Intitula-se como parte do Douro e é o Douro que define
a sua forma de viver e de trabalhar. Pois é do Douro para o mundo que Cristiano
van Zeller produz vinhos fortes e consagrados, de excelente qualidade. Faz
parte da 14.ª geração da família (teve início em 1620), cuja história se inicia
com a produção e venda de Vinhos do Porto. Em 1981, iniciou a sua atividade
profissional, na área dos vinhos, na Quinta do Noval (a propriedade pertencia à
família desde 1813); assumiu cargos de direção na Associação de Exportadores de
Vinho do Porto; presidiu a Mesa da Assembleia Geral da Federação Renovação
Douro; passou pela Quinta do Crasto e pela Quinta do Vallado; até que,
finalmente, criou o seu próprio projeto, juntamente com a sua esposa, Joana, ao
adquirir a Quinta Vale D. Maria. Em 1997, criou, com o espanhol Javier Hidalgo,
o primeiro xerez da história de uma única vinha, o Pastrana Manzanilla
Pasada. E não é que ele já ajudou a criar tantos outros projetos? Tornou-se
membro fundador da Confraria do Vinho do Porto (1982) e do grupo Douro Boys. Em
2006, recebeu do primo João, como presente de Natal, a Van Zellers & Co. (fundada
em 1780), empresa esta à qual se dedicou integralmente em 2021 e de onde
Cristiano pretende recuperar o legado e a experiência de mais de 400 anos de
história, pois daqui resultam vinhos criados «pela mão do Homem, pelo Tempo e
pela Natureza».
Cristiano van Zeller
«Cada vinho da Van Zellers & Co. conta uma história»
A família van Zeller é a família mais antiga
no que toca à produção de Vinho do Porto. Como se passa o conhecimento e
sabedoria entre gerações?
De uma forma natural, pelo simples facto de toda a nossa vida ter sido sempre em função do Douro e dos seus vinhos. Fazer sempre melhor e nunca desistir é um slogan gasto, mas se for levado a sério é quanto basta para dar sentido a toda uma vida. Acho que foi isso que passei para a geração seguinte.
A Van Zellers & Co regressa com uma nova identidade de marca. Que caminho querem trilhar?
A Van Zellers & Co vê uma nova luz com a 14.ª e 15.ª geração. Em 2020, ano em que celebramos os 400 anos da nossa família, no comércio do Vinho do Porto, relançámos a Van Zellers & Co, com uma nova imagem, uma nova filosofia e uma nova gama de vinhos. O respeito pelo Douro, pelo seu património, diversidade, expressão, tradição e pessoas é o que nos mantém no setor do vinho. Para nós, o Vinho do Porto pode ser expresso em três categorias diferentes – vinhos que são determinados fundamentalmente pela mão do Homem, pelo Tempo ou pela Natureza. Estes três fatores são responsáveis pela criação de uma grande diversidade nos diferentes estilos, desde os sabores, texturas até à complexidade do Vinho do Porto. São o nosso saber e conhecimento, o tempo ou a magia da natureza, que transformam o Vinho do Porto em algo único em cada engarrafamento e em cada ano. Focamo-nos na qualidade de cada um dos nossos engarrafamentos e temos quantidades muito limitadas de cada vinho. No caso dos vinhos produzidos pela Natureza, que são os CV CurriculumVitae Douro Branco e Tinto, e o Van Zellers & Co Porto Vintage e LBV, estes são de pequenas quantidades, pois vêm de vinhas muito especiais e de pequenas parcelas, e é a Natureza que define a quantidade e perfil a cada ano.
Os vinhos feitos pela mão do Homem, ou seja, os blends, têm quantidades limitadas para garantirmos a qualidade ao longo do tempo e termos os vinhos distribuídos com os parceiros indicados para estes vinhos, como é o caso do Van Zellers & Co10, 20, 30, 40 e, mais recentemente, 50 anos. Por exemplo, do nosso Porto 10 anos, engarrafamos até 6000 garrafas por ano. Do nosso Porto 50 Anos só iremos engarrafar até 150 garrafas por ano, para todo o mundo. Depois, temos os nossos Portos Colheita dos quais, e dependendo da colheita, no máximo, engarrafamos 18 garrafas por ano, e todos, e cada garrafa, só mediante encomenda.
