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Modarte

Quantas memórias cabem numa mala?

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F. André Rolo
A história da Modarte começou com o fundador Manuel Duarte, mas hoje é a segunda geração que dá continuidade ao império. São as malas de viagem que compõe o ADN da empresa, paixão que se tem vindo a multiplicar pela família Duarte.
Entre eletricista e maleiro, desejava ser um deles. Mas aos 12 anos surgiu a oportunidade de trabalhar numa fábrica de malas, e aí o destino apressou-lhe a escolha. Foi lá que Manuel teve o primeiro contacto com o mundo das malas. Os anos foram passando e o trabalho retribuiu-lhe experiência e sabedoria no setor, até que o dever militar se impôs no caminho durante três anos. Acabou por ir para a Guerra do Ultramar, adquirindo outro tipo de vivências, talvez as que o fizeram o homem de pulso que conhecemos hoje. Quando regressa a Portugal, as prioridades são outras, nomeadamente a de construir algo que pudesse chamar de seu. Conta que certo dia, na Apúlia, estava deitado a contemplar as estrelas quando lhe ocorreu, como uma eureka iluminada,«Modarte».«Modarte surge do meu nome, Manuel Duarte, e da fusão entre moda e arte», explica. Com o nome já decidido e o produto bem estudado, o empreendedor parte para um novo capítulo da sua vida, num espaço de 200 m2, em Braga, focado no fabrico de malas com a ajuda dos seus 12 colaboradores iniciais. O negócio foi crescendo no espaço de pouco tempo e a Samsonite® entra na vida da Modarte como cliente. Eis que, na altura, o mercado da produção de malas já começava a revelar indícios de saturação e Manuel decidiu que já não era rentável continuar com o processo de fabrico. A verdade é que, na altura, a marca americana andava à procura de distribuidora em Portugal e nenhuma outra empresa tinha correspondido às expectativas. É então que a Modarte se apresenta como uma boa aposta, já conhecida por liderar o mercado português no setor.


Meio século de império Modarte 
«Se havia marca no mundo que me entusiasmasse e que superava todas as minhas expectativas era a Samsonite®», admite o fundador. No fundo, os filhos de Manuel cresceram no meio das malas e a acompanhar o pai nos eventos da Samsonite® pelo mundo. Agora, são eles quem dão continuidade ao legado. 
«Como definiria este meio século de trabalho que acompanhou o país?», questionamos Manuel. «Ao longo destes 50 anos passámos por muitas coisas difíceis, principalmente pela transformação do 25 de Abril», revela. Antes da Revolução dos Cravos, a conjuntura social de Portugal era favorável à venda do produto. Os militares iam para África carregados de malas, «aquelas malas de lona aos quadrados que tinham costura», e a Modarte vivia tempos dourados. Mas, com a democracia em vigor, o país abriu-se ao mundo e, com ele, também a empresa de Manuel teve de se adaptar. Veio, então, a publicidade, a era da tecnologia e os ciclos de modas e tendências. A todas e cada uma deu resposta e hoje conhecemos uma empresa renovada, com Miguel Duarte a ocupar o cargo de diretor-geral, Mário Duarte na vertente do retalho e Adriana Duarte como responsável pelo marketing e pela formação dos colaboradores de loja. Atualmente, a Modarte não está apenas com a representação da Samsonite®, mas também com a American Tourister e a Tumi, duas marcas pertencentes ao grupo americano. O que muitos desconhecem são os serviços de personalização das malas, a par com o rigoroso serviço pós-venda, onde centenas e centenas de malas são reparadas nos fundos da empresa.

Mas não é pela estrutura e posição sólida da empresa familiar que os desafios findam. «Penso que o mais complicado é conseguirmos imaginar como será o consumidor de amanhã», afirma o diretor-geral. A par da dificuldade em acompanhar tendências, a falta de mão de obra também afeta o negócio. Já os valores de faturação parecem animadores, principalmente no ano passado, que foi o mais próspero de sempre –a rondar os 21 milhões de euros. Ao todo, reúnem-se 180 colaboradores, vendem-se, em média, 87.000 artigos de viagem por ano e encontram-se abertas 29 lojas pelo país, com mais três em fase de abertura. Um verdadeiro império Modarte, que dita as tendências das malas em território luso, com a sustentabilidade a servir de mote. Após uma visita às instalações da Modarte, percebe-se que uma mala não é só uma mala, mas uma personalidade, um modo de vida, um conforto, um retrato sociocultural. Nela, guarda um valor afetivo, um tempo, um lugar. Com ela, percorre-se meio mundo e o mundo todo. Junto dela, é-se seguro. Manuel Duarte sempre o sentiu, mas preferiu materializar o sentimento por tempo indefinido. Até ao momento, são cinquenta anos, mas quiçá venha mais meio século de sucesso com novas gerações a caminho. 

Joana Rebelo
T. Joana Rebelo
F. André Rolo
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