogo cromático que celebra o passado e realça o presente, começando por dar aos visitantes um forte sentido do lugar. Está-se, afinal de contas, nos Açores, e aqui os milénios, os séculos e as décadas pesam de forma especial. O Arquipélago abriu em 2015 para mostrar o melhor da arte contemporânea, tendo sido desenhado pelo gabinete Menos é Mais Arquitetos com João Mendes Ribeiro. Nasceu das ruínas de uma antiga fábrica de álcool e tabaco, a que foram acrescentadas algumas novas construções, e é já um ex-líbris arquitetónico nacional.

Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas
F. José Campos
Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas

CAA – Centro de Artes de Águeda
Uma hélice de três pontas suspensa sobre uma praça. Mas uma praça nova, criada por esta enorme hélice de betão, gerando reuniões e conversas, indo ao encontro da ideia de ágora promovida na Grécia Antiga. É esta a primeira impressão que se guarda do CAA – Centro de Artes de Águeda. Inaugurado em 2017, veio colmatar uma lacuna na oferta cultural desta cidade, o que agora consegue através da soma de uma sala de exposições, um auditório e um café-concerto, assim como um espaço pedagógico e uma livraria. Foi construído no terreno de uma antiga fábrica de cerâmica e ainda lá resta uma chaminé a testemunhar esse tempo. Com essa chaminé é gerado um dos elementos mais inteligentes do projeto, um jogo de correspondências entre a matéria e os espectros. Explique-se o jogo: a sombra da chaminé é projetada na fachada do edifício e existe uma reentrância nessa mesma fachada onde a chaminé poderia encaixar, e que a sombra ocupa por alguns instantes durante o dia. Os mentores destas ideias são Bruno André e Francisco Salgado, cujo gabinete está sediado no Porto e dá pelo nome de AND-RÉ.

Centro de Artes de Águeda
F. Fernando Guerra
Centro de Artes de Águeda

Centro de Artes de Sines
Sugere as muralhas de um grandioso castelo e antecede a entrada no núcleo histórico de Sines. Parece, assim, já lá estar há séculos, embora traga marcada uma identidade contemporânea, feita de polimento, nos materiais, e síntese, nas formas. O projeto do gabinete Aires Mateus concedeu à cidade um novo pólo, um campo magnético com força cultural e artística, procurando revitalizar uma zona antes em declínio. Revela-se à superfície através de dois corpos atravessados por uma rua, mas já no subsolo é de um único edifício que se trata. Disfarça-se, deste modo, a escala, criando a perceção de algo uno e diverso ao mesmo tempo, conforme se esteja no interior ou no exterior. Aos visitantes é oferecido um centro de exposições, um auditório, um arquivo e a biblioteca municipal, sendo uma obra atravessada por luz natural em toda a sua extensão. A luz é, de resto, um dos maiores atributos deste espaço. Tanto na claridade da fachada como na brancura das paredes interiores há uma serenidade solar condizente com o seu contexto, um lugar onde ainda se sente uma ancestral vibração mediterrânica. 

Centro de Artes de Sines
F. CMSines
Centro de Artes de Sines

gnration
O nome dá, desde logo, algumas pistas. Isto porque o edifício foi, de facto, um quartel da GNR em Braga, sendo agora ocupado por novos inquilinos, mais dados à geração de ideias e criações artísticas. As mudanças são notórias através de vários elementos, de que são exemplo os três pátios batizados com nomes de constelações: Cão, Caçador e Ursa. São espaços que funcionam não só como pontos de fruição artística mas também como ícones estéticos, tendo-se tornado na imagem de marca do gnration. Basta fazer o teste procurando imagens do gnration na internet: o mais certo é encontrar as fotografias destes pátios. Porém, no seu todo, este é um lugar multifacetado, misto de sala de concertos, galeria de arte, laboratório digital e incubadora de empresas, sem esquecer o Pausa, um café e livraria que já entrou nos hábitos de lazer da cidade. O projeto foi assinado pelo gabinete Carvalho Araújo. 

Gnration
F. Sérgio Freitas
Gnration

CIAJG - Centro Internacional de Artes José de Guimarães 
É um dos emblemas da Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012. Nasceu no recinto do antigo mercado municipal e já marcou o seu lugar na cidade, tendo também ajudado a requalificar uma área outrora descuidada. A fachada em latão e vidro cromado impõe-se sobre a praça que lhe serve de morada, somando-se o dinamismo criado pela sobreposição dos volumes deste edifício, disposto a dividir o protagonismo com elementos remanescentes do velho mercado. Lá dentro, mostra-se a coleção do artista vimaranense José de Guimarães, composta por peças de arte africana, pré-colombiana e chinesa, assim como criações do próprio artista. Deve-se ter ainda em conta as exposições temporárias de arte contemporânea, dirigidas pelo curador Nuno Faria. A esta vertente expositiva junta-se a Plataforma das Artes e Criatividade, com laboratórios criativos e ateliers de apoio à criação. O projeto é do gabinete Pitágoras Arquitetos. 

Centro Internacional de Artes de José de Guimarães
F. Paulo Pacheco
Centro Internacional de Artes de José de Guimarães

Museu de Escultura de Santo Tirso
Não é comum encontrar dois arquitetos com o prémio Pritzker a assinar o mesmo projeto. Pois bem, é isso que acontece com o Museu Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso, concebido por Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura. Na verdade, trata-se apenas da sede do museu, uma vez que este é composto por dezenas de esculturas ao ar livre, numa iniciativa começada em 1990. Foi uma ideia do escultor local Alberto Carneiro e que a cidade adotou prontamente, tendo sido realizados dez simpósios com artistas de todo o mundo, o que deu origem às esculturas agora distribuídas pela cidade. Fazem parte desta lista nomes como Rafel Canogar, Kishida Katsuji, Rui Chafes e Fernanda Fragateiro, entre muitos outros. Faltava, então, uma sede para este museu. A lacuna foi resolvida em 2016, na sequência da reabilitação do Museu Abade Pedrosa pelos mesmos arquitetos. Daí surgiu um diálogo entre o novo e o antigo, estando os edifícios interligados nas suas estruturas e programações, cabendo ao novo corpo uma sala de exposições, um centro de documentação, uma loja e uma cafetaria.  

Museu de Escultura de Santo Tirso
F. Direitos Reservados
Museu de Escultura de Santo Tirso

Real Vinícola
Ocupa um quarteirão inteiro e aproveita as antigas instalações da Real Companhia Vinícola, uma empresa de vinhos que ocupou este espaço em 1897. Foi uma das primeiras obras de um plano urbanístico ambicioso, traçado nessa época pelo arquiteto Licínio Guimarães, ainda hoje visível na ordem geométrica desta zona de Matosinhos. Porém, o edifício estava sem função definida desde a década de 30, altura em que a empresa faliu. A situação foi resolvida apenas em 2015, quando o arquiteto Guilherme Machado Vaz implementou um projeto de preservação e adaptação deste valioso património, em nome da Câmara Municipal de Matosinhos. Hoje, é a sede da Casa da Arquitetura e da Orquestra Jazz de Matosinhos, duas das mais importantes instituições culturais da cidade, sendo grande a dinâmica que criam neste lugar. Mas há ainda espaço para outros projetos, como lojas, um restaurante e uma área de eventos. Há que ter ainda em conta o seu enorme pátio central, onde foram instaladas as esculturas criadas pelo artista José Pedro Croft para a Bienal de Arte de Veneza 2017. 

Real Vinícola
F. Direitos Reservados
Real Vinícola
T. Sérgio Gomes da Costa
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