Cada vinho da Van Zellers & Co. conta uma história e, por isso, temos projetos de colaborações com outras marcas, com os quais pretendemos contar uma história, como é o caso do Van Zellers & Co Vintage Porto 2020 Ocean Aged, o primeiro Vinho do Porto Vintage a envelhecer debaixo de água.
Exportamos atualmente para 21 países e temos nos mercados dos Estados Unidos e no mercado nacional os nossos maiores clientes. Pretendemos ser cada ano mais distintivos, e cada novo vinho que lançarmos, ou projeto em que estejamos envolvidos, será percorrido com o mesmo entusiasmo, como se fosse o primeiro e o único.
De que forma é que se reinventam, de cada vez que surge mais um néctar para criar?
Cada vinho que produzimos, fazemo-lo porque a história nos marcou, porque acreditamos ter uma mensagem positiva a passar, ou porque vamos inovar e reinventar o vinho de alguma forma. A criatividade aliada à tradição é o que nos alimenta, e o que nos move são as pessoas que cada projeto envolve.
Temos uma equipa de fornecedores, com os quais trabalhamos consistentemente e que nos garantem uma excelente entrega de produtos de qualidade. Por isso, a criatividade pode ganhar asas, quando a qualidade de base está garantida. Tudo começa, naturalmente, na vinha e no trabalho de vinhas próprias, mas também nos viticultores com os quais trabalhamos há muitas gerações. Depois, a escolha das barricas, que passa por uma excelente relação com os fornecedores, que vêm provar a evolução do vinho em cada barrica. A cada ano melhoramos as nossas escolhas. As garrafas, rolhas, rótulos, todos os materiais essenciais para a boa evolução do vinho e preservação da sua imagem, são também criteriosamente escolhidos. Imagem, esta, que é desenvolvida desde o início pela equipa da Rivotti Design. Os fotógrafos de produto, as equipas de filmagem são nossos parceiros e aliados na construção da nossa marca e tornam-se amigos ao longo do tempo.
Para lançar em breve, temos uma coleção de vinhos muito raros e especiais, que demoraram uma vida a colecionar. Estou a falar do Van Zellers & Co The Rare Port Collection XIX, que terá três Vinhos do Porto Tawny muito antigos, de três colheitas diferentes. O ano de cada colheita é um mistério para o consumidor, e é através de histórias que conseguimos dar indicação da sua idade. Aqui, envolvemos fornecedores de altíssima qualidade no desenvolvimento de peças únicas. Todas as garrafas são feitas a sopro nas Caldas da Rainha, do mesmo modo que eram produzidas no século XIX; um decanter especialmente desenhado pela Atlantis vem em cada conjunto, e ainda três peças de prata criadas pela Ourivesaria Leitão & Irmão. Serão criadas apenas 75 caixas que e já temos procura no Reino Unido, Finlândia, França e Estados Unidos para estas peças únicas.
Consideram os vossos vinhos únicos e originais. O que transmitem eles de tão único?
Os nossos vinhos contam a história de uma família, de uma região e, ainda, de cada vinha em particular. As vinhas velhas do Douro têm uma multitude de castas e uma diversidade tão grande de localizações e formas de plantação que são únicas entre si. Eu sempre optei por trabalhar com vinhas velhas, são retratos históricos da região, e a diversidade de castas aporta uma complexidade aos vinhos que dificilmente se encontra noutras regiões do mundo. A experiência de mais de 40 anos a fazer vinhos no Douro deu-me ainda a capacidade de conseguir escolher e identificar as vinhas velhas mais adequadas para a produção dos nossos vinhos. Foi assim que nasceu o vinho CV Curriculum Vitae Douro tinto. Uma vinha, agora com cerca de 90 anos, que comprei em 2003. Tem cerca de 35 castas, está localizada num lugar de difícil acesso, quase selvagem, ao longo do Rio Torto. Aqui nasce aquele que viria a tornar-se num dos mais bem classificados vinhos tintos a nível internacional. Conseguiu a pontuação mais alta, 98 pontos, pela revista Robert Parker. E agora, no final de 2023, recebemos a notificação de que a principal revista de língua alemã, a Vinum, elegeu o CV Curriculum Vitae Douro tinto 2019 como um dos melhores 100 vinhos do ano, e um dos 10 melhores de Espanha e Portugal.
