O Algarve: De Refúgio de Luxo a Destino de Filmagens
Vanda Everke
Luxo, Sustentabilidade e Seguros: Um Caminho Convergente
Ana Cristina Borges
Paixão mecânica
Miguel Seabra
Editor da Espiral do Tempo e Membro da Academia do GrandPrix d’Horlogerie de Genève
A associação
entre o universo relojoeiro e o mundo automóvel é não só histórica como natural:
existe uma partilha de valores comuns, como a mecânica, a estética e o prestígio.
Compreende-se facilmente essa atração pelas mais belas máquinas automóveis e
pelos mais belos instrumentos do tempo. Afinal de contas, existe uma área
mecânica comum entre os dois setores e costuma dizer-se que os carros e os
relógios são as duas «joias» do homem socialmente aceites. São também veículos
perfeitos para a ostentação do seu status
quo…
Embora o
automóvel seja o exemplo mais óbvio de um produto de engenharia mecânica, um
relógio dotado de um mecanismo tradicional pode ser considerado a mais perfeita
máquina jamais produzida pelo homem: é a única capaz de trabalhar 24 horas por
dia durante décadas a fio e com um grau de precisão quase absoluto. O fascínio
pela mecânica constitui precisamente a base emocional para a multiplicação de
associações entre as mais prestigiadas empresas de relógios e de automóveis.
As origens
do automóvel situam-se nos fins do século XIX, numa altura em que a arte da
relojoaria ostentava já alguns séculos de maturidade. Tornou-se óbvio o recurso
a reconhecidas manufaturas relojoeiras para a conceção de instrumentação de
bordo de viaturas da primeira metade do século XX e essa ligação tem-se mantido
latente ou sempre evidente, através de parcerias e patrocínios. Porque entre o
automóvel e o relógio existem mais afinidades do que as existentes entre os
ponteiros do mostrador e do velocímetro: são ambos produtos de engenharia
mecânica de elevado nível, produtos dotados de um coração mecânico, objetos de
culto que suscitam fortes emoções.
Claro que
quanto mais relevante for a manufatura relojoeira e a escuderia
automóvel, mais original e técnico será o produto dessa união. Como sucede com
a Richard Mille e a Ferrari, a IWC e a Mercedes ou a TAG Heuer e a Porsche. E
embora nalguns casos essa interdisciplinaridade seja mais bem conseguida do que
noutros, o êxito é bem revelador do fascínio exercido por máquinas do tempo e
de velocidade – afinal de contas, relógios e automóveis são os brinquedos
preferidos do homem…