Kalú Ferreira
Licínio Prata Pina
Luísa Rosas
Designer de joias e CEO da Luísa Rosas
Herdou uma forte herança da arte da joalharia, embora nos confesse que o legado lhe foi transmitido de forma leve e natural. Luísa Rosas é sócia-gerente da David Rosas, mas é também designer de joias e CEO da Luísa Rosas. Arquiteta de formação base, Luísa fez uma pós-graduação em Design de Joias, duas áreas que, segundo ela, fazem parte do mesmo mundo. As suas criações estão presentes em Portugal, mas também além-fronteiras. Ainda que a designer recuse uma massificação da marca, pretende crescer através de uma escolha criteriosa dos pontos de venda.
O que sente por ter herdado um enorme legado da arte da joalharia?
Sinto um enorme orgulho e uma responsabilidade muito grande, mas a verdade é que ela me foi passada de uma forma leve e natural e nunca como uma imposição. Por essa razão, e por me terem passado desde pequena o conhecimento na área, não vivo a pensar nesse legado como um peso, mas sim como um privilégio. Os meus pais passaram-nos a responsabilidade, a mim e ao meu irmão, depois de se assegurarem que nos tinham dado os meios.
Onde é que a arquitetura e o design de joias se cruzaram?
Têm muito mais semelhanças do que diferenças. A linha de raciocínio é a mesma no processo criativo e na relação da forma com a função. É certo que os pontos de partida e chegada são diferentes, mas o processo é parecido, pelo menos no meu caso. A evolução faz-se desenho sobre desenho, protótipo sobre protótipo nos dois mundos, sempre na procura da forma que responda às variáveis – funcionalidade, estética, proporção, ergonomia – que pretendemos. E em ambos temos de saber trabalhar com as limitações técnicas da execução.
Nas joias que cria há uma evidente inspiração na natureza. Essa inspiração é inesgotável? Renova-se, como a própria natureza?
Espero que a minha inspiração seja inesgotável, a natureza é seguramente. No entanto, não é algo que me preocupe. Preocupa-me mais o excesso de criatividade do que o contrário, porque a dificuldade está na síntese.
«Preocupa-me mais o excesso de criatividade do que o contrário, porque a dificuldade está na síntese»
É também CEO da empresa Luísa Rosas. É fácil conciliar criatividade com negócios?
A conciliação não é fácil. Cada empresa tem muitas variáveis e o processo criativo requer tempo, silêncio e concentração o que escasseia cada vez mais. À medida que as empresas vão fazendo o seu caminho eu vou-me reorganizando de forma a proteger este espaço.
As suas joias estão presentes em Portugal, mas também nos EUA, na Suíça e no Dubai. Qual será o próximo passo da empresa Luísa Rosas?
Não tenho uma visão massificadora para a marca Luísa Rosas, não se enquadra no ADN, e é dessa forma que a temos conduzido, pensando bem nos passos futuros e medindo as consequências. A escolha dos pontos de venda é crucial para o desenvolvimento da marca e estamos muito contentes com o percurso que foi feito. A médio prazo, um dos objetivos é crescermos em determinados países no mercado europeu.