Qual é
a atividade desta casa?
A atividade desta
casa começou com o Turismo de Habitação. O meu pai deu-me a casa em 1980.
Recuperei-a entre 1980 e 1986. Depois começaram a chegar os primeiros hóspedes.
O primeiro hóspede infelizmente faleceu em 2018. Foi o Primeiro-ministro da
Holanda, Ruud Lubers. Um grande amigo. Mantivemos relações, ele veio
cá várias vezes, eu fui lá várias vezes. Hoje, grande parte dos nossos hóspedes
é oriunda da Holanda.
Oriundos da
Holanda por várias razões, certo?
Sim. Vi-me envolvido
em projetos de cooperação internacional em que a Holanda também entrou. Quando
recuperei a casa também fundei a TURIHAB, que hoje tem 120 casas a nível
nacional, e cuja sede é em Ponte de Lima. Trata-se de casas antigas, casas
solarengas. É uma associação que defende o ambiente, o património e a
sustentabilidade. O turismo é a grande ajuda e, ao mesmo tempo, também
desenvolvemos os produtos da casa. Temos as hortas, a vinha, os castanheiros,
os animais, e até o cantinho da lavanda (risos).
As frutas transformam-se em compotas, que é o que oferecemos aos turistas; os
vegetais transformam-se nos acompanhamentos da comida que servimos e o vinho é
para celebrar. Desenvolvemos a nossa microeconomia para que ela
crie autossustentabilidade e produtos bio, que hoje toda a gente
procura.
O Paço de
Calheiros produz vinho apenas para consumo próprio?
Neste momento
ainda não vendemos para o exterior. É fabrico para consumo próprio. Temos dois
tipos de vinho da casta Loureiro: o Quinta do Paço Calheiros e o Conde de Calheiros. O meu pai fundou a
adega cooperativa de Ponte e Lima, por isso, mandávamos as uvas para a adega.
De há seis anos a esta parte é que o meu filho se lembrou de produzirmos vinho.
É um vinho com sucesso. Damos a conhecer o vinho verde aos nossos turistas.
Há também um
‘amigo’ muito especial que recebe o turista... falamos do Leão, cão cá de
casa.
Os cães cá em
casa sempre se chamaram Leão. Não sei se foi por esta forma atávica de querer
ter um Leão. No tempo do meu pai criavam-se cães de caça. Depois, na nossa
geração, vieram cães Serra da Estrela.
Depois, veio o Labrador. Esse Labrador ainda é vivo e, agora que veio
este, que foi uma oferta do Dom Duarte – de quem sou amigo –, houve um
problema. Chamamos-lhe de Leão. O meu filho até disse: «pai, não se
pode chamar de Leão porque quando se chamar pelo cão eles não vão perceber por
qual se está a chamar e vêm os dois». Digo-lhe: «ó Francisco, o menino chama-se
Francisco, e o seu pai também se chama Francisco, e não é por isso que a gente
não sabe quem chama por nós» (risos).
Então tivemos de os distinguir. Como este foi dado pelo Dom Duarte então passou-se
a chamar-se Rei Leão. Assim temos o Leão e o Rei Leão.