Pedro Pinto
Pedro António Costa
Paulo Morais
Presidente da Associação Frente Cívica
A sua imagem pública é, essencialmente, dominada pela denúncia da corrupção. Uma causa que decidiu assumir de forma determinada e frontal. Sendo hoje presidente da Associação Frente Cívica, cargo que ocupou depois da vice-presidência da organização Transparência e Integridade. Foi também vice-presidente da Câmara Municipal do Porto e em 2016 candidatou-se à Presidência da República, numa vida de causas que tem acumulado com a docência universitária. Não admira, por isso, que as respostas lhe saiam diretas e, quando necessário, contundentes. Está habituado a batalhas.
O que o levou a começar a sua atividade na política?
Iniciei a minha intervenção pública, muito novo, no movimento associativo estudantil e também na atividade partidária. Porque, há já trinta anos, sentia que Portugal dispunha de um enorme potencial físico e humano, mas os portugueses, apesar disso, viviam, na generalidade, mal. A matéria-prima disponível é excelente, mas o produto final (desenvolvimento e qualidade de vida) é dececionante. Porque falha a organização e falha a política. E, como entendi que poderia ajudar a melhorar um pouco a sociedade em que vivemos, decidi intervir, desde então.
Sente que a denúncia da corrupção é ouvida tanto pela sociedade civil como pelos organismos do poder?
A corrupção é hoje um fenómeno dominante da vida pública nacional. A sociedade civil já se apercebeu do dano que o fenómeno provoca, em termos de depreciação da qualidade de vida. Os efeitos no atraso no desenvolvimento são também patentes. Por outro lado, os organismos do poder reagem defensivamente à denúncia da corrupção: um poder promíscuo com os negócios é parte ativa, ou pelo menos cúmplice, da corrupção que se generalizou.
Têm sido noticiados bastantes casos de corrupção. Parece-lhe que isso se deve a um real aumento deste tipo de crime ou a uma investigação mais eficiente?
A corrupção não aumentou, mas sofisticou-se e capturou partes significativas do poder. A proliferação de notícias sobre o fenómeno derivam essencialmente duma alteração, para melhor, do funcionamento do Ministério Público que, de forma sistemática, agora persegue a corrupção.
«A corrupção não aumentou, mas sofisticou-se e capturou partes significativas do poder»
Pondera uma nova candidatura à Presidência da República?
Uma candidatura que se baseie no combate à corrupção, aos maus gastos públicos e ao combate feroz à pobreza que deles decorrem é uma necessidade, hoje maior do que nunca. Se entender, no momento adequado, que ninguém a personifica melhor do que eu, avançarei. Mas a decisão é, por ora, prematura.
Como avalia o desempenho de Marcelo Rebelo de Sousa nesse cargo?
O atual Presidente comenta tudo, assuntos importantes ou banais. O que faz com que os temas irrelevantes se tornem dominantes e, o que é mais grave, transforma os assuntos verdadeiramente essenciais em questões vulgares. Desta forma, anestesia a opinião pública e elimina o sentido crítico, tão necessário no espaço público nacional.