Ao longo da sua carreira, assumiu vários papéis, entre os quais se destacam o de secretário de Estado do Tesouro e das Finanças; a presidência da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e a presidência do Comité Executivo da Organização Internacional das Comissões de Valores. Fernando Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças, no mandato de José Sócrates, foi o impulsionador do pedido de financiamento português em 2011, numa altura em que a dívida soberana excedia todos os limites. Esteve na presidência do EuroBic, lecionou Economia e, hoje, procura ter uma vida mais calma, agora que se aposentou. Espera que daqui a 20 anos seja possível «reduzir, de forma significativa, os níveis de pobreza e desigualdade ainda existentes, quer a nível nacional, quer a nível mundial».
Se lhe fosse possível eleger, quais seriam os momentos que mais marcaram o país e o mundo nestes últimos 20 anos?
Embora tenham já decorrido 22 anos, destaco, em primeiro lugar, a adoção do Euro como o momento mais marcante. Esta adoção ‘selou’ a nossa adesão ao projeto da União Europeia e tem implicações muito importantes no tipo de políticas que o país deve adotar para o seu desenvolvimento. O segundo momento, diria antes, período, foram os anos da crise entre 2009 e 2013. O país empobreceu e foram impostos grandes sacrifícios aos portugueses para que Portugal pudesse recuperar alguns equilíbrios fundamentais na sua economia. Destaco o equilíbrio externo que se tem mantido nos últimos oito anos, e destaco este facto porque, se olharmos para os séculos XIX, XX e XXI, esta é a primeira vez que tal equilíbrio é mantido durante tanto tempo. Ainda a nível nacional, gostaria de destacar a eleição, em 2016, de António Guterres para secretário-geral das Nações Unidas. Um sinal de prestígio de um português que a todos nos engrandece e sinal do respeito que Portugal granjeia no mundo. A nível mundial, destaco o ataque às Torres Gémeas em Nova Iorque, que nos deu consciência de que vivemos num mundo em que o terrorismo é uma ameaça à segurança de todos. Destaco, também, a pandemia que temos vivido e que revela bem o quão frágeis somos e a necessidade de um mundo mais solidário e cooperante.
Profissionalmente, qual foi o momento mais decisivo para si nestas duas décadas?
O período em que fui ministro de Estado e das Finanças. O desafio de redução do défice orçamental excessivo que o país apresentava em 2005, assente em medidas estruturais, o que foi alcançado em 2007, ano em que o país teve o mais baixo défice desde 1974. Depois, os desafios colocados pela crise financeira global (2008-2009) e pela crise da dívida soberana (2010-2011).
Qual seria, no seu entender, a grande mudança que o país e o mundo precisariam operar nos próximos 20 anos?
Reduzir de forma significativa os níveis de pobreza e desigualdade ainda existentes, quer a nível nacional, quer a nível mundial.