Mundo livre e justo
José Manuel Fernandes
A inteligência artificial ao serviço da pessoa
José Manuel Fernandes
Da Conceção «Atlântica» de Democracia à Conceção «Continental»
António Rebelo de Sousa
Economista
Um bom amigo, meu ex-aluno na Universidade Nova de Lisboa – hoje em dia, conhecido professor catedrático da Universidade Católica de Lisboa –, de nome João Carlos Espada, publicou recentemente uma obra intitulada Liberdade como Tradição, na qual procura comparar a conceção «Atlântica» de democracia à conceção «Continental».
O autor distingue uma conceção flexível e gradualista, em que a evolução se processa por tentativas-correções, de uma outra que considera de raiz pretensamente científica, tendencialmente dogmatizante e uniformizadora.
A primeira teria tido que ver, essencialmente, com a Revolução Inglesa de 1688 (e, portanto, com a institucionalização da monarquia parlamentar) e com a Declaração de Independência dos EUA, em 1776; enquanto que a segunda estaria, de alguma forma mais ligada à Revolução Francesa de 1789 e à Revolução Bolchevique de 1917.
Havendo algum exagero na consideração de que o «racional» subjacente à Revolução Francesa influenciou de forma determinante o «racional» que serviu de suporte à Revolução Bolchevique, embora algumas interpretações do pensamento de Rousseau e alguns desenvolvimentos teóricos de uma corrente republicana ligada a certos enciclopedistas conduzissem a construções dogmáticas que justificavam, até certo ponto, a total hegemonia do interesse coletivo em relação ao interesse individual, considero as contribuições teóricas de João Carlos Espada muito interessantes.
O seu principal contributo está na ideia – compartilhada pelos bernsteinianos, como eu – de que o essencial na construção democrática está no movimento (por tentativas-correções) e, por conseguinte, na opção reformista e não tanto no objetivo de construção de uma sociedade terminal perfeita.
Como, também, está na consideração de que existem limites ao ímpeto reformador que têm que ver com a não ultrapassagem de princípios básicos que caracterizam o que o autor designa de «gentlemanship», princípios esses muito bem definidos por Burke, conforme citação de João Carlos Espada que passo a transcrever: «Ser ensinado a respeitar-se a si próprio; ser ensinado a desprezar o perigo no cumprimento da honra e do dever; possuir as virtudes da diligência, ordem, constância e regularidade e ter cultivado uma atenção habitual à justiça comutativa: estas são as circunstâncias dos homens que formam aquilo a que eu chamaria de aristocracia natural, sem a qual uma Nação não pode existir».
Daí que eu seja dos que, em muitos aspetos, manifestam concordância com a conceção «Atlântica» de democracia.
Nem mais, nem menos…
O autor distingue uma conceção flexível e gradualista, em que a evolução se processa por tentativas-correções, de uma outra que considera de raiz pretensamente científica, tendencialmente dogmatizante e uniformizadora.
A primeira teria tido que ver, essencialmente, com a Revolução Inglesa de 1688 (e, portanto, com a institucionalização da monarquia parlamentar) e com a Declaração de Independência dos EUA, em 1776; enquanto que a segunda estaria, de alguma forma mais ligada à Revolução Francesa de 1789 e à Revolução Bolchevique de 1917.
Havendo algum exagero na consideração de que o «racional» subjacente à Revolução Francesa influenciou de forma determinante o «racional» que serviu de suporte à Revolução Bolchevique, embora algumas interpretações do pensamento de Rousseau e alguns desenvolvimentos teóricos de uma corrente republicana ligada a certos enciclopedistas conduzissem a construções dogmáticas que justificavam, até certo ponto, a total hegemonia do interesse coletivo em relação ao interesse individual, considero as contribuições teóricas de João Carlos Espada muito interessantes.
O seu principal contributo está na ideia – compartilhada pelos bernsteinianos, como eu – de que o essencial na construção democrática está no movimento (por tentativas-correções) e, por conseguinte, na opção reformista e não tanto no objetivo de construção de uma sociedade terminal perfeita.
Como, também, está na consideração de que existem limites ao ímpeto reformador que têm que ver com a não ultrapassagem de princípios básicos que caracterizam o que o autor designa de «gentlemanship», princípios esses muito bem definidos por Burke, conforme citação de João Carlos Espada que passo a transcrever: «Ser ensinado a respeitar-se a si próprio; ser ensinado a desprezar o perigo no cumprimento da honra e do dever; possuir as virtudes da diligência, ordem, constância e regularidade e ter cultivado uma atenção habitual à justiça comutativa: estas são as circunstâncias dos homens que formam aquilo a que eu chamaria de aristocracia natural, sem a qual uma Nação não pode existir».
Daí que eu seja dos que, em muitos aspetos, manifestam concordância com a conceção «Atlântica» de democracia.
Nem mais, nem menos…