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A igualdade e o longo caminho a percorrer

José Manuel Fernandes

Eurodeputado, professor e político português

José Manuel Fernandes
O dia 8 de março é um marco que assinalamos para que nos lembremos dos progressos que já somamos, mas para que não nos esqueçamos do caminho que ainda há a fazer. Em 1906, a Finlândia foi o primeiro país europeu a reconhecer às mulheres o direito ao voto. Em Portugal, a luta pelo sufrágio universal iniciou-se em 1931. Primeiro, só as mulheres licenciadas e chefes de família poderiam votar. Depois, em 1968, foi alargado o direito ao voto a todos os que sabiam ler e escrever – infelizmente, a maior parte das mulheres não era escolarizada. Só depois do 25 de Abril é que o direito ao voto passou a ser universal.
Nas primeiras eleições autárquicas de 1976, foram eleitas 5 mulheres presidentes de câmara. Hoje, quase 50 anos depois, há apenas 29 mulheres presidentes. Graças às quotas impostas por lei, temos um aumento da sua representação, ainda que insuficiente, na Assembleia da República e nos executivos municipais. A nível europeu, temos bons exemplos – basta olhar para os cargos principais todos liderados por mulheres: a Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola; a Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen e a Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde.
Hoje, as mulheres estão em maioria no ensino superior, aumentaram a sua presença nos cargos de chefia e participam cada vez mais em desportos que há bem pouco tempo eram apenas «destinados aos homens». No entanto, há ainda um caminho longo a percorrer.
As mulheres são a maioria da população, são mais escolarizadas e representam metade da força de trabalho, mas, na UE, ganham – em média – menos 16% do que os homens, têm pensões inferiores (cerca de 43,2%) e uma taxa de desemprego mais elevada. Em casa, são as mulheres que fazem mais de 75% das tarefas domésticas. Para além disso, as mulheres estão mais longe dos cargos de poder: apenas 7,5 % dos presidentes dos conselhos de administração e 7,7 % dos diretores executivos são mulheres. A violência doméstica é mais elevada entre mulheres. Só no ano passado, a violência doméstica vitimou 17 mulheres e 2 meninas. São números que chocam, em pleno século XXI, num país evoluído.
Temos vindo a progredir de forma clara, mas o caminho ainda é longo. Temos mulheres no topo em todas as áreas: na ciência e inovação, no empreendedorismo, no ensino, na saúde. Temos as condições para eliminar definitivamente as desigualdades de tratamento entre homens e mulheres. A realidade impõe que sejamos rápidos a concretizar esta mudança e que legislemos bem e de forma assertiva. Mas, mais do que legislar, a realidade exige uma mudança cultural e coletiva das mentalidades.
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