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Luís Onofre

Solidariedade chegou em forma de máscara

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Depois de uma visita ao hospital de Oliveira de Azeméis, no Norte do país, para acompanhar o filho mais novo, o designer de sapatos e acessórios, Luís Onofre, percebeu que ali havia grande falta de máscaras de protecção contra a Covid-19 e sentiu uma necessidade urgente de as produzir. 
Estávamos no final de Março, a sua fábrica não estava a produzir devido à pandemia, e, perante as entidades que lutavam contra a falta de material de protecção para a população, ao mesmo tempo que se decidia se o seu uso seria ou não eficaz, Luís Onofre esclarece: «Senti que foi um contributo que estava ao meu alcance, a necessidade era enorme, face aos stocks disponíveis, pois esta pandemia atingiu-nos globalmente de forma muito rápida». E foi assim que a sua fábrica de sapatos, que correm o mundo, começou uma produção solidária. 
Durante duas semanas, antes de entrar em lay-off, os trabalhadores produziram cinco mil máscaras, não cirúrgicas, que foram entregues a várias instituições locais a troco de sorrisos e agradecimentos. O designer e presidente da Confederação Europeia da Indústria de Calçado frisa que a sua motivação, com este gesto, faz parte do ADN português e «tem sido comum ver várias empresas e marcas nacionais, que também têm dado o seu contributo, em diversas formas e em todos os sectores, não apenas no calçado».

«Senti que foi um contributo [máscaras de protecção] que estava ao meu alcance»

O empresário encara este período atípico, pelo mundo afora, como um grande desafio. Com as lojas físicas encerradas, durante a fase de confinamento, e uma grande indefinição sobre o futuro e o consumo, estabeleceu como prioridade a contenção de despesas, enquanto estuda alternativas ao modelo de negócio, com uma maior aposta no canal digital e mais produtos direccionais para vendas online. 
No que diz respeito aos apoios que gostaria de ver realizados pelo governo, Luís Onofre sublinha: «Mediante as circunstâncias, as ajudas propostas até agora são bastante positivas». Contudo, «o mais importante é o que se passará nos próximos meses e como vamos retomar a economia», avançando que «será necessário um plano forte de apoio aos investimentos e internacionalização, que terá de ser europeu, porque se trata de um problema global». E, para fazer face às perdas financeiras, está a ser traçada uma planificação que permita uma maior aproximação aos clientes, para avaliar as necessidades actuais do mercado e, assim, definir estratégias para a próxima colecção. Mas, acima de tudo, reduzir ao máximo os custos para não correr riscos desnecessários, num momento marcado pela incógnita. 
A marca de sapatos e acessórios Luis Onofre surgiu em 1999 e, rapidamente, passou as fronteiras nacionais, sendo vendida em dezenas de países, desde a França à Mongólia, passando pela Rússia, Dubai e muitos outros. Em Itália, recebeu o Prémio Colecção de Prestígio, atribuído em Milão na mais conceituada feira de calçado do mundo. 
Cristina Freire
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