José Ribau Esteves
João Nicolau de Almeida
José Carlos Nunes de Oliveira
Arquiteto e fundador da NOARQ
De todas as atividades que desenvolveu e desenvolve, é a arquitetura a sua paixão (e a sua «penitência»). Deve a sua permanência na arquitetura a Siza Vieira, com quem trabalha regularmente. Nasceu no Norte do país e foi no Porto que, pela sua vontade desmedida de «querer fazer melhor», fundou, em 2001, a NOARQ, um atelier de arquitetura, um lugar para «refletir, desenhar e construir». O trabalho de José Carlos Nunes de Oliveira tem sido amplamente divulgado na imprensa portuguesa e internacional. Em 2017 lançou uma monografia.
Arquiteto, designer, professor, empresário… o que mais fascina José Carlos de Oliveira?
Arquiteto! A deformação, a atividade, o pensamento como arquiteto julgo que é o que me distingue. Todas as demais atividades são decorrentes do que me torna diferenciado. As obras são o meu habitat. Por patológico que possa parecer, a arquitetura é a minha paixão e a minha penitência. Fascina-me a beleza. Como dizia Santo Agostinho «a beleza é o esplendor da verdade». Só a atividade de arquiteto me permite procurá-la com regra e com compromisso.
O facto de ter trabalhado com arquitetos como Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura é motivo de orgulho para si? Que ensinamentos trouxe dessas experiências?
Trabalhar com Siza (com Souto Moura circunstancialmente) foi/é um privilégio. Creio que ainda hoje devo a minha permanência na arquitetura ao Arq. Siza. Num período crítico da minha vida, só o melhor me parecia satisfatório. Tive a sorte de encontrar nestas personagens o respeito pela cultura, a medida de cada coisa, a honestidade da análise, a recusa do artifício, a persistente busca do rigor e da verdade, a dignidade das coisas simples; de resto é essa contenção do desenho, o rigor e a síntese que mais me atrai em cada um dos dois.
«Quem me conhece, conhece as minhas opções. Não admito falhar por falta de empenho, meu ou da equipa. Para isso experimentamos muito»
O que o levou a criar a NOARQ?
Não tive nenhuma epifania! Apenas um desejo tão vulgar como «querer fazer melhor». Era jovem e presunçoso! O nome do atelier é tão banal quanto as minhas iniciais. Não há qualquer interesse na ideia de empresa mas sim num lugar para a minha vontade de refletir, desenhar e construir.
O que distingue a NOARQ dos demais ateliers no modo de fazer arquitetura?
Distingue-se? Não sei! É excelente pressentir (a insinuação de) distinção. Porque distinto é um termo que me interessa. Porque então estou mais perto de ter concretizado a vontade desmedida de «querer fazer melhor». Quem me conhece, conhece as minhas opções. Não admito falhar por falta de empenho, meu ou da equipa. Para isso experimentamos muito. Enfim… não seremos propriamente alternativos, mas nunca somos indistintos.
Que novos desafios se avizinham?
Creio que enfrentamos uma fase de crescimento e em simultâneo a necessidade de consolidação da (id)entidade NOARQ. Julgo que estamos no momento de estabilizar procedimentos, pela maior experiência das pessoas, sermos mais efetivos. Produzir mais com menos esforço. De dar melhores condições aos colaboradores, às pessoas que partilham quase tudo comigo, que cuidam do meu trabalho como seu.