A complexidade vem das vinhas velhas e a elegância e grande capacidade de evolução vem do trabalho de enologia que fazemos, de forma muito minuciosa e detalhada. Para além da vindima manual e da escolha das uvas no tapete de seleção, à entrada da adega, as nossas uvas tintas são todas pisadas a pé em lagares de granito.
Esta forma de fermentar os vinhos confere-lhes uma sedosa elegância, conseguida pela harmonia entre os taninos, que dão estrutura; pela acidez, que dá frescura e longevidade; e pela pureza da fruta e aromas presentes em cada casta. É um trabalho exigente, mas que marca a diferença em cada vinho tinto e Vinho do Porto.
Os nossos vinhos brancos nascem de vinhas velhas, cada vez mais raras na região para as uvas brancas, e que dão origem a vinhos naturalmente complexos e frescos. A escolha das barricas para a fermentação e envelhecimento tem vindo a ser aprimorada ao longo destes quase 20 anos em que nos dedicamos a, também, fazer vinhos brancos.
Os nossos Vinhos do Porto distinguem-se pela atenção que é dada a cada lote. Mantemos os engarrafamentos no mínimo, o que significa que estamos permanentemente a fazer lotes e a dedicarmo-nos às nossas pipas onde o Vinho do Porto envelhece. Isto confere aos nossos Vinhos do Porto Tawny muito caráter e distinção.
Voltando ao tema das vinhas velhas, a Van Zellers & Co. explora cerca de 15 ha de vinhas velhas na região do Douro, algumas com mais de 80 anos. Em 2023, somos a primeira empresa portuguesa a tornarmo-nos membros do Old Vine Conference, que incentiva à preservação de vinhas velhas através da partilha de estudos e conhecimentos. Conscientes da nossa responsabilidade para com o ambiente e acreditando que só este caminho levará à produção de vinhos de alta qualidade cada vez mais diferenciados, temos vindo a estudar e a aplicar uma série de práticas amigas do ambiente, garantindo assim a sua sustentabilidade.
Assim, como objetivos principais e fundamentais, temos o melhoramento dos solos nas suas vertentes física, química e biológica; o combate à erosão e aumento da capacidade de retenção e armazenamento de água nos solos; e o aumento da biodiversidade no ecossistema. Procurando estudar a razão de práticas ancestrais à luz dos conhecimentos atuais, tentamos reproduzir algumas dessas técnicas mantendo os princípios, mas atualizando as formas de as praticar. Por exemplo, nas vinhas da Van Zellers & Co utilizamos cavalos para fazer as cavas e descavas, fazemos correções orgânicas ou de acidez dos solos, como forma de combater as infestantes, e reintroduzimos as redras, para evitar perdas de água do solo por evaporação direta, potenciando, desta forma, o seu aproveitamento pelas videiras.
«Os nossos vinhos contam a história de uma família, de uma região e, ainda, de cada vinha em particular»
De uma forma natural, pelo simples facto de toda a nossa vida ter sido sempre em função do Douro e dos seus vinhos. Fazer sempre melhor e nunca desistir é um slogan gasto, mas se for levado a sério é quanto basta para dar sentido a toda uma vida. Acho que foi isso que passei para a geração seguinte.
A Van Zellers & Co regressa com uma nova identidade de marca. Que caminho querem trilhar?
A Van Zellers & Co vê uma nova luz com a 14.ª e 15.ª geração. Em 2020, ano em que celebramos os 400 anos da nossa família, no comércio do Vinho do Porto, relançámos a Van Zellers & Co, com uma nova imagem, uma nova filosofia e uma nova gama de vinhos. O respeito pelo Douro, pelo seu património, diversidade, expressão, tradição e pessoas é o que nos mantém no setor do vinho. Para nós, o Vinho do Porto pode ser expresso em três categorias diferentes – vinhos que são determinados fundamentalmente pela mão do Homem, pelo Tempo ou pela Natureza. Estes três fatores são responsáveis pela criação de uma grande diversidade nos diferentes estilos, desde os sabores, texturas até à complexidade do Vinho do Porto. São o nosso saber e conhecimento, o tempo ou a magia da natureza, que transformam o Vinho do Porto em algo único em cada engarrafamento e em cada ano. Focamo-nos na qualidade de cada um dos nossos engarrafamentos e temos quantidades muito limitadas de cada vinho. No caso dos vinhos produzidos pela Natureza, que são os CV CurriculumVitae Douro Branco e Tinto, e o Van Zellers & Co Porto Vintage e LBV, estes são de pequenas quantidades, pois vêm de vinhas muito especiais e de pequenas parcelas, e é a Natureza que define a quantidade e perfil a cada ano.
