De todos os cargos que já
exerceu qual foi o mais desafiante para si?
Penso que os cargos que exerci na
função pública, quer na Misericórdia de Lisboa, onde fui vice-provedora, quer
no Instituto Português de Oncologia - IPO de Lisboa, que nos ensina a ter as
corretas prioridades da vida, foram, do ponto de vista da realização, muito
importantes. A pasta da Saúde foi muito estimulante. Foram quatro anos de
dificuldades financeiras em que se introduziram grandes alterações na
organização. A da Igualdade também permitiu fazer um novo patamar da tensão
política, que até então era encarada com preconceito, do ponto de vista
político, económico e social. O cargo mais improvável e mais prestigiante foi
quando estive como presidente da Assembleia Mundial de Saúde.
Em 2011 foi eleita presidente
do Partido Socialista. Como foi estar a exercer esse cargo?
Foi uma grande honra, evidentemente.
Quando há mudanças é bom que mudem também os cargos dos dirigentes. Não sou
nada defensora de que as pessoas considerem que os lugares são seus. Nós
estamos nos lugares de passagem. Essa postura é fundamental para que possamos
estar bem no nosso desempenho e deixar de estar quando chega a altura.
Considera que o seu contributo,
enquanto presidente do PS, foi positivo?
Foi muito positivo! Desde logo pelo
facto de o PS, durante tanto tempo, ter lutado para ser um dos primeiros
partidos a integrar, nos seus órgãos internos, a questão da igualdade de
género. Foi o primeiro partido a apresentar uma proposta de Governo para a
participação das mulheres na vida política. Fui sempre um rosto do PS, quer
enquanto ministra para a Igualdade, quer como deputada. Cargo que o PS
considerava que deveria ser representado por uma mulher, que neste caso era eu.
«Eu não
vejo, a continuar por este caminho, que nós tenhamos qualquer futuro»