O mercado imobiliário de luxo está bem e recomenda-se, mesmo que a pandemia e a guerra na Ucrânia tenham obrigado a redefinir as estratégias. Em entrevista à Villas&Golfe, Magarita Oltra, diretora regional daEngel&Völkers Portugal, uma das principais imobiliárias do país no segmento premium, fez um balanço destes últimos anos mais conturbados e versa sobre o que poderá vir a acontecer nos próximos tempos. Do crescimento exponencial de investidores na Comporta, ao aumento do built-to-rent em Lisboa e no Porto, passando pelas novas regras para os Vistos Gold, que já começaram a trazer investimento para fora da linha da costa. Há grandes projetos imobiliários em curso, e sente-se no ar o ânimo com as novas oportunidades de oferta.
Qual as principais zonas de Portugal onde há mais oferta de imóveis por parte da E&V e quais as mais procuradas por investidores, quer nacionais, quer estrangeiros?
A nossa oferta está diretamente alinhada com a nossa estratégia de crescimento em Portugal. A nossa primeira aposta no país foi na região de Lisboa e no Algarve, concentrando a nossa presença nas zonas onde havia uma maior procura internacional que reconhece a nossa marca. Daí termos uma presença tão forte na região do Algarve, com oito agências; na região de Lisboa-Cascais-Estoril e, mais recentemente, com um crescimento exponencial nos últimos cinco a seis anos, na Comporta e Porto.As novidades são: a costa a norte de Lisboa, onde há grande aumento da procura por portugueses e clientes do norte da Europa, que são seduzidos por um clima ameno e com sol, mas não tão quente, por ser uma zona mais calma e onde o valor do investimento é menor.Igualmente em Braga, onde a forte cultura empreendedora, através de programas startups, rede de PME e a aposta por parte de grandes empresas estrangeiras torna-se uma mais-valia para o negócio imobiliário. Braga também é interessante para empresas estrangeiras devido à sua localização favorável no norte de Portugal. Do ponto de vista do imobiliário, os preços dos imóveis são comparativamente baixos e a procura, por imóveis de alta qualidade para fins residenciais e turísticos, está a aumentar.Quanto à procura, as nacionalidades que têm comprado mantêm-se sensivelmente as mesmas e, dependendo das zonas, com maior ou menor peso: portugueses, franceses, belgas, alemães, suíços, ingleses, chineses, ao que se juntaram ultimamente os norte-americanos com um aumento de procura.
Que propósitos movem os compradores na hora de aquisição de imóveis no país?
Portugal é um país com grande potencial, um dos principais destinos turísticos da Europa, com um clima ameno e que oferece uma excelente qualidade de vida. O país vai continuar a ser um destino privilegiado para os investidores, tanto estrangeiros como nacionais, já que há ainda várias zonas do país onde se pode potencializar o imobiliário de luxo, com maior primazia a habitações mais isoladas, ou ainda zonas em grande desenvolvimento como a Comporta ou por desenvolver, como a Costa Oeste que continua a atrair os investidores.
«Portugal é um país com grande potencial, um dos principais destinos turísticos da Europa»
A pandemia não abalou o mercado do imobiliário de luxo. Parece que nem mesmo a guerra da Ucrânia o está a fazer. Como se justifica isto?
A pandemia trouxe dificuldades, como em quase todos os setores. No início travou a tendência de subida nas transações de compra e venda no mercado de luxo, o que, em consequência, criou um maior dinamismo no mercado de arrendamento. Numa segunda etapa, deu origem a novas oportunidades, uma vez que os critérios de procura dos nossos clientes nacionais e estrangeiros passaram a ser principalmente fora dos centros urbanos e com espaço exterior.Agora a situação de guerra também traz alterações ao mercado imobiliário onde negócios ficaram estagnados e há restrições de compra específicas, mas no geral não travou as transações. Por outro lado, aumentou os arrendamentos onde temos neste momento falta de produto para a oferta.Em resumo, o segmento premium mostrou ter uma forte resiliência e capacidade de se adaptar e responder aos novos desafios. Acreditamos que os investidores vão continuar a apostar em Portugal e a comprová-lo estão os preços dos imóveis que não registaram grandes quebras durante a pandemia, ao contrário de outras zonas da Europa. O facto de o setor da construção nunca ter parado e de existirem grandes projetos imobiliários em curso, que chegam agora ao mercado, abre novas oportunidades à nossa oferta.
No caso específico de Portugal, o que torna o país tão atrativo para os investidores estrangeiros?