Os vinhos feitos pela mão do Homem, ou seja, os blends, têm quantidades limitadas para garantirmos a qualidade ao longo do tempo e termos os vinhos distribuídos com os parceiros indicados para estes vinhos, como é o caso do Van Zellers & Co10, 20, 30, 40 e, mais recentemente, 50 anos. Por exemplo, do nosso Porto 10 anos, engarrafamos até 6000 garrafas por ano. Do nosso Porto 50 Anos só iremos engarrafar até 150 garrafas por ano, para todo o mundo. Depois, temos os nossos Portos Colheita dos quais, e dependendo da colheita, no máximo, engarrafamos 18 garrafas por ano, e todos, e cada garrafa, só mediante encomenda.
Cada vinho da Van Zellers & Co. conta uma história e, por isso, temos projetos de colaborações com outras marcas, com os quais pretendemos contar uma história, como é o caso do Van Zellers & Co Vintage Porto 2020 Ocean Aged, o primeiro Vinho do Porto Vintage a envelhecer debaixo de água.
Exportamos atualmente para 21 países e temos nos mercados dos Estados Unidos e no mercado nacional os nossos maiores clientes. Pretendemos ser cada ano mais distintivos, e cada novo vinho que lançarmos, ou projeto em que estejamos envolvidos, será percorrido com o mesmo entusiasmo, como se fosse o primeiro e o único.
De que forma é que se reinventam, de cada vez que surge mais um néctar para criar?
Cada vinho que produzimos, fazemo-lo porque a história nos marcou, porque acreditamos ter uma mensagem positiva a passar, ou porque vamos inovar e reinventar o vinho de alguma forma. A criatividade aliada à tradição é o que nos alimenta, e o que nos move são as pessoas que cada projeto envolve.
Temos uma equipa de fornecedores, com os quais trabalhamos consistentemente e que nos garantem uma excelente entrega de produtos de qualidade. Por isso, a criatividade pode ganhar asas, quando a qualidade de base está garantida. Tudo começa, naturalmente, na vinha e no trabalho de vinhas próprias, mas também nos viticultores com os quais trabalhamos há muitas gerações. Depois, a escolha das barricas, que passa por uma excelente relação com os fornecedores, que vêm provar a evolução do vinho em cada barrica. A cada ano melhoramos as nossas escolhas. As garrafas, rolhas, rótulos, todos os materiais essenciais para a boa evolução do vinho e preservação da sua imagem, são também criteriosamente escolhidos. Imagem, esta, que é desenvolvida desde o início pela equipa da Rivotti Design. Os fotógrafos de produto, as equipas de filmagem são nossos parceiros e aliados na construção da nossa marca e tornam-se amigos ao longo do tempo.
Para lançar em breve, temos uma coleção de vinhos muito raros e especiais, que demoraram uma vida a colecionar. Estou a falar do Van Zellers & Co The Rare Port Collection XIX, que terá três Vinhos do Porto Tawny muito antigos, de três colheitas diferentes. O ano de cada colheita é um mistério para o consumidor, e é através de histórias que conseguimos dar indicação da sua idade. Aqui, envolvemos fornecedores de altíssima qualidade no desenvolvimento de peças únicas. Todas as garrafas são feitas a sopro nas Caldas da Rainha, do mesmo modo que eram produzidas no século XIX; um decanter especialmente desenhado pela Atlantis vem em cada conjunto, e ainda três peças de prata criadas pela Ourivesaria Leitão & Irmão. Serão criadas apenas 75 caixas que e já temos procura no Reino Unido, Finlândia, França e Estados Unidos para estas peças únicas.
Consideram os vossos vinhos únicos e originais. O que transmitem eles de tão único?
