A História faz-se de histórias e essa é a especialidade de Joel Cleto. Filho do Porto, é arqueólogo, historiador, professor e divulgador do património português. Uma cara conhecida do grande ecrã, uma voz respeitada nas ruas que calcorreia. Uma delícia para quem o quiser ouvir, e ele tem sempre segredos para contar. Com os anos, foi passando o seu conhecimento para os livros, duas mãos cheias de tanto, alguns já traduzidos para inglês, espanhol e italiano. O mesmo aconteceu com as nomeações e os prémios que, sendo muitos, serão sempre menos do que aqueles que certamente merece. A História vive enquanto viver na boca de Joel Cleto.
Se lhe fosse possível eleger, quais seriam os momentos que mais marcaram o país e o mundo nestes últimos 20 anos?
A História ensina-nos que nem sempre aqueles que são os grandes acontecimentos mediáticos e «do momento» acabam por ser os mais estruturantes. Por exemplo: quantas relevantes descobertas científicas, com tremendas implicações, acabaram por passar despercebidas no seu tempo? Ainda assim, acabo por indicar aqueles que terão sido, provavelmente, os dois momentos mais mediáticos destas duas décadas: o ataque às Torres Gémeas em Nova Iorque a 11 de setembro, pelo que simbolicamente anunciaram em relação a um novo cenário de tensões mundiais e a profundas transformações geoestratégicas e de uma «nova ordem mundial» que se vem alicerçando. Outro acontecimento marcante é, bem mais próximo, a pandemia de COVID-19. Não pela doença em si. Mas esta pandemia veio, contudo, demonstrar uma importante realidade: a importância e premência de uma efetiva colaboração mundial ao nível científico. Se quisermos chegar a Marte e ir para lá do sistema solar, não vai ser com soluções nacionais. E estas soluções de colaboração mundial tornam-se ainda mais evidentes quando falamos, por exemplo, da necessidade de enfrentar as alterações climáticas. Também elas têm sido cíclicas ao longo da História da Humanidade. Mas desta vez estão a ser aceleradas pelo Homem que, para as minimizar, terá de encontrar respostas globais. Como tão bem conseguiu com o combate à COVID-19.
Profissionalmente, qual foi o momento mais decisivo para si nestas duas décadas e qual o motivo de o destacar?
Pessoal e profissionalmente, estes últimos 20 anos foram marcados por grandes momentos. Como corolário de uma carreira enquanto técnico superior de História na função pública, onde atingi o topo, tive o imenso privilégio de chefiar a Divisão de Museus e Promoção Cultural de uma das mais dinâmicas autarquias na área cultural do nosso país: a de Matosinhos. Foi também neste período que me tornei docente do Ensino Superior. Mas terei de evidenciar, naturalmente, a circunstância de, desde há 15 anos, ter enveredado por uma fabulosa aventura e desafio profissional: a divulgação da História e do Património através da televisão, graças ao Porto Canal.
Qual seria, no seu entender, a mudança mais urgente que o país e o mundo precisariam operar nos próximos 20 anos?
Temos grandes desafios pela frente. Estamos, enquanto Humanidade, a um passo de atingir outras estrelas e de, quem sabe, colonizar outros mundos. Mas estamos, também, a um passo de nos autodestruirmos. Penso que a mudança que se impõe é, afinal, prosseguir com aquilo que tornou a nossa espécie distintiva e capaz de nos ter trazido de um modo fabuloso até aqui. A seleção e afirmação da nossa espécie não se alicerçou, ao contrário de grande parte das outras, numa excessiva competitividade ou afirmação dos mais fortes. Foi antes a nossa apetência gregária, solidária e o espírito de interajuda. E são essas características que nos poderão levar a vencer as dificuldades que temos pela frente. No imediato, e nas próximas duas décadas, penso que para Portugal, e para o mundo, será fundamental, contrariando alguns sinais preocupantes dos últimos anos, alicerçar e fortalecer a União Europeia, como um espaço de Liberdade, de Direitos e de Progresso. Uma União que sirva de exemplo às restantes comunidades humanas e que, perseguindo os ideais dos «pais da Europa», não seja uma mera União Económica, mas sim uma União de Povos e Culturas, no respeito pelas especificidades identitárias e culturais de todos.