Os Vistos Gold foram, até ao fim de 2021, um incentivo importante que permitiu aos investidores ter várias vantagens e que potenciou uma maior valorização das propriedades. As novas regras dos Vistos Gold vieram limitar o investimento residencial, mas abriram novas oportunidades na área comercial, onde o investimento já começou a crescer. As novas regras para os Vistos Gold começaram já a trazer investimento fora da linha de costa, como era intenção do Governo, e vai trazer crescimento nas zonas do interior. Por outro lado, o aumento do built-to-rent em Lisboa e no Porto traz animação ao arrendamento, onde antes não havia produto, e dá resposta ao aumento da procura neste segmento.Temos ainda outras medidas como os benefícios fiscais para os Residentes Não Habituais, que atraem investimento estrangeiro, mas não esquecendo as características do país, o facto de ser um dos mais seguros do mundo, a sua excelente localização, o clima e a hospitalidade típica dos portugueses, são também fatores que levam os compradores internacionais a investir aqui. É um país com um grande potencial, um dos principais destinos turísticos da Europa, com um clima ameno e que providencia uma ótima qualidade de vida. Acredito que o país vai continuar a ser um destino privilegiado pelos investidores, tanto estrangeiros como nacionais, já que há ainda várias zonas do país onde se pode potencializar o imobiliário de qualidade, com primazia a habitações mais isoladas.
«As novas regras para os Vistos Gold começaram já a trazer investimento fora da linha de costa»
Quantos private office advisors tem a E&V a operar em Portugal e no resto do mundo?
A Engel & Völkers Private Office foi criada para dar resposta a necessidades específicas de clientes com carteiras imobiliárias de alto valor e, muitas vezes, multimercado. Os Private Office Advisors fornecem o nível de especialização e discrição que essa base de clientes exige. O seu objetivo é ganhar confiança e construir uma relação que vá muito além de uma única transação. O número de consultores globais que fazem parte da Private Office (PO) supera os 180, sendo em Portugal representados por uma pessoa em Lisboa que centraliza os serviços do PO.
Em 2021, a Engel & Völkers fechou 90% mais negócios no segmento de imóveis de topo com preços superiores a dez milhões de euros, em comparação com o ano anterior. Quais as perspetivas para 2022?
O início do ano está a ser muito positivo em número de transações e também em valor. Estamos muito otimistas com o crescimento para 2022 e pensamos que será ainda melhor que o nosso ano recorde de 2021. No caso concreto de Portugal, as transações desses valores são muito ocasionais.
Portugal representa uma fatia importante desse volume de negócios?
No que respeita à distribuição geográfica, o maior crescimento de receitas vem dos EUA, que geraram 544 milhões de euros em comissões, com Espanha, Portugal e Andorra a registar um aumento de 77% nas receitas e Itália a subir 55%. É importante destacar o crescimento que está a ter Portugal com 168 milhões de euros em volume de intermediação de imóveis premium, que fizeram de 2021 o melhor ano de sempre para a Engel & Völkers Portugal. O volume de intermediação global em 2021 pela multinacional alemã aqui subiu 61,3% face a 2020 e o valor global das transações subiu 75%, com o preço médio das propriedades transacionadas a ultrapassar os 510 mil euros, mais 8,6% do que no ano anterior. A Engel & Völkers acredita muito no potencial do mercado português e tem vindo a investir significativamente na formação dos consultores, no desenvolvimento tecnológico e no crescimento da rede de franchisados nas zonas premium do país.
Qual as principais zonas de Portugal onde há mais oferta de imóveis por parte da E&V e quais as mais procuradas por investidores, quer nacionais, quer estrangeiros?
A nossa oferta está diretamente alinhada com a nossa estratégia de crescimento em Portugal. A nossa primeira aposta no país foi na região de Lisboa e no Algarve, concentrando a nossa presença nas zonas onde havia uma maior procura internacional que reconhece a nossa marca. Daí termos uma presença tão forte na região do Algarve, com oito agências; na região de Lisboa-Cascais-Estoril e, mais recentemente, com um crescimento exponencial nos últimos cinco a seis anos, na Comporta e Porto.As novidades são: a costa a norte de Lisboa, onde há grande aumento da procura por portugueses e clientes do norte da Europa, que são seduzidos por um clima ameno e com sol, mas não tão quente, por ser uma zona mais calma e onde o valor do investimento é menor.Igualmente em Braga, onde a forte cultura empreendedora, através de programas startups, rede de PME e a aposta por parte de grandes empresas estrangeiras torna-se uma mais-valia para o negócio imobiliário. Braga também é interessante para empresas estrangeiras devido à sua localização favorável no norte de Portugal. Do ponto de vista do imobiliário, os preços dos imóveis são comparativamente baixos e a procura, por imóveis de alta qualidade para fins residenciais e turísticos, está a aumentar.Quanto à procura, as nacionalidades que têm comprado mantêm-se sensivelmente as mesmas e, dependendo das zonas, com maior ou menor peso: portugueses, franceses, belgas, alemães, suíços, ingleses, chineses, ao que se juntaram ultimamente os norte-americanos com um aumento de procura.
Que propósitos movem os compradores na hora de aquisição de imóveis no país?
Portugal é um país com grande potencial, um dos principais destinos turísticos da Europa, com um clima ameno e que oferece uma excelente qualidade de vida. O país vai continuar a ser um destino privilegiado para os investidores, tanto estrangeiros como nacionais, já que há ainda várias zonas do país onde se pode potencializar o imobiliário de luxo, com maior primazia a habitações mais isoladas, ou ainda zonas em grande desenvolvimento como a Comporta ou por desenvolver, como a Costa Oeste que continua a atrair os investidores.