Os nossos vinhos contam a história de uma família, de uma região e, ainda, de cada vinha em particular. As vinhas velhas do Douro têm uma multitude de castas e uma diversidade tão grande de localizações e formas de plantação que são únicas entre si. Eu sempre optei por trabalhar com vinhas velhas, são retratos históricos da região, e a diversidade de castas aporta uma complexidade aos vinhos que dificilmente se encontra noutras regiões do mundo. A experiência de mais de 40 anos a fazer vinhos no Douro deu-me ainda a capacidade de conseguir escolher e identificar as vinhas velhas mais adequadas para a produção dos nossos vinhos. Foi assim que nasceu o vinho CV Curriculum Vitae Douro tinto. Uma vinha, agora com cerca de 90 anos, que comprei em 2003. Tem cerca de 35 castas, está localizada num lugar de difícil acesso, quase selvagem, ao longo do Rio Torto. Aqui nasce aquele que viria a tornar-se num dos mais bem classificados vinhos tintos a nível internacional. Conseguiu a pontuação mais alta, 98 pontos, pela revista Robert Parker. E agora, no final de 2023, recebemos a notificação de que a principal revista de língua alemã, a Vinum, elegeu o CV Curriculum Vitae Douro tinto 2019 como um dos melhores 100 vinhos do ano, e um dos 10 melhores de Espanha e Portugal.
A complexidade vem das vinhas velhas e a elegância e grande capacidade de evolução vem do trabalho de enologia que fazemos, de forma muito minuciosa e detalhada. Para além da vindima manual e da escolha das uvas no tapete de seleção, à entrada da adega, as nossas uvas tintas são todas pisadas a pé em lagares de granito.
Esta forma de fermentar os vinhos confere-lhes uma sedosa elegância, conseguida pela harmonia entre os taninos, que dão estrutura; pela acidez, que dá frescura e longevidade; e pela pureza da fruta e aromas presentes em cada casta. É um trabalho exigente, mas que marca a diferença em cada vinho tinto e Vinho do Porto.
Os nossos vinhos brancos nascem de vinhas velhas, cada vez mais raras na região para as uvas brancas, e que dão origem a vinhos naturalmente complexos e frescos. A escolha das barricas para a fermentação e envelhecimento tem vindo a ser aprimorada ao longo destes quase 20 anos em que nos dedicamos a, também, fazer vinhos brancos.
Os nossos Vinhos do Porto distinguem-se pela atenção que é dada a cada lote. Mantemos os engarrafamentos no mínimo, o que significa que estamos permanentemente a fazer lotes e a dedicarmo-nos às nossas pipas onde o Vinho do Porto envelhece. Isto confere aos nossos Vinhos do Porto Tawny muito caráter e distinção.
Voltando ao tema das vinhas velhas, a Van Zellers & Co. explora cerca de 15 ha de vinhas velhas na região do Douro, algumas com mais de 80 anos. Em 2023, somos a primeira empresa portuguesa a tornarmo-nos membros do Old Vine Conference, que incentiva à preservação de vinhas velhas através da partilha de estudos e conhecimentos. Conscientes da nossa responsabilidade para com o ambiente e acreditando que só este caminho levará à produção de vinhos de alta qualidade cada vez mais diferenciados, temos vindo a estudar e a aplicar uma série de práticas amigas do ambiente, garantindo assim a sua sustentabilidade.
Assim, como objetivos principais e fundamentais, temos o melhoramento dos solos nas suas vertentes física, química e biológica; o combate à erosão e aumento da capacidade de retenção e armazenamento de água nos solos; e o aumento da biodiversidade no ecossistema. Procurando estudar a razão de práticas ancestrais à luz dos conhecimentos atuais, tentamos reproduzir algumas dessas técnicas mantendo os princípios, mas atualizando as formas de as praticar. Por exemplo, nas vinhas da Van Zellers & Co utilizamos cavalos para fazer as cavas e descavas, fazemos correções orgânicas ou de acidez dos solos, como forma de combater as infestantes, e reintroduzimos as redras, para evitar perdas de água do solo por evaporação direta, potenciando, desta forma, o seu aproveitamento pelas videiras.
«Os nossos vinhos contam a história de uma família, de uma região e, ainda, de cada vinha em particular»
Fale-nos da experiência do lançamento do Vintage
2020 nas profundezas das águas de Sines.
