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Da mulher portuguesa

António Rebelo de Sousa

Economista

António Rebelo de Sousa
Se analisarmos a evolução registada em Portugal, podemos, desde logo, relembrar que só depois de 1974 as mulheres puderam votar e ser eleitas de forma universal e livre. Lembro-me, todavia – e por mera curiosidade – de que, quando fui Parlamentar da EFTA, em 1977/78, conheci a primeira mulher suíça eleita deputada, a qual viria, aliás, a ser eleita Presidente dos Parlamentares da EFTA.
Mas, regressando a Portugal, (...) em 1976, foi abolido o direito de o marido abrir a correspondência da mulher e, em 1978, a mulher casada deixou de ter estatuto de dependência do marido, desaparecendo, também, a figura de Chefe de Família e passando a residência a ser decisão de ambos os cônjuges.
Importa, ainda, assinalar que, em diversos domínios, como na mortalidade materna e na mortalidade infantil, ocorreram grandes progressos no nosso país, entre 1975 e 2014, o mesmo acontecendo com a taxa de analfabetismo, para os homens e para as mulheres, entre 1970 e 2011.
Por outro lado, não deixa de ser curioso constatar que a população feminina conhece uma maior assimetria, no que se refere aos graus de instrução, do que a masculina. Assim, se, em cada 100 pessoas sem nenhuma escolaridade, 71 são mulheres e 29 são homens, em cada 100 pessoas com ensino superior, 61 são mulheres e 39 são homens.
Contudo, existem problemas com a adaptação das mulheres ao segmento de tecnologias de informação e comunicação, sendo, ainda, de salientar que as mulheres portuguesas não conseguiram, até ao presente, superar o problema do emprego a tempo parcial (e, mais especificamente, o do emprego parcial involuntário). (...)
Haverá muitos outros aspetos atinentes à desigualdade de género que poderíamos mencionar, desde as diferenças de remuneração média entre os homens e as mulheres, à taxa de risco de pobreza, à participação das mulheres em lugares de chefia e aos casos de violência de género. Mas, a título de curiosidade, irei falar na endogamia no casamento. Em 2012, visitei a Brown University, nos EUA, tendo reunido com o Professor Putterman, o qual estava, na oportunidade, a estudar a endogamia no casamento nesse país. O Professor Putterman desafiou-me, na altura, a elaborar um estudo idêntico em Portugal. E, em boa verdade, volvidos dois anos, (...) elaborei com o meu amigo Professor Doutor António Quintino um estudo sobre a endogamia em Portugal.
O sobredito estudo permitiu concluir que existe endogamia no casamento em Portugal, i.e., mais de 50% dos casamentos realizam-se entre pessoas do mesmo nível de rendimentos e de grau de instrução. Por outras palavras, mais de 50% das pessoas casadas pertencem, quando casam, ao mesmo meio sociocultural e uma percentagem razoável dos casais pertence a segmentos sociais afins ou adjacentes.
Curiosamente, quando um homem tem uma posição liderante no casal (em termos de rendimento ou de grau de instrução), a mulher tende a aproximar-se do seu estatuto ao fim de dez anos. Mas, quando a mulher lidera o casal, verifica-se um aumento significativo de divórcios, no prazo de dez anos.
Por outras palavras, os homens experimentam uma certa dificuldade em aceitar a liderança das mulheres, o que poderá ser explicado a partir de fatores de natureza cultural e psicológica.
Por outras palavras ainda, os homens têm muito a aprender com as mulheres.
Nem mais, nem menos…
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