«Portugal é um país com grande potencial, um dos principais destinos turísticos da Europa»
A pandemia não abalou o mercado do imobiliário de luxo. Parece que nem mesmo a guerra da Ucrânia o está a fazer. Como se justifica isto?
A pandemia trouxe dificuldades, como em quase todos os setores. No início travou a tendência de subida nas transações de compra e venda no mercado de luxo, o que, em consequência, criou um maior dinamismo no mercado de arrendamento. Numa segunda etapa, deu origem a novas oportunidades, uma vez que os critérios de procura dos nossos clientes nacionais e estrangeiros passaram a ser principalmente fora dos centros urbanos e com espaço exterior.Agora a situação de guerra também traz alterações ao mercado imobiliário onde negócios ficaram estagnados e há restrições de compra específicas, mas no geral não travou as transações. Por outro lado, aumentou os arrendamentos onde temos neste momento falta de produto para a oferta.Em resumo, o segmento premium mostrou ter uma forte resiliência e capacidade de se adaptar e responder aos novos desafios. Acreditamos que os investidores vão continuar a apostar em Portugal e a comprová-lo estão os preços dos imóveis que não registaram grandes quebras durante a pandemia, ao contrário de outras zonas da Europa. O facto de o setor da construção nunca ter parado e de existirem grandes projetos imobiliários em curso, que chegam agora ao mercado, abre novas oportunidades à nossa oferta.
No caso específico de Portugal, o que torna o país tão atrativo para os investidores estrangeiros?
Os Vistos Gold foram, até ao fim de 2021, um incentivo importante que permitiu aos investidores ter várias vantagens e que potenciou uma maior valorização das propriedades. As novas regras dos Vistos Gold vieram limitar o investimento residencial, mas abriram novas oportunidades na área comercial, onde o investimento já começou a crescer. As novas regras para os Vistos Gold começaram já a trazer investimento fora da linha de costa, como era intenção do Governo, e vai trazer crescimento nas zonas do interior. Por outro lado, o aumento do built-to-rent em Lisboa e no Porto traz animação ao arrendamento, onde antes não havia produto, e dá resposta ao aumento da procura neste segmento.Temos ainda outras medidas como os benefícios fiscais para os Residentes Não Habituais, que atraem investimento estrangeiro, mas não esquecendo as características do país, o facto de ser um dos mais seguros do mundo, a sua excelente localização, o clima e a hospitalidade típica dos portugueses, são também fatores que levam os compradores internacionais a investir aqui. É um país com um grande potencial, um dos principais destinos turísticos da Europa, com um clima ameno e que providencia uma ótima qualidade de vida. Acredito que o país vai continuar a ser um destino privilegiado pelos investidores, tanto estrangeiros como nacionais, já que há ainda várias zonas do país onde se pode potencializar o imobiliário de qualidade, com primazia a habitações mais isoladas.
«As novas regras para os Vistos Gold começaram já a trazer investimento fora da linha de costa»
Quantos private office advisors tem a E&V a operar em Portugal e no resto do mundo?
A Engel & Völkers Private Office foi criada para dar resposta a necessidades específicas de clientes com carteiras imobiliárias de alto valor e, muitas vezes, multimercado. Os Private Office Advisors fornecem o nível de especialização e discrição que essa base de clientes exige. O seu objetivo é ganhar confiança e construir uma relação que vá muito além de uma única transação. O número de consultores globais que fazem parte da Private Office (PO) supera os 180, sendo em Portugal representados por uma pessoa em Lisboa que centraliza os serviços do PO.
Em 2021, a Engel & Völkers fechou 90% mais negócios no segmento de imóveis de topo com preços superiores a dez milhões de euros, em comparação com o ano anterior. Quais as perspetivas para 2022?
O início do ano está a ser muito positivo em número de transações e também em valor. Estamos muito otimistas com o crescimento para 2022 e pensamos que será ainda melhor que o nosso ano recorde de 2021. No caso concreto de Portugal, as transações desses valores são muito ocasionais.
Portugal representa uma fatia importante desse volume de negócios?
No que respeita à distribuição geográfica, o maior crescimento de receitas vem dos EUA, que geraram 544 milhões de euros em comissões, com Espanha, Portugal e Andorra a registar um aumento de 77% nas receitas e Itália a subir 55%. É importante destacar o crescimento que está a ter Portugal com 168 milhões de euros em volume de intermediação de imóveis premium, que fizeram de 2021 o melhor ano de sempre para a Engel & Völkers Portugal. O volume de intermediação global em 2021 pela multinacional alemã aqui subiu 61,3% face a 2020 e o valor global das transações subiu 75%, com o preço médio das propriedades transacionadas a ultrapassar os 510 mil euros, mais 8,6% do que no ano anterior. A Engel & Völkers acredita muito no potencial do mercado português e tem vindo a investir significativamente na formação dos consultores, no desenvolvimento tecnológico e no crescimento da rede de franchisados nas zonas premium do país.