A ideia de afundar o Van Zellers & Co Vintage Porto 2020 nasce, como nascem muitas grandes ideias, à volta de uma mesa com amigos. Foi este o caso, num jantar que a minha filha Francisca teve com o marido e o Cláudio Martins, que tinha partilhado a existência da Adega do Mar, gerida pelo Joaquim Parrinha, na marina de Sines. A Francisca ligou-me entusiasmada a dizer que gostaria de afundar umas garrafas de Vinho do Porto para perceber a evolução do vinho e chegámos rapidamente à conclusão de que o ideal seria fazê-lo com o Vintage Porto, pois é o vinho que melhor envelhece em garrafa e no qual iríamos notar maior diferença. Organizámos todo o processo, junto do IVDP e da Adega do Mar e, em dezembro de 2022, a Francisca fez o seu primeiro mergulho e desceu a 10 metros de profundidade com as garrafas. Para além da curiosidade de efetuar este projeto histórico e inovador no Vinho do Porto, tínhamos ainda o objetivo de comunicar uma mensagem que ganha cada vez maior relevância na atualidade, que é a do aumento dos níveis de poluição dos oceanos. A área geográfica de Portugal é composta em 97% por superfície marítima. A nossa evolução enquanto país e enquanto humanidade passa por percebermos melhor o mar e, ainda, pela preservação da biodiversidade marinha. Por isso, associámo-nos a uma empresa chamada Zouri Shoes, um projeto de impacto social que transforma resíduos de plástico recuperados das praias numa marca de calçado ecológica e vegan. A Zouri ficou responsável por desenhar a caixa. E, com a Cotesi, criámos um saco com redes recicladas, desenvolvendo assim o packaging 100% reciclado e ligado ao mar. O vinho foi vendido aos nossos distribuidores em pré-venda, num sistema de first-come-first-served. Vendemos todas as garrafas em dois dias e, mais houvesse, mais teríamos vendido. Estamos agora na reta final, pois as garrafas saíram da água no Dia Nacional do Mar, dia 16 de novembro. O IVDP já aprovou as amostras e estamos na fase de desenvolvimento de rotulagem. Temos tudo em armazém para expedir – se ainda tivermos sorte com fornecedores – na semana do Natal. O valor por garrafa ronda os 1000 euros (PVP). Este preço foi o que fez possível, também, apoiarmos um projeto educativo promovido pelo Oceanário de Lisboa, direcionado ao corpo de estudantes do Município de São João da Pesqueira, em que cerca de 700 alunos tiveram acesso a esta iniciativa. Foi um projeto muito completo, que juntou pessoas de diversas áreas, e sei que a minha filha Francisca tem particular orgulho nesta conquista. Foi, o que esperamos, a primeira de muitas colaborações com mensagens e histórias importantes a passar.
Quais os próximos vinhos velhos a serem engarrafados?
Vamos lançar, no início de 2024, o Van Zellers & Co XIX THE RARE PORT COLLECTION, um conjunto de três Vinhos do Porto Very Old Tawny do século XIX, os quais nomeamos como Crafted by Liberty, Crafted by Family e Crafted by Poetry que contam uma história sobre alguns dos valores que melhor representam a nossa marca – a Liberdade, a Família e a Poesia. É uma coleção que demorou uma vida a criar. Através das relações que fiz ao longo dos anos como produtor de Vinho do Porto e com os laços familiares que tenho na região com muitos produtores, consegui colecionar Vinhos do Porto muito, muito antigos, que se encontram num estado absolutamente fabuloso para serem apreciados agora. Este conjunto é uma peça de colecionador para entusiastas de vinho, de histórias e da vida!
Neste momento, são a 14.ª e 15.ª geração no comando. Como imagina este projeto daqui a 50 anos?
Esta deve ser a pergunta mais difícil de responder. Tenho a sorte de ver a 15.ª geração a começar a assumir as rédeas da empresa e a dar-lhe um cunho moderno e atual, com o qual – e a vida dando, a todos, pelo menos o tempo e as enormes e inesquecíveis amizades, colaborações, partilha de conhecimento que eu tive a «fortuna» de usufruir e de poder fazer parte – a empresa só pode continuar a florescer e a solidificar-se como uma referência de qualidade na mais antiga Região Demarcada do Mundo.
Complete: um projeto familiar só tem sucesso se...
Os objetivos comuns se mantiverem e se a família mantiver entre si laços e sentimentos verdadeiros onde cabe frontalidade e transparência. É claro que, subjacente a tudo isto, o projeto tem de ser sustentável e permitir uma vida confortável para todos aqueles que nela trabalham.