Se lhe fosse possível eleger, quais seriam os momentos que mais marcaram o país e o mundo nestes últimos 20 anos?
A História ensina-nos que nem sempre aqueles que são os grandes acontecimentos mediáticos e «do momento» acabam por ser os mais estruturantes. Por exemplo: quantas relevantes descobertas científicas, com tremendas implicações, acabaram por passar despercebidas no seu tempo? Ainda assim, acabo por indicar aqueles que terão sido, provavelmente, os dois momentos mais mediáticos destas duas décadas: o ataque às Torres Gémeas em Nova Iorque a 11 de setembro, pelo que simbolicamente anunciaram em relação a um novo cenário de tensões mundiais e a profundas transformações geoestratégicas e de uma «nova ordem mundial» que se vem alicerçando. Outro acontecimento marcante é, bem mais próximo, a pandemia de COVID-19. Não pela doença em si. Mas esta pandemia veio, contudo, demonstrar uma importante realidade: a importância e premência de uma efetiva colaboração mundial ao nível científico. Se quisermos chegar a Marte e ir para lá do sistema solar, não vai ser com soluções nacionais. E estas soluções de colaboração mundial tornam-se ainda mais evidentes quando falamos, por exemplo, da necessidade de enfrentar as alterações climáticas. Também elas têm sido cíclicas ao longo da História da Humanidade. Mas desta vez estão a ser aceleradas pelo Homem que, para as minimizar, terá de encontrar respostas globais. Como tão bem conseguiu com o combate à COVID-19.
Profissionalmente, qual foi o momento mais decisivo para si nestas duas décadas e qual o motivo de o destacar?
Pessoal e profissionalmente, estes últimos 20 anos foram marcados por grandes momentos. Como corolário de uma carreira enquanto técnico superior de História na função pública, onde atingi o topo, tive o imenso privilégio de chefiar a Divisão de Museus e Promoção Cultural de uma das mais dinâmicas autarquias na área cultural do nosso país: a de Matosinhos. Foi também neste período que me tornei docente do Ensino Superior. Mas terei de evidenciar, naturalmente, a circunstância de, desde há 15 anos, ter enveredado por uma fabulosa aventura e desafio profissional: a divulgação da História e do Património através da televisão, graças ao Porto Canal.
Qual seria, no seu entender, a mudança mais urgente que o país e o mundo precisariam operar nos próximos 20 anos?
Temos grandes desafios pela frente. Estamos, enquanto Humanidade, a um passo de atingir outras estrelas e de, quem sabe, colonizar outros mundos. Mas estamos, também, a um passo de nos autodestruirmos. Penso que a mudança que se impõe é, afinal, prosseguir com aquilo que tornou a nossa espécie distintiva e capaz de nos ter trazido de um modo fabuloso até aqui. A seleção e afirmação da nossa espécie não se alicerçou, ao contrário de grande parte das outras, numa excessiva competitividade ou afirmação dos mais fortes. Foi antes a nossa apetência gregária, solidária e o espírito de interajuda. E são essas características que nos poderão levar a vencer as dificuldades que temos pela frente. No imediato, e nas próximas duas décadas, penso que para Portugal, e para o mundo, será fundamental, contrariando alguns sinais preocupantes dos últimos anos, alicerçar e fortalecer a União Europeia, como um espaço de Liberdade, de Direitos e de Progresso. Uma União que sirva de exemplo às restantes comunidades humanas e que, perseguindo os ideais dos «pais da Europa», não seja uma mera União Económica, mas sim uma União de Povos e Culturas, no respeito pelas especificidades identitárias e culturais de todos.