Alfredo Cunha
António Rebelo de Sousa
Economista e professor universitário
Professor, economista, político e irmão do Presidente da República. António Rebelo de Sousa é, antes de tudo, um homem com posições claras e vincadas. No seu testemunho faz questão de referir que acredita que o seu partido, o PS, vença as próximas eleições. E deixa uma nota pessoal sobre o futuro da Geringonça: os socialistas não deveriam repetir alianças com outros partidos. Além disso identifica os desafios económicos para o país e para o Mundo. E em exclusivo para a Villas&Golfe afirma, publicamente, o enorme orgulho que tem no irmão Marcelo Rebelo de Sousa.
Consegue identificar qual o maior desafio económico deste ano para o Mundo e para o país?
No decurso dos últimos anos, emergiram teses ‘revisionistas’ ou populistas radicais que pretendem o regresso a políticas ultraprotecionistas e que se apresentam tolerantes em relação à afirmação de poderes autocráticos. O desafio será entre a internacionalização dos ideais democráticos ou o regresso à fase nacionalista/autoritária dos anos 30 do século passado. Ao nível do nosso país, o principal desafio será o de se conseguir conciliar a opção europeia com a adoção de medidas tendentes à expansão do rendimento disponível das famílias e com a indispensabilidade de se realizarem as reformas estruturais de que carecemos.
Como pensa que vão decorrer as ‘negociações’ para o Orçamento de Estado, do próximo ano?
Julgo que serão feitas algumas concessões ao BE e ao PCP no domínio do que se convencionou designar de ‘direitos sociais de curto prazo’, o que irá permitir a aprovação do Orçamento de Estado. Mas problemas como a reforma da Segurança Social, a importância estratégica do Mar para a economia portuguesa, a necessidade de se começar a inverter as atuais tendências demográficas do país não serão, provavelmente, levados em linha de conta.
«O mais importante é dar o melhor de si próprio em cada aula que leciona»
Crê que os portugueses vão dar um voto de confiança a esta solução governativa?
Que eu saiba, até ao presente, nunca deram. Nas últimas eleições legislativas, ninguém explicou, de uma forma clara, que se pretendia pôr à votação dos portugueses essa solução. Julgo, isso sim, que o meu Partido, o PS, irá ganhar as eleições e entendo que não deveria repetir a experiência. Melhor dizendo, considero não ser conciliável com a social-democracia e o socialismo democrático privilegiar alianças com forças antidemocráticas, como é o caso dos partidos marxistas-leninistas.
É professor e merece grande estima dos seus alunos. A arte de ensinar, nos dias de hoje, é mais fácil ou mais difícil do que quando começou a dar aulas?
É diferente. Hoje, o professor dispõe de mais meios. Os interesses e as mentalidades são diferentes. O mais importante é dar o melhor de si próprio em cada aula que leciona, transmitindo não apenas conhecimentos como também valores que possam servir de orientação aos alunos no percurso que pretendam concretizar no futuro.
Sobre a atuação do seu irmão, diria que, à parte do laço familiar que os une, ele tem sabido ser o Presidente de todos os portugueses?
Aquando da sua eleição assumi o compromisso de não me pronunciar sobre a sua prestação como Presidente enquanto exercesse as funções para que foi eleito. Mas, para a Villas&Golfe, abro uma exceção, só para dizer que tenho muito orgulho nele, pela forma superior como tem vindo a exercer o seu mandato.