A ideia de afundar o Van Zellers & Co Vintage Porto 2020 nasce, como nascem muitas grandes ideias, à volta de uma mesa com amigos. Foi este o caso, num jantar que a minha filha Francisca teve com o marido e o Cláudio Martins, que tinha partilhado a existência da Adega do Mar, gerida pelo Joaquim Parrinha, na marina de Sines. A Francisca ligou-me entusiasmada a dizer que gostaria de afundar umas garrafas de Vinho do Porto para perceber a evolução do vinho e chegámos rapidamente à conclusão de que o ideal seria fazê-lo com o Vintage Porto, pois é o vinho que melhor envelhece em garrafa e no qual iríamos notar maior diferença. Organizámos todo o processo, junto do IVDP e da Adega do Mar e, em dezembro de 2022, a Francisca fez o seu primeiro mergulho e desceu a 10 metros de profundidade com as garrafas. Para além da curiosidade de efetuar este projeto histórico e inovador no Vinho do Porto, tínhamos ainda o objetivo de comunicar uma mensagem que ganha cada vez maior relevância na atualidade, que é a do aumento dos níveis de poluição dos oceanos. A área geográfica de Portugal é composta em 97% por superfície marítima. A nossa evolução enquanto país e enquanto humanidade passa por percebermos melhor o mar e, ainda, pela preservação da biodiversidade marinha. Por isso, associámo-nos a uma empresa chamada Zouri Shoes, um projeto de impacto social que transforma resíduos de plástico recuperados das praias numa marca de calçado ecológica e vegan. A Zouri ficou responsável por desenhar a caixa. E, com a Cotesi, criámos um saco com redes recicladas, desenvolvendo assim o packaging 100% reciclado e ligado ao mar. O vinho foi vendido aos nossos distribuidores em pré-venda, num sistema de first-come-first-served. Vendemos todas as garrafas em dois dias e, mais houvesse, mais teríamos vendido. Estamos agora na reta final, pois as garrafas saíram da água no Dia Nacional do Mar, dia 16 de novembro. O IVDP já aprovou as amostras e estamos na fase de desenvolvimento de rotulagem. Temos tudo em armazém para expedir – se ainda tivermos sorte com fornecedores – na semana do Natal. O valor por garrafa ronda os 1000 euros (PVP). Este preço foi o que fez possível, também, apoiarmos um projeto educativo promovido pelo Oceanário de Lisboa, direcionado ao corpo de estudantes do Município de São João da Pesqueira, em que cerca de 700 alunos tiveram acesso a esta iniciativa. Foi um projeto muito completo, que juntou pessoas de diversas áreas, e sei que a minha filha Francisca tem particular orgulho nesta conquista. Foi, o que esperamos, a primeira de muitas colaborações com mensagens e histórias importantes a passar.
Quais os próximos vinhos velhos a serem engarrafados?
Vamos lançar, no início de 2024, o Van Zellers & Co XIX THE RARE PORT COLLECTION, um conjunto de três Vinhos do Porto Very Old Tawny do século XIX, os quais nomeamos como Crafted by Liberty, Crafted by Family e Crafted by Poetry que contam uma história sobre alguns dos valores que melhor representam a nossa marca – a Liberdade, a Família e a Poesia. É uma coleção que demorou uma vida a criar. Através das relações que fiz ao longo dos anos como produtor de Vinho do Porto e com os laços familiares que tenho na região com muitos produtores, consegui colecionar Vinhos do Porto muito, muito antigos, que se encontram num estado absolutamente fabuloso para serem apreciados agora. Este conjunto é uma peça de colecionador para entusiastas de vinho, de histórias e da vida!
Neste momento, são a 14.ª e 15.ª geração no comando. Como imagina este projeto daqui a 50 anos?
Esta deve ser a pergunta mais difícil de responder. Tenho a sorte de ver a 15.ª geração a começar a assumir as rédeas da empresa e a dar-lhe um cunho moderno e atual, com o qual – e a vida dando, a todos, pelo menos o tempo e as enormes e inesquecíveis amizades, colaborações, partilha de conhecimento que eu tive a «fortuna» de usufruir e de poder fazer parte – a empresa só pode continuar a florescer e a solidificar-se como uma referência de qualidade na mais antiga Região Demarcada do Mundo.
Complete: um projeto familiar só tem sucesso se...
Os objetivos comuns se mantiverem e se a família mantiver entre si laços e sentimentos verdadeiros onde cabe frontalidade e transparência. É claro que, subjacente a tudo isto, o projeto tem de ser sustentável e permitir uma vida confortável para todos aqueles que nela trabalham.