Paixão mecânica
Miguel Seabra
Luxo, Sustentabilidade e Seguros: Um Caminho Convergente
Ana Cristina Borges
MDS Portugal | ExecutiveDirector
Nos
últimos anos, o mercado de luxo tem testemunhado uma transformação profunda. A
experiência do luxo tem deixado de ser apenas material, passando a integrar a
consciência ecológica como um valor essencial. O luxo sustentável não se limita à mera ostentação;
evolui para refletir uma filosofia mais profunda, que combina a elegância
intemporal com a responsabilidade ambiental e social.
As marcas de luxo têm assim vindo a
integrar a sustentabilidade nos seus valores e práticas, não apenas para
responder às exigências regulatórias, como também às expectativas dos consumidores,
promovendo iniciativas como o Fashion Pact e o Responsible Jewellery Council. Ao
fazê-lo, reconhecem que, embora luxo e sustentabilidade possam parecer, à
primeira vista, opostos, na verdade partilham princípios fundamentais como
qualidade, inovação e um forte compromisso com a ética.
Incorporar
a sustentabilidade na estratégia de uma marca exige mais do que uma simples
adaptação. Exige autenticidade, transparência e um planeamento rigoroso e é
neste contexto que as seguradoras e os corretores de seguros assumem um papel
estratégico.
Além
de estarem comprometidos em desenvolver soluções de seguros e serviços
alinhados com os padrões ESG, promovendo práticas sustentáveis, as seguradoras
e os corretores de seguros compreendem as especificidades do mercado de luxo —
desde a complexidade das cadeias de fornecimento até aos desafios geopolíticos
e regulatórios. Desta forma, podem oferecer soluções personalizadas, ajustadas
às necessidades das marcas, desempenhando um papel fundamental na gestão,
prevenção e transferência de riscos.
À medida que as marcas de luxo adotam
materiais e processos inovadores e mais sustentáveis, surgem novos riscos, particularmente no desenvolvimento de produtos e
na gestão das cadeias de fornecimento, mais suscetíveis a instabilidades de
mercado e escassez de recursos. Esses desafios podem ser eficazmente mitigados através de apólices
específicas, como seguros de responsabilidade civil do produtor ou de
interrupção do fornecimento, garantindo a estabilidade das operações.
Num contexto regulatório cada vez mais
rigoroso em relação às práticas ESG,
os seguros desempenham também um papel fundamental na gestão de riscos ligados
à governação corporativa, proteção de dados, reputação e cibersegurança— áreas essenciais num mercado
onde a confiança e a privacidade dos clientes são fundamentais. Seguros
como os de responsabilidade civil dos gestores (D&O) e de cibersegurança
que, além das coberturas por danos, incluem coberturas como a gestão de crises
e custos com relações públicas, respondem a estas preocupações e protegem tanto
o património como a imagem das marcas.
Além
disso, a indústria seguradora incentiva práticas sustentáveis, oferecendo,
sempre que possível, condições mais favoráveis a empresas que adotem medidas de
gestão de risco ambiental. Este
compromisso não só resulta numa redução dos custos com seguros, como também
confere às marcas uma vantagem competitiva num mercado cada vez mais atento à
sustentabilidade.
Sem
dúvida que, hoje, sendo a sustentabilidade um pilar fundamental do mercado de
luxo, os seguros, além da sua função de proteção, assumem um papel crucial na
gestão de riscos ambientais, ajudando as marcas a alinhar os seus valores com
as expectativas de um crescimento sustentável.