Pedro Pinto
Pedro António Costa
Paulo Amorim
Administrador Exetutivo da casa de Vinho do Porto Christie’s
«Não há bom vinho sem boa uva», diz Paulo Amorim. Nem há boas uvas, sem gente que se dedique completamente a elas, acrescentamos nós. O empresário, que foi recentemente agraciado pelo Governo francês com a Comenda de Chevalier dans l`Ordre du Mérite Agricole, é uma dessas pessoas. Está no setor há 37 anos. ‘Apaixonado’ pela atividade que considera ser ‘sexy’, fez questão de percorrer, de montante a jusante, todas as áreas que tocam o vinho: a produção, a comercialização, a exportação, a importação, a distribuição, bem como as valências institucionais. O vinho é a sua vida.
Como é que entrou no mundo dos vinhos?
Após terminar o curso, eu vivia com dois grandes amigos num apartamento no Porto e fazíamos uma vida muito animada, festeira e noturna. Por isso levantava-me sempre tarde e falhava as entrevistas de emprego que um deles me arranjava (preocupado com o meu futuro, pois achava que, pelo andar da carruagem, eu nunca iria trabalhar na vida). Por alguma razão acabei por ir à entrevista naquela empresa de Vinho do Porto e fiquei entusiasmado com o ambiente. Propuseram-me começar a viajar pelo Mundo logo na semana seguinte e ofereceram ainda um salário que eu não esperava. Curiosamente, ao lado da empresa estava um edifício outrora pertencente ao meu bisavô materno, João de Pinho e Costa. Tinha sido um dos donos da Valente & Costa, uma das mais importantes empresas de Vinho do Porto. Ou seja, acabei por ir parar ao mundo dos vinhos, em parte, por acaso e, em parte, porque existia em mim um fascínio antigo por esse setor, estava-me nos genes.
«Foi a primeira vez no país que concorrentes do mesmo setor de atividade económica trabalharam juntos»
O que o faz continuar a estar tão ligado a esta área?
A máxima de J. F. Kennedy: «Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, mas o que tu podes fazer pelo teu país». Nesse sentido, fundei um grupo chamado G7 – Grupo dos Sete. Existe o G7, o grupo dos países mais ricos do mundo (agora G8), e nós éramos as sete maiores empresas de vinhos de Portugal. Foi a primeira vez no país que concorrentes do mesmo setor de atividade económica trabalharam juntos, foi um exemplo não só para o setor do vinho, mas também para outros setores em que hoje em dia, felizmente, existem muitos grupos de trabalho em equipa. Fundei ainda, com outros colegas, a Viniportugal, que promove os vinhos portugueses a nível mundial, porque Portugal nunca tinha tido, até então, um plano de marketing global de internacionalização para o setor.
Sendo um profundo conhecedor do universo das uvas, pode ajudar-nos a perceber em que pé está Portugal comparado com o resto do Mundo?
Os vinhos portugueses estão hoje no ‘top of mind’ de muitos especialistas e compradores internacionais, falta-nos agora dar o passo seguinte e transformar esse ‘good-will’ de carinho em mais vendas, maior valor acrescentado e ganhar um lugar firme na distribuição, missão extremamente difícil e que exige grande profissionalismo. Os produtores portugueses têm de conseguir colocar de lado aquilo que os desune, concentrando-se naquilo que os une e o espírito de entreajuda nesta empreitada de conquista da distribuição internacional é fundamental. Eu vejo isto como uma autoestrada. Ou seja, estamos a trabalhar de uma forma positiva, mas ainda existem países que estão a trabalhar melhor do que nós.