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Luca Rubinacci

«Sou feliz ao fazer as outras pessoas felizes, quando as visto»

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É apaixonado pelo que é belo. Gosta de desporto. Sabe velejar. Até aos 20 anos, foi marinheiro profissional. Com a experiência que adquiriu abriram-se-lhe novos horizontes, porque o mar e o sistema de competição fizeram-no entender que tudo só era possível com teambuilding. E o trabalho em equipa é o que Luca Rubinacci valoriza, assim como a oportunidade que o seu pai lhe deu em fazer parte da terceira geração a trabalhar a técnica da alfaiataria. É em Nápoles que se encontra a sede da empresa, e também a equipa de 45 alfaiates a trabalhar. Em Milão, cidade onde mora Luca, têm um atelier. Também em Londres, em Mount Street, onde reside e trabalha a irmã Chiara. A Rubinacci é a maior casa de alfaiataria da Europa. 

É um homem de negócios...
O nosso negócio implica dar às pessoas sugestões sobre o que elas devem usar. Não trabalhamos com números, trabalhamos com roupas, com artesãos e com pessoas que se vestem pelo prazer de se vestir. É, por isso, que precisamos de estar em total paz com a nossa mente.

Qual é a origem da Maison Rubinacci? 
Tudo começou em 1930, quando o meu avô Gennaro, que era negociante de arte, vendia arte ao rei de Itália, que reinava na parte sul da Itália, quando a Itália estava dividida em duas partes. Vendia arte para a alta sociedade e eles perguntavam-lhe sempre quem era o seu alfaiate, porque o meu avô era um gentleman, e vestia bem. Quando o rei lhe pediu para levar o seu alfaiate até à sua residência, ele levou-o. No entanto, era crença do rei que um bom fato, feito para ele, não resultara apenas da competência do alfaiate, mas também do conhecimento do meu avô. Então foi por isso que, em 1930, o meu avô abriu um laboratório. Chamou-o de London House. Encheu-o com os melhores alfaiates que poderia encontrar em Nápoles, naquela época. Começou a desenvolver este laboratório com paixão, como um hobby. Na verdade, nos anos 30, o meu avô foi a primeira pessoa a desconstruir um casaco. Sem imaginar, ele inventou o casaco napolitano, que hoje é famoso em todo o mundo, como sendo um casaco desconstruído. Ele desconstruiu-o porque o seu cliente lhe pedira algo mais relaxado. Retirou todo o acolchoamento nos ombros e deu um corte mais suave ao casaco. Depois, veio o tempo do meu pai. O meu pai alterou o nome da empresa para Rubinacci. Começou a desenvolver a casa de alfaiataria da Rubinacci, nos anos 50. Transformou a alfaiataria napolitana num statement, não apenas na Itália. Entretanto, chegou a terceira geração, que sou eu. Comecei a trabalhar com o meu pai em 2000. Tentei levar a Rubinacci a outro nível, para torná-la numa alfaiataria mais global, uma empresa que é capaz de satisfazer qualquer cliente, porque, hoje, a Rubinacci não veste só os gentlemen’s italianos, nós vestimos o mundo. Vestimos cazaques, americanos, chineses, ingleses... Assim, cada cliente tem um background diferente, e cada cliente precisa de se vestir de maneira diferente.

É conhecido mundialmente e veste algumas das pessoas mais famosas…
Quando tinha 20 anos, o meu pai mandou-me para Londres. Era uma criança, sem nada, além da minha experiência de velejar e os meus três fatos. O meu pai mandou-me para Londres não só para obter uma aprendizagem de alfaiataria inglesa, mas também para aprender a falar melhor o inglês. Deu-me os três fatos: um azul, um cinzento e um sports jacket. Disse-me que, com estas três coisas, poderia vestir-me durante todo o meu estágio no Savile Row.
No primeiro dia, na verdade, não sabia muito sobre a profissão do meu pai. Quando entrei na loja, na alfaiataria de Londres, todos os alfaiates começaram a fazer piadas sobre o meu casaco. O alfaiate chefe começou a perguntar-me o que era «esse ombro engraçado e porque é que as lapelas eram tão macias, e porque tinha rugas tão engraçadas nas mangas?!». Diziam-me todos que o fato não era tão bem feito como os fatos ingleses. Cheguei a casa e liguei para o meu pai, e disse-lhe: «Fizeste-me o fato errado. Hoje o meu fato foi muito criticado pelos alfaiates ingleses. Não entendo porque fizeste isso comigo. Quero voltar!»
Do outro lado, ele estava feliz. E eu só perguntava: «Porque estás feliz?». É aí que ele me conta todas as diferenças entre a alfaiataria inglesa e a napolitana. Então, no dia seguinte, fui ao alfaiate chefe e expliquei-lhe exatamente o que era «esse ombro engraçado...», «...trata-se duma spalla camicia e é a nossa assinatura!» E comecei a contar o que era o casaco napolitano. Olhou-me como se estivesse a dizer para si mesmo: «olha para esse tipo de 20 anos a tentar ensinar-me alguma coisa». Ele tinha uns 60 anos. E diz-me: «Luca, sabes, esta cadeira, esta mesa, em frente à parede, devia ser a tua mesa, mas, como fizeste isto comigo, agora quero que fiques ao meu lado durante todo o estágio. Quero ensinar-te tudo sobre alfaiataria inglesa e, no final, quero que me digas qual é a melhor, se a do teu pai ou a minha».
Após sete meses, quando voltei para casa, disse a todos: «a alfaiataria inglesa é muito boa; a alfaiataria napolitana é muito boa». A diferença entre elas é que elas não falam o mesmo idioma. É isso o que trago para a Rubinacci. Uma casa global, que é famosa pela sua alfaiataria napolitana, mas que é capaz de satisfazer todos. É, por isso, que posso dizer ao meu pai «serei a cara da nossa marca». Hoje, em qualquer loja, qualquer marca que visite, onde quer que vá, encontra produtos bons e de boa qualidade, mas não se encontra o homem por detrás da marca. Essa pessoa permanece sempre desconhecida. É, por isso, que, na Rubinacci, quando vamos e pedimos uma criação bespoke, lidamos com o Luca, lidamos com o Mariano, o meu pai, e lidamos com a Chiara, a minha irmã. É isso que dá à marca um apelo inestimável.
«A Rubinacci não veste só os gentlemen’s italianos, nós vestimos o mundo»
Como se sente ao fazer parte da terceira geração desta marca de grande sucesso?
O meu pai nunca me ensinou como devia fazer as coisas, mas ensinou-me a ter bom senso. Ser alfaiate é como ser psicólogo. Assim que interagimos com um cliente, o cliente estará connosco para o resto da sua vida. Sou feliz ao fazer as outras pessoas felizes, quando as visto. O nosso trabalho tem que ver com roupas, com tocar os tecidos, olhar para a forma do corpo dos clientes, de um ponto de vista arquitetónico. 

