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A força da igualdade: homens e mulheres construindo um futuro melhor

Susana Coerver

Cofundadora da Kindology

Susana Coerver
A pergunta «ainda faz sentido falar sobre o papel da mulher?» causa-me profunda irritação. O género feminino representa mais de 50% do eleitorado em Portugal, participando mais ativamente no voto do que o sexo oposto, mas o futuro continua a ser desenhado, em grande parte, pelos homens. Não falando nas capas de jornais, falamos, por exemplo, da representação parlamentar que pouco passa dos 35%.
Longe de ser um antagonismo entre géneros, a busca pela igualdade de género é um desafio coletivo. Os homens são peças fundamentais neste processo, atuando como aliados na construção de um futuro mais justo e equitativo. Eu, para chegar onde cheguei, tive sempre homens acima de mim a fazerem-me crescer. A afirmação feminina não se faz contra os homens, mas incluindo-os na conversa. É crucial reconhecer os preconceitos inconscientes que permeiam a nossa sociedade, e é ao ignorá-los que perpetuamos as desigualdades. Um exemplo pessoal: na minha juventude, estudava à noite perto do Marquês de Pombal e morava na Parede. Não tinha carro, pelo que enfrentava longas caminhadas, comboios e metros até chegar a casa. Em 2000, o meu chefe João, na agência de publicidade onde trabalhava, decidiu que era hora de eu ter um carro da empresa. Faço este exercício de empatia e pergunto: «o que acham que senti quando recebi o carro?». Invariavelmente e normalmente, os meus amigos, ao ouvir esta história, disseram que a liberdade foi o que mais valorizei no carro. Mas a verdade é que a minha prioridade era a segurança. Já não precisava de temer durante a noite, nem de me preocupar com a minha roupa.
Ao longo da minha carreira, em publicidade e marketing, começou-se a falar, em modo crescente, do tema «propósito», quer na pessoa física, quer jurídica, e eu sempre tive o meu propósito claro: ajudar outras mulheres a crescer. Se a minha história e superação puderem auxiliar outras mulheres, então, tudo terá valido a pena. Acredito que mulheres que fazem mulheres crescer são mais bonitas, mais felizes e mais saudáveis. E a ciência corrobora essa afirmação, basta observar o meu coração (risos). Precisamos de mais mulheres nos debates, de uma visão mais humanizada do futuro. Todos sairemos a ganhar. Mas, para alcançar a igualdade de género, diversos fatores precisam de ser revistos e modificados: desconstrução de estereótipos ou exercícios de empatia e redução da segregação ocupacional, diferença salarial e violência doméstica. É importante que todos os setores da sociedade se mobilizem para eliminar os obstáculos que impedem as mulheres de alcançar o seu pleno potencial, mas, para isso, precisam de saber onde podem ajudar a mudar. Falo de participação ativa nas tarefas domésticas e cuidados com os filhos-homens a assumirem a responsabilidade igualitária no lar e no seio da família. A igualdade de género não é apenas um desejo das mulheres, mas sim um direito fundamental de todos os seres humanos. Homens e mulheres, juntos, podem construir um mundo mais justo e próspero para as futuras gerações.
O ano passado, no dia 8 de março, a minha irmã foi com o meu sobrinho de 3 meses assistir a uma palestra minha na Nova Sbe, onde, inclusivamente, amamentou durante a sessão. No outro dia, vi na praia, depois de sair da minha manhã de surf, duas miúdas exímias nos toques de bola. Fico feliz ao ver estes exemplos como representação de um mundo a avançar
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