Porquê comprar um fato sob medida em vez de um fato pronto-a-vestir?
No fato prêt-à-porter é o cliente que tem de se encaixar no fato, porque o casaco já está feito. Então, se assentar bem, o casaco é bom. Caso contrário, o casaco não é o certo. O fato sob medida é feito para a pessoa. É feito à sua medida. É feito para o seu corpo. Então, assenta como uma segunda pele. A peça sob medida é algo que não se pode encontrar numa linha pronto-a-vestir, porque o prêt-à-porter segue as tendências, segue a moda. Bespoke é feito para a pessoa. 

Qual é o seu relacionamento com os meios de comunicação digitais?
Gosto dos meios de comunicação digitais porque sou da nova geração. As redes sociais como o Instagram, por exemplo. Não gosto de ver uma página estática. Acho que as redes sociais podem ser usadas de duas maneiras: podemos usá-las de maneira boa, ou de maneira muito má. Se as usarmos, para o nosso uso pessoal, devemos continuar assim, caso contrário, se as usarmos para uso público, devemos tentar dar algo, e é isso que faço com a minha página. Postar fotos, mostrar uma maneira de se vestir bem, postar vídeos. Comecei a postar vídeos para que as pessoas ficassem com pequenas dicas de como se vestirem, de como combinar cores, de como ser um gentleman... Ao dar essas pequenas dicas abro o mundo do nosso guarda-roupa masculino a todas as pessoas que fazem parte da nova geração.
O meu dia a dia é fazer provas para os meus clientes, dar-lhes sugestões. Disponibilizar duas horas por dia às redes sociais já é uma grande coisa, porque realmente não tenho tempo e, às vezes, tenho de fazer isso à noite. Houve alturas em que não postei fotos, por dois ou três dias, e recebi mensagens das pessoas no Instagram a questionarem-me: «Luca, está de férias? Não está a postar fotos». E eu a trabalhar... Isso permitiu-me entender o quão grande é o potencial das redes sociais.

É um influencer e as pessoas seguem o Luca e as suas dicas...
É incrível. Não há nenhuma alfaiataria masculina maior do que nós nas redes sociais.  

A Rubinacci não se limita à alfaiataria. Que outros produtos cria?
Criamos quase todo o guarda-roupa, mas este pronto-a-vestir é mais como uma capsule collection; é feito de forma completamente diferente do nosso bespoke. É feito numa perspetiva de qualidade, sempre. Não temos fatos, não há smokings, há apenas sports jackets, calças, sapatos casuais, gravatas, camisas, camisas casuais, que não conseguem esperar por peças bespoke, ou que não podem pagar bespoke. Quero poder satisfazer todo o tipo de pessoas, não apenas um nicho sortudo de gentlemen’s de luxo, em todo o mundo. Só criamos cerca de 1200 fatos por ano, fatos bespoke, o que significa números muito limitados. Com a coleção pronto-a-vestir, com os acessórios, com a loja online, no nosso site, isso dá às pessoas que não viajam para a Itália a oportunidade de comprar algumas peças Rubinacci.

Qual é o tipo de cliente Rubinacci?
Hoje, com os acessórios, o pronto-a-vestir e o bespoke, todos podem ser clientes Rubinacci. O cliente Rubinacci que vem pelos fatos bespoke é alguém que procura algo novo, algo com ótima qualidade e que possa expressar o estilo que ele tem por dentro. 

Maria Cruz
T. Maria Cruz
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